Ainda com contrato com o Vasco, Andrey, filho de Geovani, treina à parte no Espírito Santo

Terça-feira, 28/05/2013 - 15:03

A semelhança com o pai impressiona. Na foto caseira, tirada por um dos irmãos, Andrey sorri e faz pose idêntica à do pai Geovani, o Pequeno Príncipe de São Januário, que na foto da década de 1980 brilhava como um dos melhores jogadores do futebol brasileiro. Mas, aos 20 anos, o garoto, meia com estilo cadenciado como o pai, ainda não sabe se vai realizar o sonho de ser o herdeiro da família no futebol. Longe do Vasco, por opção própria - decisão tomada junto com o pai, embora tenha contrato até 31 de dezembro de 2013 -, ele treina sozinho em Vitória, no Espírito Santo. No primeiro semestre, no Santa Cruz, do Rio Grande do Norte, ele não jogou e deixou a equipe após alguns problemas - como em questão de pagamentos - e sem receber chances de atuar.

Dos três filhos de jogadores que marcaram época no clube, talvez Andrey seja o que esteja mais próximo de seguir outro rumo na vida. Romarinho teve bons momentos pelo Brasiliense e acaba de renovar contrato até o fim da temporada, e Rodrigo Dinamite treina em São Januário à espera de um novo empréstimo. Mas nem sempre foi assim. Quando chegou ao Vasco, com 14 anos, Andrey teve oportunidades e também bons momentos, inclusive ao lado de Phillipe Coutinho, com quem dividia o meio de campo.

- Eu era recém-chegado do Espírito Santo e até teve um pessoal da Nike que veio me procurar. Aquela coisa de dar chuteira, material... Mas aí tive uma lesão no músculo posterior da coxa, fiquei um tempo parado. Depois, fui para a Taça São Paulo de juniores e rompi o ligamento do joelho. Fiquei mais oito meses parado. Isso me atrapalhou muito - lembra Andrey.

"Sou bem tranquilo quanto a isso". A frase do herdeiro de Geovani vem quando ouve a pergunta sobre se já pensa em desistir do futebol ou vislumbra outra profissão para seguir a vida, longe dos gramados. Andrey Rodrigues, de 20 anos, não foge da resposta.

- Não me dou exatamente um prazo, mas sei que no futebol tem que tentar até certo tempo. Se em mais um ou dois anos não acontecer nada... Vamos ver. Mas nesse período quero estar estudando já - diz o filho de Geovani, que ainda não decidiu entre estudar Medicina ou Direito.

Nessa dúvida, ainda resta a esperança de uma nova chance.

- Futebol é assim, às vezes do nada você vai e acontece coisa boa. O negócio é não desistir. Mas não vou dizer que nunca pensei em desistir. Acho que todo mundo pensa. Mas você não consegue tomar uma atitude. Meu pai mesmo me incentiva bastante, ele sempre fala que tenho que tentar ao máximo, que as portas vão se abrindo - diz Andrey, que lembra o caso de Romarinho, filho do ex-parceiro de Vasco do seu pai e hoje parte do elenco do Brasiliense.

O último jogo que Andrey fez, ainda pelo time do Rio Grande do Norte, foi um amistoso no início do ano. Já faz quatro meses de inatividade, somente com treinamentos isolados. Pelo Vasco, nos juniores, jogou o fim do Carioca do ano passado. Antes, chegou a ter oportunidade de treinar em cima, com o então técnico Ricardo Gomes.

- O Ricardo me elogiou, falou que ia me botar para completar os treinos, me deixou mais como um terceiro volante, mais na saída de bola. Mas depois ele teve o AVC (em agosto de 2011), e acabou que não fui utilizado mais - lembra Andrey.

Com salário pelo Vasco de cerca de R$ 2 mil, Andrey recebia o dobro no Santa Cruz-RN. Ele ainda espera uma nova chance, mas sem alimentar grandes sonhos. No talento dos pés dele e nas tentativas feitas pelo pai, ainda reside a vontade de vencer no futebol. Geovani, conta Andrey, não costuma contar com quem está conversando e onde o filho pode ter a chance de jogar. A ideia é não iludi-lo.

- Na minha cabeça, hoje, não penso assim... em ser um craque espetacular, como foi meu pai. Mas acho que é possível ter uma vida tranquila. Sem querer falar de ninguém, hoje nos grandes times tem jogadores que não têm condições de jogar e vivem tranquilamente. Quero viver bem do futebol. Mas de time pequeno em time pequeno, não quero. Não teria saco para isso - afirma o garoto, dividindo seu tempo entre treinos na Praia da Costa, perto de casa, e o futevôlei com o pai, que ainda tem sequelas pela polineuropatia, uma doença rara que afetou sua coordenação motora na perna.

Andrey em 2009


Fonte: GloboEsporte.com