Vasco tem a 2ª maior torcida da região metropolitana de Vitoria (ES)

Domingo, 05/02/2012 - 10:29

A Pesquisa da Vez: Grande Vitória

Detalhamento da pesquisa:

Localidades: Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra – ES.

Instituto: Futura

Amostra: 400 entrevistas, entre 24 de fevereiro e 01 de março de 2011

Margem de erro: 4,9 p.p

Costuma-se qualificar o estado do Espírito Santo como uma extensão do Rio de Janeiro, ao menos quando o assunto são torcidas de futebol. Não por acaso, poucos lugares rejeitam tanto o futebol local. No ano de 2011, o número de capixabas que afirmaram não torcer por clube algum no estado atingiu a expressiva marca de 71,8%. A preferência, é lógico, recai sobre os times cariocas. Mas em que medida? Seria verdade o senso comum de que haveria mais torcedores do Rio em Vitória do que em seu próprio estado de origem?

A resposta é não. Ainda que rubro-negros, vascaínos, tricolores e botafoguenses detenham a preferência de 85% dos torcedores da região metropolitana. Vamos aos dados, apurados pelo Instituto Futura:



Primeiramente, cumpre esclarecer que existem méritos e deméritos no trabalho em questão. É ruim que tenham sido apenas 400 entrevistados em toda a Grande Vitória – ainda que a mesma não seja das mais populosas. Percebe-se claramente que a amostra é volátil, com possível sensibilidade ao grande fluxo de turistas – especialmente vindos de Minas Gerais. O que explica o Atlético MG variando de 0,4% a 3,2% ao longo dos anos, por exemplo. Em casos assim, é salutar uma expansão da base de entrevistados, visando maior segurança estatística.

De qualquer maneira, é excelente a iniciativa de pesquisas anuais, posto que uma década é tempo suficiente para alterações no perfil dos torcedores. Neste sentido, verifica-se crescimento do Flamengo, com relativa estabilidade de Botafogo e Fluminense e tendência a queda do Vasco nos últimos dez anos. Mineiros e paulistas variam ao sabor da volatilidade, com tendência de crescimento destes últimos entre os mais jovens.

Retornemos à indagação do primeiro parágrafo. Com números tão expressivos a favor dos times do Rio, por que haveria de se questionar a primazia carioca em terras capixabas? Resposta: porque os números se referem à torcida, e não à população total da Grande Vitória, o que eleva o percentual dos clubes. Abaixo, um quadro que recalcula os números considerando a amostra total (e não apenas os torcedores), junto a um comparativo com as torcidas no estado do Rio – extraídos da última pesquisa Datafolha.



(*Os dados são de 2009 e não captam o posterior “resgate” vascaíno. É possível que seus números tenham sido esvaziados por um processo de “desalento” da torcida até aquele momento. Historicamente, é prudente que se trabalhe com cerca de 20% de vascaínos no estado do Rio de Janeiro)

Conclui-se que apesar de enormes e hegemônicas, as torcidas cariocas são menos presentes na Grande Vitória do que no Rio de Janeiro – processo atribuído à existência de quase 10% de torcedores de outras equipes em meio aos capixabas.

Findo o debate, analisemos os demais elementos da pesquisa Futura na região. Por cidades:



Assim, a capital Vitória (330 mil habitantes) concentraria a maior quantidade de flamenguistas da região – nada menos que 64,1% dos torcedores. Na cidade estaria também o maior percentual de tricolores (9%). Curiosamente, além dos quatro grandes cariocas, apenas um clube foi citado: o São Paulo (1,3%).

Já Vila Velha (maior cidade do conglomerado, com população de 414 mil) seria a mais diversificada, com 11 times citados. Palmeirenses, gremistas e tricolores da Boa Terra só foram encontrados por lá. Em Serra (409 mil habitantes) estaria o maior número de botafoguenses e corintianos – empatados com 7,1%, mas superados por 8,6% de cruzeirenses. Por fim, Cariacica (348 mil) seria reduto de vascaínos (23%), corintianos (6,6%, empatados com o Fluminense) e são paulinos (4,9%).

Por sexo:



O Flamengo seria o clube mais concentrado entre as mulheres (59,8%), enquanto o Fluminense, proporcionalmente, teria forte presença entre os homens da metrópole (10,5% – o dobro de botafoguenses).

Por faixas etárias:



Neste importante quesito – viés das torcidas no futuro – temos uma confirmação e uma surpresa. Entre os mais jovens, dois clubes concentrariam quase 83% dos adeptos: Flamengo (71,4%) e São Paulo (11,4%). E as surpresas não param, pois foram encontrados tantos corintianos quanto vascaínos (5,7% cada). O Fluminense teria apenas 2,9% e o Botafogo zero! Botafoguenses também inexistiriam na faixa dos 30 aos 39. (Considero esta uma situação irreal e reitero a necessidade de ampliação na base de entrevistados).

Naturalmente, à medida com se avança, crescem tricolores e botafoguenses. Ambos atingem o ápice na faixa entre 40 e 49 anos – onde representam 20% e 18%, respectivamente. Os mineiros também estariam submetidos a esta lógica, com 10% de cruzeirenses na mesma faixa etária.

Por escolaridade:



Vascaínos estariam concentrados entre torcedores de nível superior (24,4), enquanto tricolores e botafoguenses, curiosamente, seriam maioria entre aqueles com nível fundamental.

Por classe social (nível de renda):



O Flamengo teria concentrações próximas em torno dos mais ricos (A/B) e dos mais pobres (D/E). Vascaínos, botafoguenses e corintianos teriam maior presença na classe C. Tricolores nas classes D/E, e são paulinos, nas classes A/B.

Um grande abraço e saudações!

Fonte: Blog Teoria dos Jogos - GloboEsporte.com