Com superlotação do estádio do Sesi, torcedores improvisaram arquibancada na grama e em árvore para assistir ao jogo

Quarta-feira, 21/08/2013 - 19:32

Com banda, churros e cheiro de pipoca misturado ao gás de pimenta - para controlar a tentativa de invasão dos torcedores que ficaram do lado de fora -, o Vasco voltou a sentir o clima de alçapão no estádio Roberto Simonsen, na partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil. A vitória por 2 a 0 sobre o Nacional, no campo do Sesi – onde funcionários da indústria manauara jogam peladas e campeonatos aos fins de semana – deixou o time mais próximo das quartas de final da competição e também reaproximou o time do torcedor local, que estava ávido por voltar a ver de perto o clube carioca.

Desde o início do dia a cidade de Manaus se mobilizava para o jogo. Quatro horas antes da partida, o estádio já estava tomado em 80% de sua capacidade. Aos poucos, quando já se extrapolava a lotação, a Polícia e os Bombeiros passaram a abrigar os torcedores atrás dos dois gols e até improvisaram uma arquibancada no gramado que sobe até o estacionamento do clube, onde mais cedo os torcedores do Nacional e do Vasco formaram longas filas para entrar. Fora do campo do Sesi, havia mais de 10 torcedores em cima de uma árvore, com bandeiras, além de outros tantos em telhados e no canteiro central da Alameda Cosme Ferreira, que passa em frente ao estádio.

Sem condições de controlar os cerca de mil torcedores que ficaram do lado de fora – alguns com ingresso na mão -, a Polícia Militar usou gás de pimenta. Houve pequeno tumulto, mas sem maiores consequências. Dentro do estádio, os vascaínos eram maioria. Além do seu lado na arquibancada, os torcedores do Vasco se posicionaram atrás dos gols e encararam as provocações dos rivais. A faixa colocada no alto da torcida do Nacional - “Amarioca, a vergonha de Manaus” – acirrou os ânimos dos vascaínos, que chegaram a ocupar uma escada ao lado dos nacionalistas, porém depois foram retirados pelos policiais.

Sem conhecer todos jogadores, a torcida de Manaus cantou os nomes de alguns, mas gritou em coro mesmo pelo diretor executivo de futebol Ricardo Gomes e pelo preparador de goleiros Carlos Germano. Dorival Júnior também foi um dos mais festejados, embora tenha sofrido com os pedidos pelo colombiano Montoya, que entrou só no segundo tempo.

A iluminação era ruim, mas o que gerou mais reclamações dos jogadores no fim do jogo foi o gramado fofo e irregular.

- Campo ruim demais, pequeno, mas eles têm qualidade, vontade. Não é à toa que tiraram dois clubes de Série A (Ponte Preta e Coritiba). Mesmo sendo equlibrado como foi, levamos o resultado positivo para nos classificarmos no Rio - comentou o meia Pedro Ken.

Com venda de cerveja no intervalo da partida, os manauaras ainda tinham opções de churros, pipoca e biscoitos, vendidos por ambulantes nas arquibancadas. O torcedor Alcenir de Carvalho Alves aproveitou a cerveja – que é liberada no intervalo nos jogos no Amazonas – e estava pronto para comemorar qualquer resultado da partida. Torcedor do Nacional em Manaus, mas simpatizante do Vasco, ele atravessou de lado a arquibancada, tirou foto com Ricardo Gomes e bebeu uma cervejinha assistindo à partida.

- Venho a quase todos os jogos do Nacional. Mas como o Vasco veio para cá, vim prestigiar o Vasco. Para mim o resultado hoje não importa, importante é assistir ao futebol. E ainda posso tomar uma cerveja – disse o manauara.

‘Adeus, Naça’

Representante do poder público no jogo entre Nacional e Vasco, a secretária de Esportes, Turismo e Lazer, Alessandra Campelo, foi ao estádio para torcer pelo time manauara, embora o time do coração seja Princesa de Solimões, atual campeão do estado. Ela ficou nas cadeiras reservadas do estádio, de onde assistiram à partida o diretor técnico Ricardo Gomes e demais funcionários do Vasco. Para ela, um jogo como este pela Copa do Brasil, contra um time grande do Rio de Janeiro, movimenta até a economia da cidade.

- Mobiliza todo mundo, o comércio, as pessoas vêm mais ao estádio, embora no Campeonato Estadual Amazonense a gente tem conseguido bons públicos este ano. Acho que os times de fora são sempre bem-vindos, mas é claro que prefiro que os manauaras torçam para os times locais – comentou a secretária.

No fim da partida, com o placar de 2 a 0 a favor do Vasco, os torcedores do Nacional foram embora mais cedo e ainda ouviram as provocações dos vascaínos. "Arerê, o Naça vai morrer na Série D" e "Adeus, Naça" eram os gritos dos torcedores do Vasco, que saíram do estádio do Sesi com a vaga bem mais próxima para as quartas de final da Copa do Brasil. Depois de alguns dias em Manaus, os jogadores do Vasco agradeceram unindo as mãos no apito final.

Eder Luis era dos mais entusiasmados.

- Em tantos anos de futebol fazia tempo que não via um carinho igual a esse. Eles mereceram esse resultado - disse o atacante do Vasco no fim da partida.



Fonte: GloboEsporte.com