Edmundo não descarta concorrer à presidência do Vasco em 2014, mas diz que tendência é apoiar alguma chapa

Domingo, 13/10/2013 - 05:53
comentário(s)

Que ninguém duvide: Edmundo quer ser presidente do Vasco. Ganhou do presidente Roberto Dinamite o título de sócio proprietário remido, o que lhe permite ser candidato. Mas deve apoiar uma chapa na eleição de 2014 em troca de um cargo. No pleito seguinte, estaria mais bem preparado.

Para amadurecer seu projeto, o ídolo montou com 30 amigos vascaínos um curso de Gestão de Clubes de Futebol, no Ibmec, na Barra. Quer aprender com professores de Marketing Esportivo, Economia e dirigentes como se comanda um clube. O próximo passo é ser político. Recebeu vários convites, mas recusou todos. Mas no futuro pensa assumir um cargo público.

Enquanto estuda para mudar seu futuro, mantém a boa forma numa academia, e procura manter-se próximo aos filhos, a atriz Carolina Sorrentino, de 18 anos, Júnior, 15, Catarina, 4, e Alexandre Mortágua, 18, que vive em São Paulo: “Sou um ótimo pai. Amo meus filhos.”

O DIA: Por que você decidiu reunir amigos e montar um curso de gestão de clubes, tendo o Vasco como tema?

Edmundo : Há tempos a gente se reúne para debater os problemas do Vasco. Mas era uma coisa informal, de torcedor apaixonado e preocupado com os rumos do clube. Tudo rolava na base da emoção. A gente não saía do lugar, palpitava, criticava, sofria, mas não sabia como ajudar o clube. Porque criticar é fácil. Difícil mesmo é apresentar soluções.

O DIA: Então surgiu a ideia de estudar administração de outros clubes de futebol para tentar aplicar isso em São Januário. Ou seja, você está se preparando para ser presidente do Vasco?

Edmundo: Exatamente. Preciso entender como funciona tudo dentro de um clube. Montar um projeto, um estudo amplo. Então chamei empresários, gente de marketing, advogados e pessoas de várias áreas, todos vascaínos apaixonados, para montarmos um curso e debater o atual momento do Vasco. No fim, vamos montar um projeto para ajudar o clube.

O DIA: Qual deve ser a base de sua plataforma de trabalho na campanha à presidência do Vasco?

Edmundo: O mais urgente é tratar a saúde financeira do clube, que é péssima. Também planejo uma revitalização geral no estádio de São Januário e a construção de uma arena. Outra preocupação é a divisão de base, que há tempos não revela um grande jogador. Num momento de grave crise financeira, um craque pode salvar o clube.

O DIA: Revelar jogador já pensando em vender pode ser a melhor solução?

Edmundo: É uma delas. Imagine que um novo Felipe ou Romário possa valer hoje R$ 100 milhões. Uma quantia dessa pode pagar as dívidas trabalhistas, salários atrasados, enfim, sanear parte dos problemas financeiros do clube.

O DIA: Mas seria necessário dar mais atenção às divisões de base, não?

Edmundo: Claro. Temos que aproximar mais a base do futebol profissional. E ficarmos mais ligados em não formar só atleta, mas cidadão. Quero dar cursos de capacitação profissional aos jogadores. O cara fica dez anos no clube e quando sobe, às vezes, é dispensado sem saber fazer outra coisa na vida. Já vi vários se perderam.

O DIA: Você não tem medo de se queimar? Roberto Dinamite foi um grande ídolo do clube, mas parece que sua imagem está arranhada com sua criticada gestão e a má fase do time.

Edmundo: Medo? Eu fui rebaixado com o time. Não há coisa pior para um jogador do que isso. E tenho certeza de minha imagem não saiu chamuscada porque tenho o respeito dos torcedores até hoje.

O DIA: O que você pensa do trabalho do presidente Roberto?

Edmundo: Não sei se ele estava preparado para o cargo, mas não está conseguindo manter a expectativa que tinham sobre ele. Minha dúvida é se ele não estava preparado para o cargo ou se cercou-se de pessoas erradas. Mas eu gosto dele.

O DIA: Mas você não teme perder o prestígio com a torcida, caso algo não aconteça conforme o planejado?

Edmundo: Não. O Vasco é um gigante adormecido, uma potência muito grande, dono da quarta torcida do Brasil. Não pode e nem deve passar por uma situação como a que vive agora. Tenho muita força de trabalho, vivi as melhores emoções da minha vida lá. Preciso retribuir todo esse amor me capacitando para ajudar o clube.

O DIA: E você já vai tentar concorrer nas próximas eleições?

Edmundo: Tenho só 42 anos e não vejo problema algum em esperar, me preparar, estudar e aprender mais. No mundo de hoje está difícil pra caramba pra quem tá superpreparado, imagina pra quem não está... Não descarto, mas a tendência é apoiar uma chapa e ter um cargo no clube, pra aprender trabalhando. Assim, estaria pronto para a eleição seguinte.

O DIA: Foi procurado para dar apoio à alguma chapa?

Edmundo: Sim. Querem fazer alianças. Mas teria que ouvir propostas, projetos que estejam mais afinados com o que eu penso. Ainda não tomei decisão alguma porque as chapas não estão organizadas ainda e quero pensar muito bem antes de apoiar alguém.

O DIA: Qual a sua opinião sobre a criação do Bom Senso FC, que luta na CBF por um calendário mais digno e fim do atraso salarial, entre outras coisas?

Edmundo: Olha, passou da hora de os atletas reivindicarem melhoras na profissão. Mas temos de levar em conta que, se hoje o futebol atingiu esse patamar financeiro, é graças à TV. Mexer na grade é complicado. Jogar quarta e domingo nem é tão ruim, pior são as viagens pelo País. Também concordo que os clubes devam ser punidos caso atrasem os salários.

O DIA: O Vasco será rebaixado?

Edmundo: De jeito algum. O time tem garra e a torcida vai virar esse jogo. O Vasco não será rebaixado de jeito nenhum.

O DIA: Você pensa em seguir carreira política?

Edmundo: Olha, fiquei assustado com a quantidade de convites que recebi para me filiar a partidos até semana passada. Penso, sim. Não aceitei porque não me sinto preparado ainda. Gosto de ajudar as pessoas, e o Brasil precisa de gente nova e de boa índole. O Romário é um bom exemplo de ex-jogador que deu certo como político.

O DIA: Com tanto problema de infraestrutura, você acredita que vai dar tudo certo na Copa do Mundo de 2014?

Edmundo: A África do Sul sofreu muitos problemas, era olhada com muito preconceito, não tinha uma mega estrutura, mas a Copa aconteceu sem maiores problemas. Se deu certo lá, vai dar aqui também. E nós temos o jeitinho brasileiro de resolver tudo...

O DIA: O Brasil vai ganhar a Copa do Mundo?

Edmundo: O título da Copa das Confederações deu esperança ao povo brasileiro. Tínhamos qualidade técnica, mas o time estava desacreditado. Chorei em todos os jogos, com aquela coisa de ver o torcedor cantar o Hino Nacional até o fim. Essa energia torna o Brasil favorito.

O DIA: Seu filho, Juninho, é atacante do Boavista. Tem futuro?

Edmundo: Ele tem boa técnica, mas não acredito muito, não. Gosta de namorar, de surfar, não precisa correr atrás de um prato de comida. Mas aposto que a Carol vai ser uma grande atriz porque é determinada como eu. Quero que os quatro sejam felizes.

Fonte: O Dia