Nelson Rocha comenta momento financeiro do Vasco

Quarta-feira, 30/10/2013 - 14:27
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O programa Só dá Vasco recebeu na noite desta terça-feira (29/10) o ex-vice-presidente de Finanças do Vasco, Nélson Rocha. Na oportunidade, o ex-dirigente falou sobre os seguintes temas:

>> Redemocratização do Vasco

"Passei 12 anos na oposição do clube. Fui expulso, ganhei o direito na justiça e o ex-presidente não me entregou o título outra vez. Tive um papel fundamental na vinda do Roberto para o MUV. Trouxemos o Roberto após aquele episódio que teve na Tribuna de Honra. Entendíamos que o Roberto era importante no projeto de rearrumar a casa do Vasco. Lembro de uma reunião onde discutimos, inclusive com a participação do Roberto, que ele ficaria apenas com a VP de Futebol. Entrei em 2009 a pedido do Olavo, do Roberto e do Mandarino para participar da VP de Finanças. Todo mundo sabe que o Roberto nos deu muitas alegrias como jogador, mas não tem nenhum formação de administrador. Ele tem um relacionamento muito amplo com os vascaínos. Ele é idolatrado por várias pessoas que hoje tem destaque na sociedade. O Roberto contribuiu com o que ele tinha de melhor. Ele abriu muitas portas. A principal conquista da administração, que hoje passa por muitos erros e até falta de comando, foi a redemocratização do Vasco. Nosso clube tem tradição e momentos históricos do ponto de vista do futebol e do ponto de vista política. Esse clube não poderia estar nas mãos de pessoas que não tinham o menor compromisso na história do clube. Falo isso no que diz respeito a respeitar as tradições do clube. O Vasco abriu espaço para negros, abriu espaço para consolidação das leis do trabalho. Um clube com essas características não podia se curvar a atitudes nefastas que foram tomadas. Eu fui um dos que brigou por essa redemocratização. O Roberto foi o porta-voz e o candidato capaz de iniciar esse processo. Várias gestões inibiram a formação de novas lideranças no clube. O Vasco envelheceu para fora e para dentro. Hoje tem gente nova participando da política do clube. Política se faz assim. Os jovens tem que participar da política do clube para no futuro assumirem".

>> Organização administrativa e financeira do clube

"Você falava a pouco sobre a questão do atual presidente ter se sentido um pouco 'Rainha da Inglaterra'. O Roberto cumpriu um papel preponderante no primeiro mandante: abrir portas. Uma certa vez o presidente do Supremo ficou tietando o Roberto. A gente tinha um grupo de trabalho e vinha fazendo um bom trabalho. A primeira entrevista grande mesmo que dei foi aqui no programa. Me lembro das minhas palavras. Eu falei que não existe nada de diferente de fazer gestão financeira. Tem que aumentar a receita e diminuir gastos. O problema é que se deixou uma herança maldita. Quando você deixa uma dívida de 270 milhões, você não consegue pagar do dia para noite. O clube arrecada hoje 150 milhões. Quando nós pegamos era 52 milhões. Existe uma diferença grande. Mesmo com os 150 milhões de hoje, você não consegue pagar as dívidas, que foram contraídas de forma irresponsáveis durante anos. Quando chegamos em 2008, o Vasco tinha seis computadores. Não tinha documento, não tinha nada. Era uma baderna. Temos um problema concreto que é o de estimular as pessoas, que estavam desanimadas. A cultura do clube você não muda também do dia para a noite. A gente estava tentando fazer isso ao longo do tempo. Conseguimos isolar alguns departamentos e organizá-los. Me lembro que não existia sistema integrado no Vasco. Quando colocávamos o sistema, as pessoas não sabiam fazer ou tinham algum tipo de resistência. Tínhamos um problema financeiro e de organização do clube. Conseguimos organizar a situação financeira. Dividimos a dívida em três formas. Conseguimos negociar as dívidas trabalhistas. As pessoas fizeram o acordo, porém depois deixaram de pagar. Nós quando chegamos mostramos que tínhamos vontade de pagar. Apesar da decisão ter sido desfavorável para a gente, o TRT nos deu a chance de um novo caminho. Tinha muita dívida dessa época dos anos 2000. Nós perdemos o acordo com o TRT. Tivemos que entrar com o pedido novo no TRT alegando mudança de gestão e de filosofia. O presidente do TRT e os desembargados aceitaram o novo ato apesar da gestão anterior ter descumprindo o antigo. Eles perceberam que o clube estava indo no caminho certo. Tivemos um momento que precisamos demitir várias pessoas. Fizemos alguns acordos, porém três ainda ficaram correndo na justiça. A dívida trabalhista nos alongamos em oito anos. A partir dali começamos a migrar e buscar solução para a área cível. Em 2009 o clube viveu uma situação muito delicada. Fizemos algumas negociações alegando e reconhecendo as dívidas. Conseguimos ao longo do tempo avançar e fazer vários trabalhos. A última parte foi a fiscal, que também buscamos trabalhar".

>> Timemania

"Foi uma falácia. No final de 2007 nós tivemos a Timemania. Todas as dívidas até novembro de 2007 entraram no Timemania. Você passou a ter o "clube em dia" porque entrou no Timemania. Você não estava em dia, você entrou num plano que ter permite tirar a certidão positiva com efeito de negativa. O clube possui uma clube grande fiscal. A dívida dos clubes brasileiros é tão grande que merecia uma intervenção do governo. O que ficou para trás deveria ser quitado de alguma forma e os clubes deveriam pagar de alguma forma".

>> Habibs e Ale

"O patrocínio da empresa que estava na manga da camisa era um escândalo Deveria ser apurada essa situação. As pessoas que fizeram esse contrato deveriam ser investigadas, pois o clube saiu prejudicado de alguma forma. Por conta da Habibs tivemos que utilizar a omoplata, onde colocamos a Ale. A Ale veio devido a um amigo vascaíno. Foi um espaço alternativo descoberto pelo marketing. Ainda tivemos que pagar para tirar a Habibs do local. Pagamos mais do que eles pagaram para nos patrocinar durante anos".

>> Receitas e Despesas

"O clube foi avançando nas receitas de forma significativa. O clube saiu de 52 milhões em 2008 para 152 milhões em hoje. Crescemos na parte de licenciamento, que é fundamental para qualificar a marca e conquistar novos torcedores. Houve uma recuperação da imagem do clube, que estava arranhada. Eu vejo que a gente está perdendo isso hoje. O posicionamento de marca é algo difícil de conseguir. O Vasco é um clube de massa e que consegue se sustentar, mas que ao longo do tempo vai perder posição. O pessoal que está na administração não deu continuidade ao trabalho que vinha sendo feito. Eu torço para que o presidente possa fazer uma boa gestão e possa acertar. Esse é o objetivo que nós temos que perseguir. Eu nunca torci pela desgraça do outro, mas vejo que essa construção toda para aumento de receita está se perdendo. Eu não consegui o respaldo para que a gente conseguisse reduzir as despesas. O clube tem muita despesa desnecessária. A despesa tem que alavancar as receitas. Hoje o clube possui despesas que não são tão necessárias. As despesas do Vasco estão em torno hoje de 8 milhões".

>> Queda da marca Vasco

"O Vasco está perdendo espaço de posicionamento de marca. Não falo só de patrocínio. A perda de espaço é um negócio terrível a longo prazo, pois iremos perder torcedores. A gente tinha proposto, eu, Marcos Blanco e Fred, fazer um evento só para adolescentes e jovens de um grande astro internacional. Seria no espaço do Rock In Rio. Iríamos fazer um grande show e só poderia entrar gente com camisa do Vasco. Iríamos motivar os jovens a vestirem a camisa do Vasco".

Fonte: Só Dá Vasco