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NETVASCO - 15/07/2008 - TER - 02:31 - Eurico fala sobre o seu período no Vasco de 1985 a 2008

O ex-presidente Eurico Miranda fala sobre o seu período no Vasco, desde quando concorreu à presidência em 1982 e 1985, quando foi derrotado por Antônio Soares Calçada, até 30 de junho de 2008, quando deixou a presidência, que ocupava desde 2001.

"Tivemos uma eleição. Eu fui candidato. Perdi essa eleição. Fui para aonde sempre gostei de estar e que foi sempre a minha grande paixão. Voltei à arquibancada, de onde eu era oriundo. No final de 1985 tivemos uma outra eleição no Vasco, em que fui candidato. Perdi a eleição. Não discuti a eleição, se foi feita desta ou daquela maneira. Tranqüilamente voltei à minha vida, que sempre mais gosto, que é de ir para a arquibancada. Um dia, o seu Arthur Sendas, o seu Neca [Manuel Fontes], que hoje está aí na vice-presidência de futebol, e outras figuras, me chamaram para ir para uma reunião, em uma trade que o seu Arthur Sendas tinha na Avenida Rio Branco. Nessa reunião disseram me disseram textualmente o seguinte: 'O Vasco é inviável'. A minha resposta foi para eles foi a seguinte: 'Na opinião de vocês'. 'Ah, sabemos do seu vascainismo. Sabemos que você tem um plano para o Vasco. Queríamos que você passasse esse plano'. Eu disse 'Não tem problema nenhum, mas o plano depende de homens. Para se executar o plano depende de homens. Estou absolutamente fora. Não tenho pretensão nenhuma, mas posso sugerir alguns nomes'. Daí sugeri alguns nomes, como o nome do Jorge Salgado, Mário Cupello, e outros que poderiam participar da administração", disse no programa "Casaca no Rádio", veiculado na Rádio Bandeirantes.

"O seu Antônio Soares Calçada, na véspera da indicação dos vice-presidentes, me chamou para um almoço no hoje Restaurante Rios, junto com o dr. José Carlos Osório, e me colocou que precisava que eu assumisse o futebol porque ele estava carente de que tivesse uma pessoa que pudesse efetivamente ajudá-lo na administração. Me neguei. Ele insistiu comigo, disse que iríamos trabalhar diretamente e eu não tinha que me reportar a ninguém, só a ele. Depois de muita insistência, acabei aceitando e, naquela noite mesmo, na indicação do vice-presidente de futebol, assumi na Lagoa. Começou, a partir de 86, esse trabalho todo desenvolvido".

"Não preciso falar nos títulos. Preciso muito mais falar no trabalho desenvolvido, em que, na verdade, o meu objetivo maior sempre foi resgatar o orgulho de ser vascaíno, de mostrar o que era efetivamente o Vasco, o que o Vasco representava. Muitas coisas aconteceram para que isso se tornasse realidade. Tivemos que enfrentar muita coisa, criar inúmeras inimizades. Não foi novidade no Vasco, por exemplo, esse jornalista que tanto odeia o Vasco. Quem não se lembra do Ary Barroso? Não por que tivessem feito contra mim, mas o que faziam contra o Vasco. Tivemos que tomar algumas atitudes. Evidentemente, isso cada vez mais nos trouxe a mídia contra nós".

"Eu tinha como objetivo colocar o Vasco no seu lugar. Dominava, na mídia do Rio de Janeiro, a dupla Fla-Flu. Investi violentamente contra isso, de tal forma que atingimos o nosso objetivo, colocando o Vasco no seu lugar. Estimulei sim a rivalidade. Não somos de segunda classe. Somos de primeiríssima classe. Transformei em realidade algo que tenho muito receio, porque a luta é permanente, constante, diária. O Vasco nunca recebeu um centavo a menos do que o Flamengo, em qualquer divisão. A nível nacional e estadual recebia igual ao Flamengo. Isso fruto de uma luta permanente, com todas as tentativas de diminuir o Vasco e passar o Vasco para uma outra categoria. Desde a criação do Clube dos 13, que foi quando efetivamente começamos a ter divisões de cotas, há 20 anos tem sido a minha luta permanente e diária contra isso, todas as investidas para que isso não viesse a acontecer".

"O estímulo dessa rivalidade resgatou o orgulho da gente ser vascaíno, com os títulos conquistados em todos os setores. Criamos um projeto olímpico para mostrar que o Vasco não era um simples time de futebol, que o Vasco era uma instituição de nível mundial. Conquistamos não só no futebol. Conquistamos, nas modalidades olímpicas, títulos nacionais e internacionais, demonstrando que tínhamos capacidade para tal".

"No ano de 2000, vou lembrar a todos, porque infelizmente a memória é curta, tivemos aquela acidente em São Januário. Como é que tudo começou? Começou que disputávamos duas competições - o Campeonato Brasileiro e a Copa Mercosul. Elaboraram uma tabela, em que jogaríamos terça, quinta e sábado. É evidente que não teríamos condição de chegar em nenhuma delas. Havia uma decisão, por parte da Globo, que o campeonato tinha que terminar antes do dia 16 de dezembro, sob a alegação de que tinha toda a sua programação, já depois do Natal, organizada, vendida. Não aceitamos. Fomos à Justiça. Adiamos um jogo nosso. Isso ultrapassaria as datas, tanto que a decisão do Campeonato Brasileiro, para avivar a memória de todos, foi no dia 30 e a Copa Mercosul passava no dia 20. A primeira retaliação foi que dependíamos do recebimento das nossas cotas, e deixamos de receber. Mas vamos para esse jogo, essa decisão, e aconteceu aquilo que todos sabem. Transformaram toda uma organização que tínhamos feito e fizemos. Quem lá esteve e presenciou... Em lugar nenhum do mundo, em um acidente semelhante, teve o socorro prestado da forma como foi prestado. Tivemos circulando mais de dez ambulâncias dentro do campo, com a maior facilidade, entrando e saindo. Tivemos uma preocupação imediata de atender os feridos".

"Depois, como conhecíamos muito bem o regulamento, tínhamos a preocupação de que não nos fosse dado a culpa pelo acidente, porque o resultado daquele jogo, pelo regulamento, se tivéssemos culpa, seria 1 a 0 para o São Caetano, e o São Caetano seria o campeão. Tivemos a preocupação, atendendo os feridos, de demonstrar que tínhamos plena segurança para que o jogo pudesse continuar. Ouvimos apenas o seguinte. Em primeiro lugar, começaram os elogios, de que a gente estava fazendo o trabalho, que estava sendo desenvolvido, etc. Mas quando se aproximava o horário da novela, tiveram que dizer que não era possível, alguém tinha que interceder, o jogo não podia continuar. Depois de termos, por parte do árbitro, da Defesa Civil, do policiamento, a demonstração de que tinha plenas condições para continuar o jogo, tivemos a notícia de que o governador do Estado [Anthony Garotinho] tinha mandado suspender o jogo. Começou ali uma batalha grande, porque queriam nos tirar o título. Tudo foi feito nesse sentido, mas conseguimos que prevalecesse o direito. O Vasco teve o direito de jogar a nova partida".

"No momento em que a gente, sofrendo todo aquele assédio, toda a perseguição que foi feita, campanha difamatória que tínhamos sofrido, nasceu assim, não se sabe de onde, mas normalmente essas coisas vêm lá de cima... Me surgiu a idéia de colocar o SBT na camisa do Vasco. Isso mais como uma resposta ao que estava sendo feito. Conquistamos o título, mas nos levou a um ano e seis meses de asfixia financeira, em que não recebemos um centavo. Quando mais precisávamos de ajuda, não a tivemos. Tivemos mais de 300 ações indenizatória, de gente que nem lá compareceu, estimulados para que fizessem, pedissem indenização. Gente que estava em casa e pedia indenização porque se sentiu mal em casa. Gente que passava do lado de fora. Enfim, de todo tipo. Teve algumas que lá estiveram e comprovadamente tiveram lesões leves. Mas a Justiça entendeu de dar ganho de causa. Posso dizer que a conclusão disso é que hoje restam apenas oito ações. Todas elas ou foram ganhas pelo Vasco, ou o Vasco pagou a indenização".

"Conseguimos sobreviver graças à interferência de amigos pessoais, que sustentaram esse período extremamente difícil. Mas em momento algum perdemos a dignidade, nos submetemos ou humilhamos. Enfrentamos toda essa situação com muita altivez. Fizemos posteriormente uma composição com a Globo e fomos tocando a nossa vida".

"Com todas essas dificuldades, recebi o Vasco, no final do ano de 2000, com aquela CPI que só servia para ultrajar o Vasco, dirigida. Tudo isso junto, nós conseguimos superar. Afirmo e reafirmo. De 2000 a 2008, o Vasco não acresceu um centavo na dívida que já tinha".

Fonte: VascoExpresso


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