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NETVASCO - 14/05/2008 - QUA - 07:21 - Política: Presidente do Conselho Benemérito fala sobre carreira no Vasco

Carlos Alberto Martins Cavalheiro, presidente do Conselho Benemérito do Vasco, fala sobre a sua carreira no Vasco, iniciada como goleiro.

"A questão de ser vascaíno, a gente já nasce. A minha família é portuguesa e, claro, torcedora do Vasco. A gente, dentro de casa, já aprende a gostar do Vasco da Gama. Começa a ir a jogos garotinho... Com 16 anos de idade eu era aluno do Colégio Militar do Rio de Janeiro, do segundo ano científico, e fui jogar no Vasco. Dali, joguei dez anos direto no clube. Foram quatro anos no juvenil, quatro no aspirante e dois no time titular, até a aeronáutica me transferir para São Paulo, porque eu já estava há cinco anos no Rio de Janeiro e é absolutamente natural uma transferência na vida militar. De garoto, já entrei no Vasco aos 16 anos de idade e estou lá até hoje", disse ao "Casaca no Rádio", programa oficial do Vasco, veiculado na Rádio Bandeirantes.

CONCILIAR A PROFISSÃO DE GOLEIRO COM A CARREIRA MILITAR

"Naquele tempo não existia muito treinamento de goleiro como é hoje. Hoje existem treinadores de goleiros, gente especializada, o goleiro tem treinamento especializado. Eu não tinha, é óbvio, tempo para treinar com afinco, como treinavam os outros. Eu fazia o meu treinamento dentro do Colégio Militar. Quando eu era cadete da aeronáutica, fazia dentro da Escola da Aeronáutica dos Afonsos. Por eu ser goleiro, essa foi a diferença, tive essa facilidade. Eu estava firme lá nos fins de semana porque naquele tempo não existiam rodadas intermediárias de quarta-feira e quinta-feira. Felizmente, eu sempre me dava bem".

COMPANHEIROS NO GOL

"Hélio e acho que Vitor Gonzales. O Barbosa já havia saído do Vasco. Eu jogava no juvenil quando ele jogava no titular. Ele foi jogar no Bonsucesso, só que fizemos uma excursão - eu já transferido para São Paulo - na América do Sul para jogar com Boca Juniors, Nacional, Penãrol... O Vasco convidou o Barbosa, que foi como terceiro goleiro, para ele ser incorporado ao elenco porque eu já estava transferido, ia voltar da excursão, sair do Vasco e me apresentar em São Paulo. Foi por isso que ele voltou à equipe do Vasco da Gama. Imagina eu ter o Barbosa como reserva. É até brincadeira isso, mas o que se pode fazer? Foi eventualmente".

CAMPEONATO ESTADUAL DE 1956

"A gente sempre tem muita coisa para contar. A emoção do momento é difícil a gente recordar agora, muitos anos depois. O campeonato de 56 realmente foi uma emoção grande porque o Vasco não vencia campeonato desde 1952. A equipe do Vasco, a gente tem que reconhecer, era boa. Dois anos depois, três titulares da Seleção Brasileira campeã do Mundo. Aquela emoção, a gente teve porque ganhou na véspera. Ganhamos antes de terminar o campeonato, uma rodada antes. Vencemos o Bangu no sábado, o Flamengo perdeu para o Botafogo no domingo e já fomos campeões. O jogo com o Olaria foi um amistoso e o treinador nosso, em boa hora, substituiu a maioria dos titulares para que os outros também fossem campeões, tivessem a mesma felicidade que nós".

TRANSFERÊNCIA PARA A PORTUGUESA APÓS IR MORAR EM SÃO PAULO

"Na Portuguesa de Desportos, por um motivo. O Flávio Costa era o treinador e já me conhecia, tinha sido o meu treinador no Vasco quando eu jogava nos aspirantes. Naquele tempo, o treinador do time titular era o mesmo dos aspirantes, que jogava na preliminar da equipe principal. Não havia a substituição, nem de goleiro. Eram onze e onze. Quem não jogava em cima tinha que jogar em baixo. O Flávio Costa, quando viu que fui transferido para São Paulo, telefonou para a minha casa e decidiu para eu ir jogar com ele. Ele tinha o Cabeção, um certo goleiro, era até meio reserva da Seleção Brasileira, mas ele mandou embora e fui para lá. Joguei quase três anos lá e parei, até as Olimpíadas de Roma. Tive que viajar muito com negócio de Pré-Olímpico. Depois praticamente abandonei. Joguei dois [Jogos], o da Finlândia, em 52, quando eu era cadete da aeronáutica, e o de 60, em Roma. Naquele tempo era só amador. Em 52, por exemplo, fomos eliminados pela Alemanha na prorrogação, o time que em 54 ganhou o Campeonato Mundial da Hungria. A diferença de nível, idade e experiência era muito grande. Agora não, a coisa melhorou. Naquele tempo era mata-mata, igual a jogo de tênis. Perdeu, vai embora eliminado. Agora não, é por chave, a coisa ficou melhor".

TORNEIO DE PARIS EM 1957

"Já havíamos jogado um ano antes contra o Real Madrid. Houve uma chamada Pequena Copa do Mundo em Caracas, com o campeão de Portugal, o Porto, o da Espanha, o Real Madrid, o da Itália, a Roma, e o carioca, o Vasco da Gama. Já havíamos jogado - era turno e returno - duas vezes contra o Real Madrid, então a gente já tinha uma idéia do que ia acontecer um ano depois, porque a equipe do Real Madrid era a mesma - Di Stéfano, Kopa... Realmente, naquele jogo tivemos a satisfação, além de ganhar, ver surgir um grande jogador, que depois foi o zagueiro central da Seleção Brasileira, o Brito. Ele era juvenil, estreou nos Estados Unidos naquela excursão, entrou para marcar o Di Stéfano e foi bem sucedido. Tivemos a sorte também, das substituições serem vantajosas para o clube, o nosso jogo. Foi uma emoção muito grande porque o estádio inteiro em Paris torcia para o Real Madrid, porque era europeu e tinha o Kopa, jogador da Seleção Francesa. Foi uma vitória que marcou. Aquela excursão foi muito boa porque a gente ganhou aquele torneio em Paris e também a Teresa Herrera, em La Coruña, jogando com o Atlético de Bilbao. Ganhamos de 7 a 2 do Barcelona e goleamos também o Benfica por 5 a 1".

CARREIRA NA DIREÇÃO DO VASCO E DA CBD

"Fui vice-presidente no Vasco, de futebol, de 1971 a 75. O almirante Heleno Nunes, gentilmente, nos ajudou. Ele era o diretor de futebol profissional. A nossa amizade já existia e ficou mais forte ainda. Em janeiro de 75, o almirante foi eleito presidente da CBD [antiga CBF]. Saí do futebol do Vasco e fui ser diretor dele. Eu já tinha ido, como vice do Vasco, à Copa de 74, na Alemanha, porque recebi um convite do presidente da CBD, que era o Dr. João Havelange. Quando eu estava na CBD, fui à Copa de 78, na Argentina, e passei cinco anos lá. Essa aproximação com a CBD foi por causa do almirante Heleno Nunes, que era nosso grande conselheiro no Vasco do Gama".

SEM JOGOS EM SÃO JANUÁRIO

"A construção do Maracanã foi um baque muito grande. Ele praticamente fez com que todos os outros estádios se tornassem obsoletos, que não teriam mais condições. O Vasco... Já Botafogo, Fluminense, embora houvesse jogos lá, o Flamengo só tinha jogos de juvenil. Embora houvesse jogos nesses campos, inclusive o Vasco da Gama, eles se tornaram pouco confortáveis. O Maracanã tomou conta da situação em relação a estádios no Rio de Janeiro. Mas o tempo passou, 1950 foi uma coisa... Quando chegou na década de 70, já era hora de se dar uma oportunidade a esses estádios. O único estádio que teria condição de ser utilizado é o Vasco da Gama, porque dos outros clubes do Rio não existia. Houve uma retomada, embora com pouca obra, readaptação, porque naquela tempo ainda existia o que é hoje, uma série de exigências em relação a um estádio para se jogar futebol. São Januário em boa hora retornou. Na época, começamos a jogar os jogos lá em 72. Dali em diante, felizmente, as diretorias que passaram e a atual, do Dr. Eurico Miranda, dão uma importância total ao estádio. O Estádio Vasco da Gama está uma beleza, um estádio de primeiro Mundo. A gente fica muito feliz com isso porque esse é nosso e um patrimônio muito grande".

RESISTÊNCIA DA MÍDIA A JOGOS EM SÃO JANUÁRIO

"Resistiu, e com justa razão, porque só existia jogo no Maracanã. No Maracanã, para na garagem lá embaixo, o jornalista sobe e vai para a sua cabine, com todo o conforto e toda a proteção. Quando o jogo era em São Januário, só para subir aquela escadaria que dá naquele local de transmissão, era muito grande. Agora tem elevador, mas naquele tempo não tinha. Realmente, o desconforto era grande. Trocar o Maracanã por São Januário, até eu reclamaria se fosse jornalista, porque as condições eram inferiores. A gente tinha que entender isso, a reclamação. O Vasco modificou tudo e hoje é um estádio que atende perfeitamente às necessidades da mídia".

IMPORTÂNCIA DE VOLTAR A SÃO JANUÁRIO

"Claro, é um campo nosso. Tem que jogar no nosso campo porque, em futebol, o mando de campo - não é no Brasil, é no Mundo inteiro - é extremamente importante. Jogar no nosso campo é completamente diferente de jogar no campo do adversário. O Vasco tem uma torcida grande, é claro. Quando joga com um time menor, a torcida toma conta, mas quando joga com um time grande, faz diferença jogar no seu campo. Acho que foi muito importante para o Vasco ter um campo seu, com todo o conforto. Eu diria que o ataque do sucesso do Vasco nos últimos anos tem sido de jogar no seu campo".

EVOLUÇÃO POLÍTICA DO VASCO NOS ÚLTIMOS ANOS

"Tenho por norma não me meter na política do Vasco da Gama. Para mim, o que interessa é o Club de Regatas Vasco da Gama. Temos que prestigiar aqueles que se propõem a dirigir um clube do tamanho e da importância do Vasco da Gama. Política, para mim, não interessa. Interessa sim quem está dirigindo o clube nos diversos níveis - vice-presidente, presidente, presidente de poderes -, para que a gente fique um pouco afastado da política. A política, às vezes, atrapalha um pouco a direção, mas no Vasco da Gama não tem, no momento não me parece - não sou político - que esteja atrapalhando".

ADMINISTRAÇÃO EURICO MIRANDA

"Acho que foi muito boa. Vários títulos foram conquistados - Brasileiro, Sul-Americano, vice-campeão mundial, vice-campeão mundial no basquetebol, depois de ganhar o Sul-Americano. As conquistas esportivas foram grandes nesse período. Hoje é muito difícil alguém querer dirigir um clube que tenha futebol e, em particular, o futebol profissional. Não é fácil, ainda mais dirigir um clube do tamanho do Vasco, que tem uma imensa torcida. É difícil. Temos até que agradecer e elogiar aqueles que sempre estão à frente dos clubes, porque realmente é um esforço muito grande, exige uma dedicação muito grande. Acho que Eurico Miranda está cumprindo aquilo que o Vasco deseja dele".

Fonte: VascoExpresso


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