Filho diz que Arthur Sendas se emocionaria com Vasco x Audax

Domingo, 17/02/2013 - 11:01

Durante mais de 10 anos, a residência do empresário Arthur Sendas sediava um clássico: Vasco de preto e Vasco de branco se enfrentavam numa pelada semanal no Alto da Boa Vista. Hoje, o time do coração do ex-vice-presidente morto em 2008 reedita um duelo caseiro, mas diferente: Vasco e Audax, que era Sendas até dois anos atrás.

Pela primeira vez, o clube do coração do ex-grande benemérito vascaíno enfrenta o time fundado pela família em 2005. Hoje, em São Januário, a família Sendas vai ocupar os dois camarotes para prestigiar o confronto. 

- Eram as duas grandes paixões na vida do meu pai. Esta semana fiquei imaginando como ele se sentiria assistindo a esse jogo. Seria muito especial ver o time dele contra o da nossa empresa - diz Nelson Sendas, um dos três filhos de Arthur.

Vice-presidente eleito do Vasco de 1980 a 1983, Arthur Sendas era um dos vascaínos mais presentes na sempre conturbada política do clube. Em casa e nos estádios, o equilibrado empresário se transformava quando via o Vasco em campo.

- Lembro do meu pai, noMaracanã, numa disputa de pênaltis entre Vasco e Flamengo, quando o Mazaropi pegou a cobrança do Zico, ele chorava sem parar. Aquilo me impressionava muito - conta o filho, que viu até o pai jogar no chão um rádio antigo de tanta raiva em derrota do time do coração. 

O carinho da família pelo time fundado pelo pai junto com Abílio Diniz, dono da rede Pão de Açúcar - que fundara o Audax São Paulo um ano antes do Sendas -, não chega a tirar a torcida pelo Vasco na partida de hoje.

- Se o Vasco estivesse disparado na frente, até torceria, porque o Audax também precisa do resultado (está em terceiro lugar no grupo B), mas não é o caso - brinca Nelson, que já não ia a jogos do Vasco há alguns anos. 

- Mas hoje não tem como não ir. É um dia marcante para toda a família - diz o filho de Arthur Sendas.

“Mengolândia” gerou polêmica

Um episódio controverso da história que liga Arthur, o Vasco e a rede de supermercados que a família carrega por toda a vida - a marca Sendas “desapareceu” em 2010 anos após o Pão de Açúcar comprar 50% da empresa carioca - foi quando Arthur, em 2002, decidiu emprestar o centro de treinamento, até então usado por funcionários da Sendas, para a base do arquirrival Flamengo.

O caso tem algumas versões. Mas até Nelson classifica como curiosa a opção do pai por emprestar o local ao clube da Gávea. Na época, de Sendolândia passou para Mengolândia. Houve um protesto mais curioso ainda da então diretoria do Vasco.

- Deu uma confusão, os caras colocaram faixa para os vascaínos não comprarem mais na Sendas. Ficou dois jogos e depois tiraram a faixa - recorda Nelson.

Eurico Miranda, presidente do clube na época, lembra da insatisfação com a atitude do grande benemérito, mas nega um protesto desse tipo.

- Claro que na época pensamos por que não cedeu o espaço para o Vasco? A gente divergia de outras formas. Mas isso de faixa é folclore - diz o ex-presidente.

Nelson se recorda da faixa e explica a decisão do pai.

- Tínhamos um diretor financeiro que era muito ligado ao Flamengo e ele acabou convencendo o meu pai. Ele não tinha essa coisa de rivalidade. Era muito mais vascaíno do que anti qualquer coisa - conta Nelson.

Uma homenagem de um minuto de silêncio ao filho João Sendas, em 2003, serviu para sensibilizar e reaproximar Arthur de Eurico. Logo depois, o time da família fazia uma grande peneira no campo de São Januário, ao lado do polêmico ex-dirigente do Vasco. 

- O seu Sendas era o grande incentivador do time. Ele sempre dizia brincando que não saberia para quem torcer quando o Vasco e Audax se enfrentassem na primeira divisão. Mas eu sou Audax desde criancinha - diverte-se José Carlos Brunoro, hoje de volta ao Palmeiras, mas que comandou toda a criação do Audax no Rio e São Paulo.

Morte trágica

Em novembro de 2008, o empresário Arthur Sendas foi assassinado em casa, no Leblon, pelo motorista da família Roberto Costa Júnior, que confessou o crime e foi condenado a 18 anos de prisão. A motivação do crime até hoje é controversa. O assassino disse à época que foi um tiro acidental. Segundo testemunhas, não houve discussão entre os dois - como alegou o motorista, que seria demitido pelo empresário.



Fonte: Extra online