Gian, ex-Vasco, hoje no Independente-PA, pega São Paulo pela Copa do Brasil

Terça-feira, 06/03/2012 - 12:36

Aos 37 anos, Gian é a referência do Independente. Campeão da Libertadores pelo Vasco em 1998 e mundial sub-20 pela Seleção Brasileira em 93, velha promessa com a habilidosa perna esquerda, o meia é o jogador mais caro do elenco que enfrenta o São Paulo nesta quarta-feira: recebe R$ 8 mil por mês.

Mas sua importância não está só dentro de campo. Capitão e camisa 10, chegou no ano passado após ficar cerca de 18 meses sem jogar futebol e uma breve passagem pelo Remo-PA. Topou o desafio de morar em Tucuruí e se tornou campeão estadual. Por isso, cogita prorrogar a carreira por até dois anos.

Gian é o paizão do time, formado em sua maioria por garotos de cidades distantes. É quem negocia com o presidente Derley Santos as premiações, cobra salários atrasados e dá conselhos. O LANCENET! apurou que ele chega a emprestar dinheiro do próprio bolso para alguns atletas. Por isso recebe elogios de Derley, a quem ajuda” a administrar.

– Um garoto precisa de algo fora de campo, então falamos com o presidente e cobramos. É diferente no clube grande, quando se tem estrutura. Aqui o médico vem só nos dias de jogos, nutricionista não existe. Então o capitão tem de ir atrás, não só em campo, para resolver as coisas – revelou o camisa 10, em entrevista no último domingo.

– Tenho de ir atrás do bicho. Por menor que seja, para nós é muito. Ainda mais para quem está começando, o que é o caso da maioria.

Gian sabe que não é o mesmo do início de carreira, quando tinha explosão nas arrancadas. Mas é valorizado e celebridade na cidade de cerca de 100 mil habitantes. É um dos únicos do elenco que não moram em duas casas alugadas pela diretoria. Fica num hotel, sozinho.

Diante do São Paulo, ele vai se lembrar do início de carreira, quando tinha frequentes jogos importantes. A meta agora é mais tímida: não perder por dois gols de diferença e voltar a visitar o Morumbi.

Gian, ex-Vasco, com 39 anos, é o grande craque do Independente-PA


MEIA JÁ FOI ALGOZ DO TIME DE TELÊ

Em sua passagem pelo Vasco, Gian atuou ao lado de Romário, Juninho Pernambucano, entre outros. Enfrentou os maiores clubes do Brasil. E em 1994 recebeu o São Paulo no Maracanã, partida que foi lembrada logo ao saber que o Tricolor seria o adversário na Copa do Brasil.

– O goleiro ainda era o Zetti e fiz um gol de falta. Esta semana veio o passado na cabeça. Foi 2 a 0, no Brasileiro de 1994 (3 de novembro). Tinha 21 anos (risos) – contou.

O gol aconteceu aos 27 minutos do primeiro tempo e Valdir completou aos 42. Sebastião Lazaroni era técnico dos cariocas, e Telê Santana da equipe paulista.

De longe, Gian acompanha os campeonatos dos outros estados e o Brasileirão.

– Se dermos bobeira, não levamos o jogo para São Paulo. Time com qualidade, rápido. Não podemos ser surpreendidos.

BATE-BOLA

Gian, meia do Independente-PA, em entrevista ao LANCENET!

Como está sendo a experiência em uma equipe menor?

É diferente. Uma equipe nova, só quatro anos em Tucuruí. Este ano não iniciamos bem, mas já são dois jogos e duas vitórias no segundo turno e esperamos um ano bom.

Acreditavam no título estadual do ano passado?

No segundo turno, quando engrenamos vitórias, acreditamos e vimos que poderíamos chegar à final e buscar o título. Era difícil contra o Paysandu, mas pela primeira vez um clube do interior ganhou.

E agora, na Copa do Brasil?

Aqui é isolado e pouco aparece no cenário nacional. Vamos enfrentar o São Paulo, o oposto. Com toda estrutura, jogadores de grande rendimento, e nós no limite. O salário em dia nos dá apoio maior e queremos uma grande partida. Enfrentar o São Paulo é um combustível para nós.

Meta é disputar o segundo jogo?

Será um grande feito. Nunca jogamos a Copa do Brasil, então levar para São Paulo será importante. Sabemos das nossas limitações, mas vamos procurar fazer um grande jogo.

Por que resolveu voltar a jogar?

Em 2008 parei por um ano e meio. Um diretor do Remo me ligou e comecei a jogar, fiz uma temporada. Aí o Independente me convidou para ajudar um time jovem. Adiei a aposentadoria e fui campeão.

Vai se aposentar este ano?

Difícil. Eu me senti bem, comecei a jogar. Em um ou dois anos, no máximo, acho que encerro a carreira.

Seu estilo de jogo mudou muito do começo de carreira?

É diferente. Era atacante, agora atuo pelo meio, cadencio o jogo. Não tenho explosão para ir à frente toda hora. É cortar caminho e deixar os atacantes na cara do gol.

Como é ficar escondido dos grandes centros?

Você tem de ter alegria e estar feliz onde estiver. Vim para cá, sei que estou longe do centro, mas tenho felicidade de jogar. A estrutura é diferente. Aqui precisa fazer mais, tem de participar, ter mais jogadores, estar na vida dos outros jogadores. Você aprende com o tempo. Meu fim de carreira vai ser bom, fui recebido com carinho aqui.

Pretende ficar no Pará?

Vejo a possibilidade de continuar aqui. Fui muito bem recebido, desde 2003. Conquistei não só torcedores, mas outras pessoas. Não sei em qual função, mas pretendo ficar. Montar um CT em Castanhal, ao lado de Belém, onde tenho amigos, é uma ideia que em dois anos vou colocar na minha carreira.

Fonte: Lancenet