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NETVASCO - 04/09/2008 - QUI - 19:54 - Eurico diz que não tem vontade de assistir aos jogos em São Januário
O ex-presidente do Vasco, Eurico Miranda, convidou todos os jogadores e membros da comissão técnica que conquistaram o título da Libertadores em 1998. Em um almoço no restaurante Adegão Português, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio de Janeiro, o dirigente reencontrou os amigos, inclusive o técnico Antônio Lopes, comandante da história vitória em Guyaquil, no Equador. Em um bate-papo com a imprensa, Eurico Miranda não guardou segredos. Pela primeira vez, o dirigente falou da doença que o afligiu no ano passado, do seu contato com a família e de como está passando o seu tempo longe da presidência. Qual foi o momento mais marcante da conquista da Libertadores de 1998? Todo mundo lembra do gol que o Juninho marcou, mas na verdade tivemos outras coisas mais sérias durante a caminhada. Em São Januário, no jogo contra o Cruzeiro, por exemplo, o time começou perdendo por 1 a 0 e virou para 2 a 1. Foi difícil porque tivemos que vencer dois rivais brasileiros, o Cruzeiro e o Grêmio. Tudo foi devidamente planejado, sempre nos mínimos detalhes. Lembro que o Juninho ficava no banco, o Vágner ficava no banco. Jogávamos com dois caras na frente, o Donizete e o Luizão, e demos sorte de eles terem atuado em todas as partidas. Tínhamos atletas com grande qualidade, que formaram um grande time. Mas, sem dúvida nenhuma, a gente deve essa conquista a São Januário. O estádio foi fundamental. Fizemos melhoras no estádio e a Sul-Americana aprovou para todos os jogos. Fizemos uma final de Libertadores em São Januário. Tínhamos a torcida, o foguetório, isso tudo criava um clima para o adversário. E essa história que o Donizete Pantera tinha liberdade para falar o que quisesse? Eu tinha um trato com o Donizete e com os outros jogadores. Apenas ele poderia falar besteira nas entrevistas. O Donizete tinha carta branca e outros jogadores sabiam disso. As palavras dele não tinham maldade. E como é o Eurico torcedor? A figura do dirigente não vai sair nunca. Assisto aos jogos normalmente pela televisão. Não vou mais aos jogos para não me aborrecer. Tem sempre um gaiato que quer aparecer. Não tenho medo de ser hostilizado porque estou acostumado com isso. Há algumas pessoas que eu prefiro não ver. Eu não vou mais ao estádio e não sei se vou voltar a ir. Você sofre vendo o Vasco, principalmente por não estar mais lá? Não sofro com nada. Eu sofro vendo as besteiras que fazem. No time de futebol ou na administração? Não existe besteira dentro de um grupo de futebol. Elas acontecem fora de campo. O Flávio Costa, em 1950, disse que uma partida de futebol se ganha 50% dentro de campo e 50% fora dele. Hoje em dia, acho que você ganha um jogo 80% fora de campo e 20% dentro. O que eu digo fora é na superação de obstáculos, a preparação fora de campo. Você perde um jogo nos detalhes. A palavra com os jogadores, com a comissão técnica, tudo isso é importante. O pessoal tem que confiar em quem comanda. A minha experiência no futebol fala isso. Eu era o comandante, o chefe geral, absoluto. Os caras sabem que eles podem confiar. Você tem acompanhado outras modalidades do Vasco? Você foi à regata do último domingo, não foi? Há 56 anos, eu ia com a minha mãe no estádio de remo da Lagoa para ver as regatas. Eu me considero um homem do remo. O Vasco ganhou 16 anos seguidos o título de remo. Teve uma época, em que acabaram com a modalidade no Vasco, e o clube viu o Flamengo conquistar 15 anos seguidos. No ano seguinte, eu fiz de tudo para ver o remo ganhar de novo. Fui lá na última regata porque eu gosto de remo. Fiquei na mesma posição que eu ficava antes. Os remadores sabem que eu sempre apoiei. Deixei o Vasco com 48 pontos de frente sobre o segundo lugar. Do nada, a diferença caiu para 20. Fui lá porque estava preocupado, fiz um investimento forte no remo do Vasco. Queria saber se as providências que deveriam ser tomadas estavam sendo feitas. Se os remadores estavam sendo pagos, se estavam treinando todos os dias. Cheguei lá na quarta regata, as outras três anteriores eles tinham perdido. Curiosamente, a partir da quarta, o Vasco ganhou todas. Você pensa em voltar ao Vasco como dirigente? Não volto mais ao Vasco, nenhuma chance. Vou ter participação ativa pelas sacanagens que fizeram. E vai ser só isso. Você sente saudade do Vasco? O sentimento não é saudade. O que eu mais sinto é preocupação. Sempre fiz o máximo pelo Vasco, nunca deixei por menos. A gente erra muito, mas se eu voltasse no tempo, faria tudo da mesma forma. Nunca fiz nada visando o reconhecimento. Nunca fiz nada esperando reconhecimento. O fato de eu não ter continuado na política, não me afetou em nada. Eu ter sido eleito, mostrando que só estaria ali pelo Vasco, é que eu achei um fenômeno. Após deixar o Vasco, você está dando a forra para a sua família? Está ficando mais em casa? Eu já ficava em casa. A minha relação com os meus filhos independe da minha presença. As coisas são em cima do exemplo, nas atitude que você toma, da maneira que você procede. Sempre fui tratado como um retrógrado, um tradicionalista, mas eu nunca dei um tapa em um filho meu. Bastava eu olhar que eles entendiam tudo. Nunca inventei um castigo para um filho meu. Não tenho filho nenhum metido com drogas ou com coisas erradas. Os seus filhos trabalhavam no Vasco. Você acha que algum deles pode vir a se tornar presidente do Vasco? O Eurico (Euriquinho) estava mais na parte administrativa comigo. O Álvaro fez um trabalho muito bonito nas divisões de base. Agora, os dois tocam a minha empresa. Atividades é que não faltam. O Vasco prejudicava o desenvolvimento deles. Acho que o Euriquinho não pensa nisso. São caras mais modernos. Eu nunca gostei ou desgostei de alguma coisa que eles quisessem fazer. Dei os meus pitacos, mas quando eles optam por alguma coisa, eu dou força. Você precisa respeitar as individualidades. O meu filho mais velho (Mário), por exemplo, fez várias faculdades, engenharia, administração, mas só se encontrou agora. Ele se formou em História e está fazendo mestrado, doutorado. Eu o alertei como sempre faço e disse: com isso, acho que você não vai ganhar dinheiro. O mais novo (Álvaro) se dá bem com a garotada, ele faz um bom trabalho com isso. Vou dar força para ele continuar. E como está a saúde? Tive um problema sério de saúde. Tirei um tumor de alta malignidade. Tirei há um ano e quatro meses um tumor maligno da bexiga. Fiz os exames de rotina no mês passado e está tudo bem. Levei um ano e pouco para fazer os exames e só fiz depois que eu deixei o clube. Dois dias depois que eu fiz a cirurgia, eu já estava no Vasco. O que eu podia fazer sobre isso? Descobri o tumor, fui ao médico e tirei. O tumor foi analisado e era maligno. Operei em 2007, não lembro a data, mas tenho uma saúde de ferro. Um dia, em casa, urinei sangue, achei que era normal. Achei que um vaso tivesse se rompido. Dois dias depois, urinei sangue de novo e fui ao médico. Tinha que mudar a alimentação, mas não mudei nada. Continuo fumando o meu charuto. Você tem medo de morrer? O sujeito que disser que não tem medo de morrer é um falso. Eu tenho medo de morrer e deixar problemas para os meus que estão aqui. Não deixando problema, não tem problema nenhum. Não tenho culpa no cartório. Não tenho filho externo, mulher externa. Dei algumas cacetadas em algumas pessoas, sempre de boca, mas nunca de mão. Você realmente vai tentar ser presidente do Bangu? Dizem que eu desviei dinheiro do Vasco para investir em outro lugar. O Vasco me deixou uma série de compromissos com um monte de gente, eu preciso honrá-los. Não tem hipótese nenhuma de eu investir em outro clube. Não coloco dinheiro em nenhum clube que não seja o Vasco. Fonte: GloboEsporte.com |
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