Confira bastidores do julgamento dos vascaínos no Tribunal

Quinta-feira, 19/04/2012 - 11:03

Um dos chavões batidos do futebol é que, em clássicos, os detalhes fazem a diferença. E o Vasco e Flamengo começou, ontem, no Tribunal de Justiça Desportiva. A pedido do pai, o presidente da Federação Carioca de Futebol, Rubens Lopes, a advogada do Vasco Luciana Lopes defendeu o clube no julgamento que absolveu Diego Souza. Fagner, Rodolfo, Eduardo Costa e Fellipe Bastos pegaram até oito jogos, além de multas, mas vão jogar a semifinal sob efeito suspensivo. 

A advogada do clube, a loura Luciana Lopes, chamou a atenção não apenas pela saia preta, blusa branca e a delicada corrente com pingente de flores no pé. A filha do presidente da Federação questionou os relatos do árbitro na súmula e desafiou os auditores a procurarem Diego Souza chutando a bola no juiz da partida.

— O Diego é um atacante. Se ele errou essa bola a menos de 20 metros, ele tem que ser muito ruim. Vou até falar para o Vasco rescindir o contrato dele — disse.

A advogada ainda colocou em dúvida a precisão do árbitro ao relatar na súmula os xingamentos dos jogadores. Luciana disse, um a um, todos os palavrões relatados na súmula pelo árbitro do jogo. Em seguida, pediu que o juiz — na condição de testemunha no tribunal — repetisse o que ela havia dito. Como foi incapaz, Luciana concluiu que não havia precisão no relato.

— Se ele, sentado, no ar-condicionado, não consegue repetir os palavrões que acabei de dizer, imagina na hora, no calor do jogo, com policiais, outros jogadores, imprensa? — disse Luciana, que foi cumprimentada efusivamente pelo vice-jurídico do clube, Anibal Rouxinol, e pelo vice-presidente geral, Antônio Peralta. O presidente Roberto Dinamite, que levou apenas uma advertência do TJD, não esteve no julgamento.

— Fiz o melhor que eu pude. Só não posso entrar em campo — lembrou.

Aristóteles e muito sono no tribunal

"Devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade", disse o relator Wagner Vieira, ontem no plenário Homero das Neves Freitas. Ele se referia às frases de Roberto Dinamite, que disse ter sido "roubado" contra o Flamengo. Apesar da citação do filósofo grego — em momento que fez jogadores se entreolharem —, quem foi tratado com mais rigor foi o diretor de futebol, Daniel Freitas. Enquanto o presidente só foi advertido, o dirigente está suspenso por 15 dias e o clube deve arcar com multa de R$ 10 mil.

Aliás, a grande reclamação do Vasco no julgamento de ontem foi a pesada multa que o clube recebeu. Somando as penas de todos, o clube precisaria pagar R$ 90.400 de multa. A advogada Luciana Lopes já garantiu que o Vasco vai entrar com recurso contra todas as decisões — o clube perdeu ainda quatro jogos de mando no Carioca.

No tribunal, Rodolfo se mostrou contrariado algumas vezes e Diego, quando não estava com sono, não gostou do vídeo de entrevista de Ronaldinho:

— Que que a gente tem que ver isso? — disse para o vice-jurídico Aníbal Rouxinol.

Outra cena curiosa aconteceu no início do depoimento de Wagner Santos Rosa, árbitro do último clássico. Assim que entrou para falar como testemunha no julgamento, o presidente da sessão no TJD pediu para que ele travasse a arma durante o julgamento. Wagner, que é policial, atendeu prontamente o pedido.

Resumo das punições

Vasco - Punido com perda de quatro jogos de mando de campo;
Roberto Dinamite - 15 dias de suspensão, porém convertidos para advertência apenas;
Daniel Freitas - 30 dias de suspensão e multa de R$ 10 mil;
Rodolfo - oito jogos de suspensão e multa de R$ 20 mil;
Eduardo Costa - oito jogos de suspensão e multa de R$ 20 mil;
Fagner - seis jogos de suspensão e multa de R$ 5 mil;
Fellipe Bastos - seis jogos de suspensão e multa de R$ 5 mil;
Diego Souza - absolvido.

Fonte: Extra online