Hoje no Barra da Tijuca, Dodô elogia Autuori e revela que não esperava convite do Vasco em 2009

Segunda-feira, 08/04/2013 - 11:14

Os cabelos brancos denunciam: Dodô tem história. Mas nenhum dos lindos gols que marcou lhe bastam. Com a camisa do Barra da Tijuca, o atacante, que completa 39 anos no dia 2 de maio, tenta adiar a aposentadoria.

O que acha dos salários pagos no futebol brasileiro?

Antigamente, pra ganhar 100 paus, a gente tinha que ralar muito. E pagam tão bem ao treinador que acho que vou investir nisso aí (risos). Ou, então, vou trabalhar como gestor. Se for treinador, meu espelho será o Paulo Autuori, o melhor com quem trabalhei.

Qual é o melhor time do Brasil, atualmente?

É o Corinthians. Depois, vêm o Fluminense e o Atlético-MG, no mesmo nível.

O Barra da Tijuca é o último clube da sua carreira?

Ah, meu... Deve ser, né? O problema é que, hoje, dependo mais dos outros. Vou precisar de uns caras que me botem na cara do gol. Fisicamente, estou bem. Mas os clubes grandes não me querem. Estou velho.

Seus filhos viram você jogar?

O Pedro (8 anos) curtiu minha fase no Botafogo e no Fluminense. E pergunta se vai passar algum jogo do Barra no pay-per-view. E o Enrico (5 anos) quer saber se o Corinthians vai me contratar. Eu digo: "Já passou a época do papai".

Como foi perder de 5 a 0 para o América, na estreia pelo Barra da Tijuca?

Peguei uma carona com o Adílson (presidente do clube) até a Rua Bariri. Enfrentamos um engarrafamento e chegamos em cima da hora. O time já estava no aquecimento. Então, achei melhor ficar no banco e entrar no segundo tempo...

Como assim?Ainda bem que estava com o presidente, não? Você não se concentra?

Ah, não preciso mais ficar em concentração (risos).

Jogou bem?

Não. Fui virar uma bola e dei no pé do cara. Aí, saiu um dos gols deles. A torcida do América ficou gritando meu nome (risos). Foi o tipo de passe que nunca tinha errado antes.

Não teme se queimar?

Não vejo por esse lado. Gosto de jogar bola. Agora, se depois de dois ou três jogos eu perceber que estou indo muito mal, peço pra sair. Não tenho frescura.

O time está na lanterna do Grupo A, na Série B. Não teme o rebaixamento?

Isso não vai acontecer. E quero brigar pela artilharia.

Estava bem no Osasco?

Sim. Fiz um golaço na estreia. E, em cinco jogos, marquei três gols.

O Tuta acaba de ser contratado. Como será essa dupla?

É a dupla dos vovozinhos.

Está jogando por dinheiro?

Minha mulher diz que, se me convidam, vou de graça. Não ganho tanto assim.

Os clubes do Rio te devem?

O Botafogo me deve, pela primeira passagem, de 2001 a 2002. O contrato era de dez meses, o Botafogo atrasou seis. Botei na justiça, já recebi uma parte e a outra está para sair.

O doping de 2007 trouxe prejuízos à carreira?

Fiquei dois anos sem jogar! O meu processo contra a farmácia (Pharmacy) ainda rola. O Botafogo mandava a gente tomar cápsulas de cafeína. Só que o produto veio contaminado por femproporex, usado para emagrecer. Paguei por uma coisa que não fiz. O Botafogo queria fazer um contrato por mais dois anos, mas aquilo quebrou a confiança. Eu amava o Botafogo, mas não podia continuar. Não tomava mais nada que a comissão técnica me oferecia. Tá louco? Fui pro Fluminense.

É verdade que você brigou com o Renato Gaúcho?

De jeito nenhum. Só ficava aborrecido porque às vezes ele não me escalava. Mas, quando ele passou pelo Bahia, tentou me levar pra lá.

O episódio do doping arranhou sua imagem?

Nunca fui unanimidade como jogador, mas as pessoas sempre me respeitaram. Nunca fui de bagunça. Nunca me viram alterado. Até o Lula, que era o Presidente da República, me ligou, dando força. O pessoal sabe que, com 32 anos, eu não seria capaz de fazer aquilo.

Pensou em parar?

Pelo contrário. Ali, eu me dediquei para voltar. Quando o Vasco me convidou, fiquei surpreso. Pensava que nunca mais jogaria de novo num clube grande.

Quem é o melhor jogador do futebol carioca?

É o Fred. O cara vai lá na seleção, a bola bate nele e entra. É o momento dele. É o mais iluminado.

Fica triste com a interdição do Engenhão?

Participei da estreia do estádio. Lembra daquele Botafogo x Fluminense? É triste, mas, se há risco de acidente, algo tem que ser feito. Mas, logo agora que o campo estava bom...

Está acompanhando o noticiário sobre as obras no Maracanã?

Putz! Não vou pegar o Maracanã. A não ser que role uma pelada de masters. É o melhor estádio do mundo. Posso dizer que tenho quase 400 gols na carreira. Muitos foram marcados lá.

Quem foi seu melhor parceiro de ataque?

Foi o Aristizábal (no São Paulo, em 1996). Eu botava ele na cara do gol (risos).

O gol que marcou pelo Fluminense, contra o Arsenal, em 2008, foi o mais bonito da carreira?

O que posso dizer é que seu eu tentar 10 vezes, não vou conseguir fazer outro igual.

Do Fluminense, você tem ainda como lembrança, uma cicatriz na sobrancelha...

Fiquei uma semana no hospital por causa daquela pancada. Cheguei a ficar na UTI. Tenho uns 100 parafusinhos aqui. E nunca fui de me machucar. Só fui fazer artroscopia (no joelho direito) em 2011.

Como amante do futebol, o que tem achado do Neymar na seleção?

Seleção não é fácil. Ninguém dá certo de cara. Ele tem que sair, ir para o Barcelona. O campo lá fora é diferente, a bola corre mais, não se pode driblar tanto.

Fonte: Extra Online