Confira participação de repórter na peneira do Feminino do Vasco

Domingo, 29/01/2012 - 12:14



Em 2000, Marta, com 13 anos, calçava suas chuteiras e começava sua carreira profissional no time de futebol feminino do Vasco da Gama. Mais de uma década depois, jovens com idade e sonhos parecidos com o de Marta tentam, através de uma peneira, entrar no Gigante da Colina. Entre as aspirantes a jogadora, a apresentadora Cris Dias, que saiu cedo da cama para participar da seleção e contar a história dessas meninas para o Esporte Espetacular.

Cerca de 15 meninas, com idade entre 16 e 20 anos, entraram em campo para uma partida contra o time feminino Sub-20 do Vasco. Em jogo, a oportunidade de defender o curzmaltino na Copa do Brasil, em março, e no Campeonato Carioca. Um caminho para ingressar no futebol profissional.

A peneira ocorre diante dos olhos atentos do técnico Fernando Bittencourt, que tem a função de analisar o desempenho de cada uma das candidatas. O treinador ressalta a diferença de avaliação nas peneiras femininas e masculinas

- A gente observa a qualidade técnica. Eu não posso avaliar a condição física e tática agora. Isso é um passo a ser realizado após a aprovação. Quando elas entram no grupo, adquirem um pouco mais de qualidade física e noção de qual posição irão ocupar em campo.



Vaidade e preconceito

Dentro do campo, a seletiva feminina é igual à masculina. Tem chuteira, camisa, caneleira e calção, mas basta olhar com um pouco mais de atenção e que a vaidade se revela. Antes da entrada no gramado, o que se vê no vestiário são jogadoras calçando chuteiras coloridas, preocupadas com o cabelo, com a maquiagem e até com o perfume.

- Saímos daqui fedorentas, aí tem que passar um perfume para melhorar - disse a zagueira Aila.

A trajetória até o centro de treinamento do Vasco da Gama nem sempre foi cor de rosa, como as chuteiras. A maioria das meninas descobriu a paixão pelo futebol ainda na adolescência e já enfrentou o preconceito para conseguir praticar esporte, mesmo que de forma descompromissada.

- Sempre tinha um time assim, só com meninos. Então eles escolhem os integrantes de cada equipe e te deixam por último. No time em que você fica, eles falam que tem um a menos. Mesmo vendo que somos páreo, dizem que somos café com leite - relatou Taiane, uma das participantes.

As selecionadas

A partida contra o time Sub-20 terminou 4 a 1 para as federadas, o suficiente para a avaliação do técnico Bittencourt, que aprovou seis das 15 jovens que disputavam uma vaga na equipe. Isabel, Gleice, Aila, Ana Paula, Daiane e Xaiane foram as selecionadas para ingressar no clube carioca. Cris Dias, apesar do gol que marcou, com direito à comemoração do João Sorrisão, não foi selecionada. A gaúcha também perdeu um gol feito, digno do Inacreditável FC.

Passada a peneira

Alguns dias depois, a zagueira Aila Mendes da Silva, de 22 anos, já estava incluída na rotina de treinamentos do Vasco da Gama. Mesmo feliz por conseguir fazer parte de um grande clube, a jogadora demonstrou sua preocupação com o futuro do futebol feminino no país.

- Aqui tem muito machismo. Como antigamente, mulher tem que lavar louça. É o que os homens ainda pensam aqui no brasil. Mas não é nada disso. Nós merecemos coisas melhores.

Cheias de atitude, dentro de fora de campo. Esse é o perfil das jogadoras de hoje em dia. E quem sabe se não serão elas que em alguns anos receberão da Fifa um certo troféu dourado.

Fonte: GloboEsporte.com