Do Catar, Léo Lima diz que torce para o Vasco ganhar a Libertadores

Domingo, 22/01/2012 - 15:27

Leonardo da Silva Lima tem cadeira cativa na história vascaína. Num futebol permeado por mitos e heróis legendários, há que se registrar a proeza e o feito de Léo Lima na conquista do último título carioca do Gigante da Colina, no ano de 2003.

Além de ter feito o primeiro gol do time de São Januário, na decisão contra o Fluminense, Léo Lima teve a ousadia e a irreverência de escrever, com os pés, um dos lances antológicos que ficaram para a posteridade na memória poética do futebol. Aos 15 minutos do segundo tempo de uma partida muito conturbada, Léo Lima caiu pela ponta esquerda e efetuou um incrível cruzamento de letra, que percorreu toda a extensão da área, foi ajeitado por Cadu e finalizado por Souza. O gol garantiria o placar de 2x1. O Vasco fez-se campeão carioca daquele ano.

Por seus recém-completados 30 anos no último dia 14 de janeiro, o jogador recebe esta singela homenagem do SUPERVASCO.

LÉO LIMA: TOQUE DE CLASSE E PASSE DE LETRA

Léo Lima é, no trato com a bola, um dos jogadores mais elegantes que o futebol já nos mostrou. Talvez em função de tão grande elegância e garbo com a bola dominada, seu futebol não tenha alcançado o mesmo nível de produtividade que dele se esperava. Para os adeptos do futebol-força e dos esquemas táticos onde prevalecem as teorias dos treinadores que violam a característica de seus comandados, Léo Lima acaba parecendo lento, não-engajado, disperso.

A verdade é que esse grande jogador, de rara habilidade e privilegiada visão de jogo, repete nos gramados a elegância de seu bisavô, o antológico Isaías do Expresso da Vitória. E Léo Lima lembra como foi sua trajetória inicial, ao ser contratado ao Madureira para brilhar em São Januário.

“Eu não fui direto para o profissional porque no time tinha Juninho Pernambucano, Ramon, Pedrinho, Júnior Baiano, Jorginho, Romário, só craque. Ia para o banco, voltava, jogava no júnior e isso foi me amadurecendo, fui adquirindo experiência com eles. Em meu primeiro jogo profissional eu dividi quarto com o Juninho Pernambucano que, na minha primeira concentração, já me deu vários conselhos” – lembra, recordando sua chegada ao Vasco, em 2001.

Foi somente a partir de 2003 que Léo Lima começou a disputar posição e se firmar como um dos titulares. “O Vasco era um time bem montado em 2003. Tinha jogadores como Souza, Marcelinho Carioca, Rodrigo Souto. Tinha um ótimo treinador, o Antonio Lopes. Isso nos ajudou na conquista do título”. E recorda o jogo onde ocorreu o feito mais memorável de sua carreira:

“Foi uma partida muito difícil, muita confusão, arbitragem polêmica... teve de tudo. Sobre a letra que fiz, algumas pessoas me encontram na rua e ainda comentam sobre o lance, fui muito ousado na hora” – comenta, com ar de riso, numa inevitável volta ao passado.

Léo Lima não esconde que jamais teria saído do clube, naquele momento, se não fosse por questões políticas. Leia-se: uma indisposição com o então todo-poderoso mandatário Eurico Miranda. Léo saiu do Vasco e passou por vários clubes do futebol brasileiro. Mas guarda, com carinho, os dias em que seu futebol brilhou pela equipe do Goiás. “Fiquei lá por pouco tempo, mas o carinho que recebi dentro e fora do clube foi fantástico. Minha família adorou Goiânia, e gostaria muito de um dia voltar a morar lá”.

O DNA vascaíno de Léo Lima também falou alto no episódio mais dramático da história do clube.

“A queda para a Série B foi algo lamentável!” – afirma, lembrando que chegou a integrar a primeira lista de reforços para a campanha do retorno.

Na época, Léo Lima fez vários discursos em favor da doação e da paixão pela camisa para redobrar a garra e a motivação do grupo em busca da reabilitação.

“Sabia quer seria uma pressão enorme, mais dei a cara pra bater e assumi a responsabilidade. Acabei deixando o Vasco porque havia pessoas lá dentro que falavam que eu ganhava muito pra jogar muito pouco, então achei melhor sair!” – conta, justificando sua saída do clube após não ter correspondido as expectativas daquela temporada.

Sobre o ano de redenção do Vasco, que foi 2011, Léo afirma ter acompanhado as partidas e comentou a campanha no Brasileirão:

“Acompanhei, sim, vários jogos do Vasco. O desempenho foi maravilhoso, achei até que quem merecia ganhar o Brasileirão era o Vasco. O clube montou um ótimo time, o Vasco só não ganhou porque houve muitos erros de arbitragem, isso prejudicou muito” – declarou.

Léo Lima aposta na experiência do time atual, nos talentos de jogadores fortemente ligados ao clube, como Juninho e Felipe, e no modelo de liderança implantado por Ricardo Gomes para que o Vasco brilhe nesta temporada e conquiste sua segunda Taça Libertadores.
Atualmente defendendo o Al-Nasr, o meia ainda sente bem perto o carinho e a gratidão da família vascaína:

“Queria agradecer à torcida do Vasco, que sempre acreditou em mim. Foi no Vasco que realmente as oportunidades começaram a aparecer, o Vasco abriu várias portas. Só tenho a agradecer a esse clube maravilhoso. E desejo uma boa sorte neste ano tão importante para o Vasco. Estarei daqui do Qatar torcendo muito para o Vasco conquistar a libertadores!” – conclui.

Léo Lima encerra sua conversa com o SUPERVASCO com um certo saudosismo, deixando, no ar, a esperança de, um dia, retornar a seu país e ao clube que o lançou. Porque Léo Lima entende desse negócio de desenhar coisas no ar. Aquele passe de letra que o diga...

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Fonte: Supervasco