Especialista fala sobre a confiabilidade do 'tira-teima'

Sexta-feira, 18/05/2012 - 06:42

O principal assunto, nesta quinta-feira, foi o tira-teima. O gol de Alecsandro, do Vasco, em São Januário, estava impedido ou não? Tite desembarcou em São Paulo, após o empate em 0 a 0, com ar tristonho. Não queria muita conversa. Alegou estar rouco. Mas os jogadores sabem que o momento de outro tira-teima chegou para o Timão, equipe de defesa quase insuperável. Na próxima semana, decidirá vaga para a semifinal da Libertadores, no Pacaembu, precisando de uma simples vitória. Dono da melhor retaguarda da competição (apenas dois gols sofridos em nove jogos), não foi vazada nenhuma vez em casa.

“Não digo que a nossa zaga é intransponível, mas mostra, a cada jogo, sua força. Com essa fórmula, fomos campeões brasileiros e avançamos no torneio continental”, constata Danilo.

A “fórmula” citada pelo meia é se trancar na defesa e arrancar um gol na bola parada, como visitante. No Pacaembu, botar pressão, marcar na saída de bola. Pode-se questionar se o estilo é bonito. Não se é eficiente.

“A arquibancada ajuda demais. A torcida sempre nos leva às vitórias em casa”, ressalta o goleiro Cássio.

Porém.../ Quer dizer, quase sempre. O Timão foi eliminado do Campeonato Paulista dentro do estádio municipal, diante da Ponte Preta. Um jogo atípico, como fazem questão de enfatizar os corintianos, mas, ainda assim, um contratempo. E sofrendo três gols...

Contra o ataque vascaíno, bem mais qualificado ofensivamente do que o do Emelec (EQU), adversário das oitavas de final, a zaga corintiana vai ter uma prova final. O time todo, na verdade, porque, por mais que neguem, a conquista do continente é uma obsessão no Parque São Jorge. “Estamos no caminho certo. Claro que se tivéssemos empatado com gols, seria melhor ainda. Vamos jogar em casa, dependendo de nós mesmos”, afirma Paulinho, lamentando a situação do gramado de São Januário.

Até contra o Vasco, em mata-mata, é a hora da verdade. Em 2009, com dois empates, a equipe paulista despachou o rival no caminho para a conquista da Copa do Brasil. Mas foi o clube da Colina, em 2007, que praticamente rebaixou o Corinthians, com uma vitória por 1 a 0. Onde? No Pacaembu.

“Tem muita coisa em jogo. Todo mundo do elenco está pronto para a decisão da semana que vem. Não vamos vacilar”, promete Cássio.

Recurso da TV é confiável, segundo especialistas. Isso na teoria. Na prática, operação do recurso pode levar a erros
O recurso do tira-teima sempre foi visto como a prova definitiva. Se a imagem em 3D mostrasse impedimento, não havia do que duvidar. Até acontecer o gol anulado de Alecsandro, na quarta-feira à noite. A reconstituição da TV Globo mostrou o atacante em condição irregular. A da Fox Sports foi na direção contrária: o lance teria sido legal. E agora? O tira-teima é confiável?

“Confiável, é. É uma questão matemática. O cálculo é feito a partir do atleta mais próximo da linha de fundo. Mas não é 100%, por depender do sujeito que opera o computador. São frações de segundo e, se perder exatamente o momento em que o lançamento é feito, pode dar errado”, ressalta o professor e matemático da computação Paulo Cezar Pinto Carvalho. Ele é um dos criadores do site Juiz Virtual (www.visgraf.impa.br/juizvirtual/), que simula os polêmicos tira-teimas.

Funcionamento/ Por meio de um programa de computador, a imagem do gramado é programada em 3D e um especialista precisa pegar os pontos fixos previamente inseridos no contexto (trave, linha de fundo, riscos da área...) e juntá-los aos móveis (bola e jogadores) para construir o lance a ser levado ao ar após ou durante a partida. Qualquer imprecisão na reconstituição dessa cena vai influir no resultado final.

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“Essa tecnologia é mais complicada. Não é tão fácil quanto se pode imaginar. O chip dentro da bola, para determinar se entrou no gol ou não, está testado. Para a regra do impedimento, não”, afirma Paul Hawkins, criador do programa Hawk-Eye (Olho de Falcão), utilizado para dirimir dúvidas no tênis e em processo de teste pela Fifa para ser usado no futebol.

“Se é jogada rasteira, fica bem mais fácil e a precisão é maior. O computador consegue, rapidamente, medir a distância para a linha de fundo. Se for bola aérea, quem estiver operando a máquina vai informar se tronco, cabeça ou perna vão determinar o impedimento”, completa Pinto Carvalho.

Consultadas pelo DIÁRIO, as assessorias de imprensa de Globo e Fox Sports não se manifestaram, até o fechamento desta edição, sobre as diferenças no lance de Alecsandro.

Fonte: Diário de São Paulo