Em entrevista, Carlos Germano analisa trabalho da base do Vasco

Segunda-feira, 06/05/2013 - 12:05

O programa "Só dá Base" da última quarta-feira (01/05) teve o prazer de receber Carlos Germano, preparador de goleiros do time profissional. O profissional compôs a mesa ao lado de Marcelo Pires, preparador do juniores, e Márcio Cazorla, seu companheiro de trabalho no plantel principal. Ambos debateram assuntos relacionados às categorias de base do Gigante da Colina.

Em suas declarações, Germano defendeu fortemente o trabalho que vem sendo realizado hoje em dia pelo ex-companheiro Mauro Galvão. Segundo ele, o Vasco tem tudo para voltar a revelar grandes jogadores num futuro próximo. O ídolo cruzmaltino também elogiou bastante Marcelo Pires, atual coordenador dos treinadores de goleiros da base, e apontou qual goleiro está mais próximo de vestir a camisa 1 do Gigante da Colina.

A relação de amizade com Márcio Cazorla, com quem convive desde os tempos de jogador de base, foi outro assunto tocado por Carlos Germano, que parabenizou Paulo Autuori por estar valorizando os garotos da Colina em seu início de trabalho.

Confira o bate-papo exclusivo com Carlos Germano:

Como é a sua relação com o Márcio, que te auxilia no trabalho com os goleiros do profissional? Por qual motivo é importante o Vasco ter dois preparadores de goleiros no time principal?

"O Márcio é uma parceiro meu e companheiro meu de futebol desde as categorias de base. A gente joga junto desde o juvenil do Vasco. O Márcio jogava no Dom Bosco de Porto Alegre e veio fazer um jogo contra o Vasco da Gama e acabou sendo aprovado após alguns jogos no Rio de Janeiro. Na época o Vasco teve a felicidade de conseguir contratar o Márcio. Defendemos o Vasco, seja jogando ou trabalhando, desde o juvenil. Estamos tentando melhorar cada vez mais. O Márcio me ajudou bastante. No final de 2011 eu fiz uma cirurgia no tornozelo e fui obrigado a ficar bastante parado. Nesse período o Márcio passou a tomar conta da preparação dos goleiros no início de 2012. Ele me ajudou bastante e foi um irmão para mim nessa temporada de treinamentos. Hoje ele me ajuda constantemente. Estamos buscando fazer o melhor trabalho possível para os rapazes do time principal e da base. O Márcio me ajuda muito também quando sobe um jovem da base para treinar conosco. Hoje quem treina com a gente é o Jordi, mas sempre busco trazer outro menino. Nesses dias esteve o Pedro, do Infantil, treinando com a gente. O Juninho está de vez em quando, assim como o Yuri. Esse tipo de oportunidade que esses meninos estão tendo hoje, antigamente não tinham. Era difícil você ver um menino que estava na base treinar com o time de cima. Hoje estou procurando dar oportunidade para todos eles. Vamos pegar meninos de todas as categorias, seguir orientações dos treinadores de goleiros da base e trazê-los para treinar no principal. O Márcio me ajuda muito nesse trabalho, que não é fácil. Esse trabalho é importante para fazer o menino ficar mais motivado e conhecer o tipo de trabalho que é realizado no time principal. O Marcelo Pires, que é coordenador, também é importante, pois ele está tendo a oportunidade de descobrir um novo camisa 1 para o Vasco. Ele é um observador e o cara que está lapidando todos os meninos da base. O Jordi não chegou e jogou, o Jordi foi descoberto pelo Marcelo e hoje pode dizer que já vestiu a camisa da Seleção Brasileira. A gente acredita muito no trabalho do Marcelo, pois a gente precisa formar jogadores para essa posição. Quero que o Vasco não precise contratar goleiros durante 15 ou 20 anos. Temos que voltar a formar em casa. É por isso que o Márcio me ajuda. Você treinar três goleiros é uma coisa completamente diferente de você treinar cinco ou seis. Isso vai surtir efeito, vocês vão ver. A gente tem o Jordi, o Gabriel, o Juninho e o Yuri. Todos esses podem se tornar o camisa 1 do Vasco no futuro".

Acredita que o trabalho executado pelo Marcelo Pires, hoje coordenador dos treinadores de goleiros da base, é complicado?

"O trabalho do Marcelo é muito difícil, pois ele precisa ensinar e passar para os meninos o melhor trabalho possível. Ele tem fazer com que o atleta chegue no juniores com tantos vícios. Esse trabalho é bastante complicado. O meu trabalho já envolve outras coisas além do trabalho técnico, que o Marcelo desenvolve com eles no Juniores. Qualquer menino de 17 ou 18 anos já tem mirar o time principal. Jogar no time principal envolve a parte psicológica, pois existe uma pressão muito grande em cima desses rapazes. Não é fácil você chegar em São Januário, pisar em São Januário e encarar aquela grande torcida que a gente tem. São algumas etapas que eles precisam queimar.Não de pode admitir hoje um goleiro que não sabe jogar com os pés. O Paulo Autuori me cobrou isso. Não é uma novidade para mim, pois no passado já me cobravam isso. Uma reposição como tinha o Hélton com os braços pode significar um contra-ataque muito bom. O Vasco tinha uma arma no passado, que era a saída de bola do Hélton. O mesmo tem o São Paulo hoje com o Rogério Ceni. Os meninos que chegam não podem pensar que vão chegar e jogar. É aí que entra também uma área minha, que é ensiná-los e prepará-los psicologicamente".

O Marcelo Pires falou em entrevista recente que está implantando uma metodologia única de trabalho na base do Vasco. Qual a importância dessa linha mestra na sua opinião?

"Esse trabalho padrão é muito importante para preparar o goleiro. Os meninos precisam chegar no time principal sabendo todos os treinamentos que irá fazer. É isso que cobro dos preparadores e dos goleiros da base. Quem quer jogar no Vasco tem que buscar sempre a perfeição".

Qual goleiro da base você acha que está mais próximo de vestir a camisa 1 do Vasco?

"Você vê nitidamente o crescimento do Jordi, do Gabriel e do Diego. O Jordi é o nosso quarto goleiro hoje e no final do ano passado já serviu a Seleção Brasileira. Ele fez um Estadual excelente nesse ano, teve belas apresentações e vem chamando a atenção da gente".

Por qual motivo nos últimos tempos os jovens oriundos da base não conseguiram se firmar com facilidade no time principal? A qualidade do elenco tem interferido?

"A questão do time dificulta. Isso é fundamental. De 2008 para cá o Vasco revelou vários bons jogadores, mas muitos não tiveram sucesso porque o time não estava arrumado. Posso citar aqui o Alan Kardec, que teve a oportunidade na hora errada. A nossa maior preocupação é a de não colocar o menino da base para estrear no momento em que o time não esteja tão bem. Colocar ele para jogar é ruim, pois pode queimar o rapaz. A gente tem que ter o maior cuidado possível e também paciência. Goleiro é uma função que é preciso muita paciência. Eu não joguei da noite para o dia. Eu não cheguei no time principal jogando. Eu fiquei um ano e meio na reserva do Acácio. Eu aprendi muito com o Acácio. Isso é fundamental. O Jordi já está com a gente há um ano trabalhando, mas vale dizer que ele subiu para o profissional com dois anos de antecedência. O Jordi está tendo um ganho muito grande. Hoje o Jordi é o quarto goleiro, mas na virada do ano ele pode ser o primeiro. Nesse mundo do futebol você não sabe o que vai acontecer. Você não sabe se o Alessandro vai ficar, se o Michel Alves vai renovar ou se o Nova Iguaçu vai querer pegar o Diogo de volta. Numa dessa você tem o Jordi para ser titular do Vasco da Gama. Ele não vai sentir tanto quando for jogar. É lógico que não igual ao juniores, pois ele estará jogando para 10 ou 20 mil pessoas. Por isso existe essa dificuldade de revelar".

Acredita que a base do Vasco está no caminho certo?

"Eu acho que o Vasco está no caminho certo. O Vasco tem uma base muito boa. Tem um coordenador, que é o Mauro Galvão, excelente. Tem o Jair Bragança, o Marcelo Pires, que é o treinador de goleiros do juniores. O caminho é esse. Quando o Mauro Galvão abrir a boca para falar qualquer coisa, não é qualquer um que está falando não, mas sim o Mauro Galvão. A mesma coisa é o Ricardo Gomes. Esse é o ponto importantíssimo dentro do Vasco hoje. O Autuori está fazendo o trabalho certo, pois está buscando esses meninos para treinar. Quando ele para para conversar com os meninos da base, não é qualquer um que está falando com eles. Quem está falando com eles é um cara que foi campeão do mundo".

Acha importante esse rodízio de atletas da base no time principal?

"Sim, pois você tem que saber o que você tem na base. Por qual motivo eu levo os meninos para treinar comigo? Para saber o que eu tenho lá embaixo. O Marcelo me fala sempre, mas eu tenho que ver também. O Autuori está fazendo isso para ver o que tem na base e para saber quais jogadores futuramente ele vai trazer. O trabalho é por aí. Se você vender um jogador, como foi o Dedé, você deveria ter na base um ou dois jogadores para substituí-lo. Teria que ser dessa forma. Para você vender um Eder Luis, você precisa ter na base um ou dois jogadores para suprir a ausência dele".

Com informações do Programa Só dá Base/Só Dá Vasco.

Carlos Germano


Fonte: Blog do Carlos Gregório Jr - Supervasco (texto), Site oficial do Vasco (foto)