Campeões do mundo, Ricardo Rocha, Antônio Lopes e Amarildo debateram sobre a Seleção

Domingo, 25/11/2012 - 10:04

A trajetória do Brasil antes das 19 Copas disputadas mostra que um campeão é forjado sob alta pressão. Guardiões das lições do pentacampeonato, Amarildo, Carlos Alberto Torres, Ricardo Rocha e Antônio Lopes endureceram o discurso para zelar pela tradição vitoriosa ao participarem ontem do seminário “Campeões do Mundo debatem a seleção” promovido pelo Globo e o Extra no Planetário da Gávea, sob a mediação do jornalista Carlos Eduardo Mansur. Horas antes de a CBF demitir Mano Menezes, os quatro ofereciam sua experiência em Copas.

Zagueiro do tetra em 1994, Ricardo Rocha sugeriu que se discuta o que está em cima e no entorno do treinador em vez de se transferir a cobrança para um time jovem.

— Se esse time vier a ser derrotado, vou defender esses garotos até a morte e vou para cima de quem comanda. As pessoas estão brincando com o que é uma Copa.

O capitão do tri, Carlos Alberto Torres, prefere esperar pelo amadurecimento.

— Estou certo de que teremos um grande time para ganhar de todo mundo em 2018, mas para a próxima Copa vai ser difícil — disse.

— Convocar o Durval pela primeira vez com 36 anos é sacanagem com a seleção. O Mano diz que o escalou porque viu o brilho nos olhos. Queria que estivesse chorando? — acrescentou, referindo-se ao Superclássico.

Atacante de velocidade e técnica, Amarildo tinha na conquista do bicampeonato em 1962 os mesmos 22 anos que Neymar terá em 2014, além do desafio comum de suceder ao melhor de todos os tempos.

— Na seleção, tem que dar o sangue. Hoje, um jogador leva uma pancadinha e já cai no chão. Tenho raiva de ver jogador que finge parecer um morto-vivo. Falta colaboração. Nunca vi um jogador parecido comigo.

POSSE DE BOLA E REPETIÇÃO

A necessidade de atualização também deve ser levada a sério. Desde que foi para a Itália em 1963, Amarildo vê o Brasil defasado nos métodos de treinamentos. Sob o comando de um alemão no Cosmos de Nova York, Torres lembra que as atividades para a manutenção da posse de bola fizeram “até os jogadores americanos, que batiam de canela, aprender a tocar de primeira”. Ao defender que os técnicos no Brasil têm feito atividades semelhantes, Lopes deu exemplo infeliz na defesa da mecanização que também é usada por um adestrador “que faz um macaco de circo aprender a andar de bicicleta .”

— Você tem que transformar o jogador em macaco. Através do reflexo condicionado, ele faz o que você quer.

Capaz de ofender animais e jogadores na mesma declaração, Lopes nunca teve pudor em soltar os bichos. Por mais politicamente incorreto que seja, a história da seleção ensina que é melhor botar o bode na sala agora do que pagar mico na Copa do Mundo.

Ricardo Rocha e Antônio Lopes


Fonte: Extra