Confira entrevista com o cosmonauta Humberto Quintas, que levou a bandeira do Vasco à estratosfera

Sexta-feira, 10/05/2013 - 20:47

Pode trocar a caravela do escudo por um foguete! O sonho de Ícaro de um apaixonado torcedor vascaíno levou a bandeira cruzmaltina a 20 mil metros de altitude, quase o dobro atingido por um avião comercial que vai de Brasil a Portugal.

Veja o video. Leia o texto.



Não cansamos de ver pelo mundo demonstrações de amor ao clubes de futebol. Tatuagens, caixões, casas pintadas, carros estilizados, batismo de filho… numa espécie de concurso para ver quem ama mais.

Amor não se mede. Amor se sente. Só.

E o advogado carioca Humberto Quintas levou seu amor para um passeio muito, mas muito distante da colina histórica de São Januário.

Tudo começou com aquela mania maravilhosa do ser humano em driblar o impossível. Humberto, como milhões de crianças, queria ser astronauta. Mas, ao contrário de milhões delas, não desistiu de chegar ao infinito mesmo não tendo crachá da NASA. Foi juntando dinheiro, pesquisando, sondando possibilidades até que conseguiu dicas preciosas de Marcos Pontes, um verdadeiro astronauta.

_ Sou meio gordinho, ligeiramente sedentário, então era fácil perceber que pelas vias tradicionais eu não chegaria ao espaço – conta Humberto.

Junto com o amigo e cineasta Daniel Serra, Humberto foi subindo degrau a degrau um projeto pessoal considerado maluco por muita gente. E mais, decidiram documentar tudo para transformar em filme. E não é que virou mesmo? Já está pronto “Cosmonauta, uma odisséia espacial em 3 atos”.

O roteiro é bem construído e mostra as dificuldades enfrentadas e a coragem de Humberto em voar, voar, subir, subir.

Não deu medo?

_ Eu tenho medo é da zaga do Vasco com André Ribeiro e Renato Silva.

Club de Regatas Vasco da Gama. O maior vício deste advogado disposto a uma aventura espacial kafkiana, surreal, non-sense. Para começar, ele tem medo de altura.

_ Quando vou ao Cristo e ao Pão de Açúcar eu sofro.

Mas quem já enfrentou as durezas de uma Libertadores conquistada, quatro Brasileirões, uma Copa do Brasil e até um traumático rebaixamento não tem medo de nada. É só colocar os trilhos na vertical e mandar o Trem Bala da Colina para cima, avante!

Na primeira fase do desafio, foi tudo bem. Humberto foi aos Estados Unidos, perto de Las Vegas, enfrentar um voo de gravidade zero num Boeing especial. Colocou a camisa do Vasco por baixo do traje e levou uma banderinha no bolso. Moleza.

O problema foi a segunda fase.

Alguém aí já passeou num jato supersônico?

Nosso vascaíno espacial não titubeou e comprou a passagem de avião mais cara da vida dele. E nem primeira classe era. Por cerca de R$ 40 mil reais, Humberto garantiu lugar num Mig 29, ao lado de um piloto experiente e remanescente dos tempos soviéticos de Guerra Fria. A Rússia permite que civis sintam a sensação de voar duas vezes mais rápido que o som e de brinde olhem a Terra de muito alto e o céu um pouquinho mais perto. A 400 quilômetros de Moscou, fica a base aérea de Sokol, na cidade Nizhny Novgorod.

_ Eu estava paranóico, não podia esquecer a bandeirinha para fazer do Vasco o primeiro clube brasileiro a atingir a estratosfera.

O traje, cheio de traquitanas para evitar mal-estar e desmaios, não permitia muitas gracinhas. E o piloto Sergei Kara fez cara feia quando Humberto mostrou sua bandeirinha preta, com uma faixa branca diagonal, uma cruz vermelha e oito estrelinhas.

Navegar é preciso.

E lá foi o avião, em pleno agosto russo, viver o desejo do heróico carioca. Quando chegou ao ponto máximo da aventura, Humberto sentiu o traje inchar, a cabeça rodar, o estômago embrulhar e a bandeirinha esmigalhar. Mesmo ligeiramente zureta, ele conseguiu retirá-la de uma dobra do tecido e com emoção e lágrimas desfraldou o pavilhão no meio da imensidão azul do céu.

VASCOOOO!!!

Em terra, o piloto russo, mais relaxado, pousou e posou para fotos com o brasileiro. E perguntou curioso.

_ Mas por que você não trouxe uma bandeira do Brasil?

E das profundezas da sabedoria passional, Humberto Quintas respondeu solene, do alto dos seus 33 anos de paixão.

_ Porque eu sou Vasco…

Um pequeno gesto para um homem. Um grande salto para os vascaínos.

O próximo passo é voar no ônibus espacial que a Virgin anda prometendo aos turistas mais corajosos do mundo. Já se inscreveu. Já foi aceito.

Que sirva de inspiração ao Vasco de hoje reviver os bons momentos de outrora. Onde até Nasa jogava no time.

Fonte: Garamblog - GloboEsporte.com