Vascaínos prata em 2000 não ganharam ouro mesmo com campeão confessando doping

Terça-feira, 20/03/2012 - 08:20

Campeões morais!

Uma prata com valor de ouro. Esta é a definição de Vicente Lenílson para a medalha ganha pela equipe brasileira no revezamento 4xl00m na Olimpíada de Sydney-2000. No dia 30 de setembro daquele ano, a equipe nacional foi batida só pelos Estados Unidos na finalíssima. Até aí, nada demais.

O que faz Lenüson e os seus companheiros se considerarem os verdadeiros campeões daquela Olimpíada foi o que ocorreu cinco anos depois. Integrante do time americano, Tim Montgomery (que participou apenas das eliminatórias) confessou que havia competido dopado. A admissão de culpa veio após a Justiça americana abrir uma investigação contra o laboratório Balco. Assim, todas as suas marcas (incluindo o recorde mundial dos 100m rasos, em 2002) e vitórias foram cassadas. Todas, menos aquela na cidade australiana.

- Não me considero um medalhista de prata. Sou campeão olímpico - afirma Vicente Lenilson, 12 anos após a prova histórica para o Brasil.

- A medalha de ouro seria o suprassumo para nós. Mudaria a minha vida muito mais do que a prata mudou. Para os Estados Unidos, foi uma a mais. Para o Brasil seria a única de ouro - diz Claudinei Quirino.

Em Sydney, o Brasil não foi nenhuma vez ao lugar mais alto do pódio. Foram 12 medalhas, das quais seis de prata e seis de bronze.

Responsável por fechar o revezamento e ultrapassar o cubano Freddy Mayola nos metros finais, Claudinei diz que nas provas em Sydney mal poderia imaginar que Montgomery estivesse competindo dopado.

- Cara, foi tudo normal, não percebi nenhuma diferença. Mas, quando saiu a notícia do doping dele, fiquei chateado. Ninguém falou nada, ninguém foi brigar pela nossa medalha - disse Claudinei, o mais velho daquele grupo, com 29 anos á época.

Bate-Bola

Claudinei Quirino


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O que significou aquela medalha de prata para você?

- Aquela medalha deu um "boom" na carreira. Eu já tinha sido vice-campeão mundial (nos 200m rasos, em Sevilha-1999), mas por ser em uma Olimpíada foi especial. Ganhei muitos patrocínios, um maior reconhecimento. E tudo isso seria maior se tivéssemos levado o ouro.

Você fica frustrado por não terem dado o ouro para o Brasil?

- Fiquei muito chateado. Se tivesse acontecido com um brasileiro, teríamos perdido a medalha, serímos escorraçados em nosso país.

Você ainda mantém contato com os integrantes daquela equipe?

- Eu falo mais o Edson (Luciano). E com ele que tenho amizade mais próxima, de sairmos em família.

Equipe toda vive em Presidente Prudente

Os quatro integrantes da equipe que disputou a final seguem vivendo em Presidente Prudente (localizada a 512 quilômetros de São Paulo). Foi pelo time da cidade que eles conseguiram de destacar no cenário nacional, com várias conquistas e recordes em campeonatos brasileiros.

Atualmente, Claudinei Quirino conta com um projeto na cidade voltado a crianças carantes. O programa, que conta com 115 integrantes, estimula a prática esportiva.

Equipe brasileira

Vicente Lenílson
Foi o responsável por abrir o revezamento. Está com 34 anos.

Edson Luciano
Foi o segundo na passagem do bastão. Está com 40 anos.

André Domingos
Terceiro a correr, está com 39 anos.

Claudinei Quirino
Pegou a equipe em terceiro e levou ao segundo lugar. Tem 41 anos.

FINAL DO 4X100M

PAÍS TEMPO

1º Estados Unidos 37s61
2º Brasil 37s90
3º Cuba 38s04
4º Jamaica 38s20
5º França 38s49
6º Japão 38s66
7º Itália 38s67
8º Polônia 38s96



Fonte: Lance

Nota da NETVASCO: Na época das Olimpíadas de Sydney-2000, os 4 atletas do Revezamento 4x100m Rasos do Brasil eram do Vasco da Gama. Para saber mais, clique aqui e aqui.