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NETVASCO - 29/07/2008 - TER - 17:42 - Presidente do Urubu comenta reaproximação com o Vasco

O presidente do Flamengo, Márcio Braga, critica a Rede Globo quanto às divisões de cotas. Para o cartola, o critério deveria ser técnico, para não prejudicar os times maiores.

Além disso, Márcio Braga comenta sobre o atual momento do rival Vasco, agora na gestão do presidente Roberto Dinamite, fala sobre o Clube dos 13 e explica a criação da Copa União, vencida pelo Fla em 1987.

Confira a entrevista:

Somente Flamengo, Corinthians e São Paulo estavam organizados para tentar endurecer as negociações sobre os direitos de transmissão dos campeonatos de 2009, 2010 e 2011 com a Rede Globo?

Sim, porque são os maiores clubes, os de maior expressão televisiva do Brasil.

O Flamengo também assinou o contrato?

Não, o Flamengo ainda não assinou.

Por que não?

A posição inicial tomada pelo Flamengo, de fazer uma negociação direta com a Globo e não pelo Clube dos 13, não prosperou, porque os outros clubes assinaram. Ficaram só São Paulo Corinthians e Flamengo. O Corinthians, por pressão financeira e situação de caixa, se viu obrigado a assinar. O São Paulo, para não ficar sozinho e talvez por uma pressão de caixa, assinou.

E o Flamengo mantém o seu ponto de vista. Ainda não houve uma rodada final de negociação. Eu acho que no fim, claro, como sempre, o Flamengo vai assinar também. O Flamengo não tem absolutamente nada de pessoal com relação à Globo.

Nós temos muito respeito pela Globo, vemos a Globo como a empresa mais sólida para deter o contrato de imagem do Flamengo. Agora, a Globo, como é muito poderosa, desfruta de uma posição no mercado realmente excepcional, sempre quer impor a sua forma de negociar, que diz respeito mais aos interesses dela do que do clube que esteja vendendo seu direito de imagem.

Por exemplo?

Nós temos um problema com a Globo desde o último contrato, este que ainda está em vigor. Nós achávamos que a divisão da receita deveria ser feita por critério técnico e não por critério político. Não é possível que o Flamengo, que é se não o maior, mas um dos maiores vendedores de Pay Per ter o mesmo percentual do Goiás, do Figueirense, do Guarani, da Portuguesa, do Juventude, do Criciúma.

Não é justo isso. E nós queríamos o critério técnico da divisão por Pay Per View e de exposição para a TV aberta. Porque se botam o Flamengo mais do que botam os demais, e aí é o caso do São Paulo e do Corinthians, em São Paulo, o Flamengo tem que receber mais. Tem que receber pela exposição.

O critério do Clube dos 13 é um critério político [dividir igualmente a cota paga pela Globo entre todos os clubes] que vai, evidentemente, privilegiar os de menor expressão em detrimento daqueles que têm a maior representação, maior exposição. É um ponto de vista que nós defendemos desde o último contrato e que não conseguimos estabelecer nem para o atual.

Este novo contrato irá até 2011. Você acha que a Globo reconhece ser irreversível o fim do critério político?

Eles acham isso, que esse critério político não vai resistir ao próximo contrato. Mas não deveria resistir a esse. Porque nós, há três anos, já dissemos que não era possível continuar assim.

E o Clube dos 13...

O Clube dos 13 abastardou-se, virou uma agência política dos interesses da TV Globo. Não faz mais nada além disso.

É possível afirmar que o Clube dos 13 faz essa negociação por critério político por arranjos e interesses internos?

Mas não tenha dúvida. Esse contrato foi fechado pelo Mustafá Contursi. O Fábio Koff levantou da mesa, dizendo: “Vou renunciar, isso não é possível”. Ele sai da mesa e aí o outro enfia pela goela da gente. E é tudo um jogo cênico porque, agora, veja, na reeleição do Fábio Koff, recondução melhor dizendo, para a presidência do Clube dos 13, eles deram o mesmo peso de voto dos clubes fundadores para os demais.

Então igualou tudo. Igual Federação do Rio. O Flamengo representa 70% da arrecadação do futebol do Estado do Rio de Janeiro. Você vai à reunião da Federação e quem decide a vida do Flamengo é o Bangu, o América, o Campo Grande, o Olaria, o Bonsucesso, o Nova Iguaçu, Americano. Todos, menos o Flamengo.

Nesse sentido, o que significa a aproximação do senhor com o Roberto Dinamite?

Isso tudo era comandado pelo Eurico Miranda. Vamos ver agora com a chegada do Dinamite se a gente consegue ter um outro posicionamento político no futebol do Rio de Janeiro. E mesmo no nível nacional, pois o Vasco é um clube de expressão nacional. O Botafogo sempre acompanha o Flamengo, o Fluminense sempre acompanha o Vasco e a gente perde de 8 a 2. Se são 12 a gente perde de 10 a 2. E no Clube dos 13 agora ficou a mesma coisa. Todos estão igualados, não é isso? Nós vamos perder. Mas, vamos lá, vamos fazer o raciocínio completo.

Como vocês fizeram a negociação na Copa União?

Eu sou fundador da Copa União. Nós devemos mais esse favor, esse reconhecimento à rede Globo. Em 1987 o presidente da CBF foi ao Jornal Nacional, da Globo, e falou que naquele ano não havia condições de realizar o campeonato brasileiro, porque faltava recursos e datas suficientes. Tinham 50, 60 clubes que para colocar no campeonato.

Liguei aqui do Rio de Janeiro para o Carlos Miguel Aidar, do São Paulo e falei: “Olha, Carlos Miguel, está na hora da revolução. Junte os clubes de São Paulo, vou juntar os do Rio”. E aí é que nasceu. Pegamos os dois mineiros, os dois do Rio Grande do Sul. Depois resolvemos pegar um do Nordeste, o Bahia, e a Bahia é um bom mercado. Fundou-se o Clube dos 13.

Agora, o que viabilizou isso? A entrada da TV Globo, que comprou o produto Copa União. A TV Globo chegou e falou: “Vou comprar o seu produto. Eu pago três milhões”. Aqueles três milhões foi o que viabilizou o campeonato porque, depois, nós conseguimos trazer mais três milhões de outros patrocinadores. Com seis milhões nós organizamos o campeonato. Pagamos hotelaria, transporte. E foi um sucesso de público, de renda e todo mundo saiu satisfeito.

A Coca-Cola entrou, comprou a camisa de todo mundo que não tinha patrocinador na camisa. Foi um sucesso. A gente deve esse reconhecimento. A Rede Globo é uma grande organização, não a menor dúvida disso. Agora paga trezentos milhões. Aumentou de três para trezentos.

Agora, temos que reconhecer que ela tem que pagar aqueles que mais produzem. Exposição e fidelização é que devem pautar a divisão da receita. E não entregar isso a uma terceira pessoa jurídica, que é o Clube dos 13, que vai utilizar um critério dentro de uma ordem política. Isso não nos interessa.

Dentro da Globo existem aliados dessa idéia?

Acho que não. Não vejo voz discordante dentro da Globo. Eles jogam fechado.

Qual a sua opinião sobre o monopólio da transmissão do campeonato?

Isso tem que ser apreciado pelo poder público, Ministério da Justiça, secretaria de Direito Econômico, Cade. Isso não está na nossa alçada. Não vamos nem discutir isso. O que eu quero é vender a minha exclusividade.

Você compra meu produto, paga dez. Você paga dez pela TV aberta. Para vender para TV fechada eu vou vender pra Record. E o PPV, vou vender pro SBT. “Não, eu pago dez, mas você não pode vender para outras emissoras”. Não. Se você quer exclusividade, vai ter que pagar 20.

Monopólio é uma questão política. Não cabe a mim e sim ao poder público discutir se há monopólio aí. A mim, como comerciante, vendendo o meu produto, se o meu produto é bom, vale dez. E se eles querem exclusividade, paga vinte, meu amigo.

A Globo ofereceu R$ 410 milhões. A Record ofereceu alguma coisa, concretamente?

Não. A Record não efetivou nenhuma proposta. Só a Globo oficializou a proposta.

O senhor e o Roberto Dinamite [presidente do Vasco] assistiram juntos ao Clássico dos Milhões. Como foi essa experiência?

Assistimos por convite dele. Um convite muito honroso do presidente do Vasco ao presidente do Flamengo para assistirem, os dois juntos, na tribuna de honra do Maracanã, ao clássico Flamengo x Vasco.

Pretende fazer disso uma tradição?

Se possível, sim. Nada contra. Mas eu acho que esta primeira vez foi de um simbolismo muito forte, muito poderoso. Acredito que essa mensagem de paz, de não à violência, de compreensão entre os homens, entre os desportistas principalmente, de deixar que a disputa se realize meramente entre adversários dentro de campo, ao mesmo tempo em que os dirigentes devem ter um entendimento superior para tratar dos seus interesses, isso, essa mensagem passou. E passou forte para a sociedade. Passou para o Brasil inteiro, principalmente por serem duas grandes instituições do futebol, o Vasco e o Flamengo.

Duas instituições com raízes profundas na cultura brasileira, na cultura nacional. Flamengo e Vasco não são meramente clubes de futebol, são clubes nacionais, têm torcedores do Oiapoque ao Chuí. E alucinados. Vi pessoas sentadas com camisas do Flamengo abraçadas a vascaínos. O Roberto Dinamite marcou mais um golaço na sua vida desportiva, porque o convite partiu dele.

Indo para um lado mais cômico, como ele reagiu ao jogo? Ficou uma situação constrangedora?

Ele está acostumado a perder e a ganhar. Ele conhece o Flamengo, foi vinte anos jogador do Vasco. Está cansado de ganhar e perder pro Flamengo. Ele conhece bem nossa torcida. Nossa torcida massacrou a torcida do Vasco.

O Vasco não compareceu. O lado do Vasco estava vazio. O time é fraco. Eu vejo, o Roberto deve ver e o torcedor vê. E não vai. Já sabia. Quando o Flamengo marcou o terceiro gol, metade da torcida foi embora. Não cantavam, não gritavam, não faziam mais nada.

Mas deve ser melhor vencer um Vasco mais forte...

É sempre bom, sai faísca. É um clássico, não há favorito. Já cansei de ver o Flamengo melhor que o Vasco e perder o jogo. Assim como também já cansei de ver o Vasco melhor que o Flamengo e perder o jogo. Nesses clássicos não há favoritismo, só que o time do Vasco é bem inferior ao do Flamengo, a verdade é essa.

Fonte: Placar


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