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NETVASCO - 11/04/2008 - SEX - 03:04 - Confira entrevista de Edmundo ao Jornal do Brasil

A terapia o ajudou a ter mais equilíbrio na sua vida?

Faço terapia desde 97 e através dela tenho me conhecido melhor. Ela me ajudou a entender a minha relação com os meus pais e meus filhos, que são as pessoas mais importantes da minha vida. Com meus filhos sempre me dei muito bem, mas com meus pais era mais complicado. A minha terapeuta me ajudou a entender que eles não acompanharam a minha evolução. Não quiseram sair do mundinho deles. Minha mãe morreu tem sete meses. Meu pai vejo de vez em quando. Às vezes, ele vai ao Vasco conversar comigo. Ele mora numa casa com um quintal enorme perto do Rio. Ele curte criar galinhas e, depois que foi para lá, está mais corado, mas feliz.

Ser autêntico te custou um preço alto na carreira?

Se fosse menos verdadeiro e mais vaselina, talvez tivesse me dado melhor. No geral, e desculpa falar da sua profissão, ser autêntico incomoda muita gente. Vejo nego que fala bom dia, boa tarde, são supereducados com os jornalistas e, quando chega no vestiário, detona: ‘‘Vão tomar no c. esses filhos da p.’’ Mas eu não. Se eu falo bem com uma pessoa, falo bem dela quando estou longe dela. Talvez este jogo de cintura, essas duas caras, essa política, que é preciso ter no futebol e à qual nunca me sujeitei, tenha me prejudicado bastante.

Como você encara os mauricinhos de hoje no futebol?

Os empresários que investem muito no futebol perceberam que o jogador que tem personalidade, que fala o que pensa, foi aos poucos perdendo espaço. As pessoas boazinhas, legaizinhas, passaram a ser eleitas pelo público. Um exemplo disso são os jogadores que fazem caridade pública, o que eu acho ridículo. Se for fazer caridade, não precisa levar a televisão para ver, não é? Hoje, ser autêntico é sinônimo de ser mau-caráter, ou é sinônimo de rebeldia. E as pessoas foram deixando de ser, porque não vale a pena.

Se você começasse sua carreira hoje, seria menos sincero?

Não sei. Talvez não me sujeitasse a isso, mas talvez tivesse ficado um pouco mais na Europa, onde o jogador de futebol é de fato respeitado. Aqui não, ele é visto como um qualquer, um sortudo, que na maioria das vezes é esculachado. Às vezes, o cara faz uma falta violenta e é chamado de assassino. As pessoas não têm noção. Mas isso acontece no futebol porque o torcedor acha que é o dono do jogador e que ele deve tudo ao torcedor. O que não é verdade. É uma profissão como outra qualquer.

A imagem do jogador não é arranhada quando ele assume publicamente que bebe?

Se você falar que bebe, as pessoas já acham que você é cachaceiro, o que não é verdade. E eu nem gosto de bebida, assim. Bebo socialmente, muito pouco. Mas por afirmar que bebo, as pessoas já acham que sou alcoólatra. Por outro lado, vejo jogadores que falam na TV que não bebem e que bebem muito mais do que aqueles que assumem. Mas, profissionalmente, é muito mais benéfico para o cara não ser sincero.

Você se considera perseguido?

Se eu for ler algo do Washington Rodrigues (jornalista da Rádio Tupi) sobre mim, posso até estar errado, mas só vai ter maravilhas. Porque ele conhece a minha índole, conviveu comigo. Mas aqueles que não me conhecem, ou com quem em algum momento fui ignorante ou antipático, guardam muita mágoa. Se houver uma briga, vou estar sempre errado. Eles nunca escutam os dois lados. E isso vai criando um rótulo que você não tira nunca mais. Talvez eu esteja jogando hoje muito mais para mostrar para pessoas que, porra, rebeldia fazia parte da idade, entendeu?

Qual foi a maior maldade que inventaram sobre você?

Inventam muitas coisas. Uma vez fui a um show com a minha ex-mulher, a Adriana, que tem 34 anos, mas com cara de 24, e aí um jornalista colocou que tinha chegado com a minha namoradinha de 16 anos. Na época, a gente já tinha dois filhos (risos...) E, mais recentemente, estava namorando, mas aí, de novo por causa de um boato (o namoro com a apresentadora do SBT, Adriana Galisteu), voltei a ficar solteiro. E não houve nada, só tínhamos amigos em comum.

Dos jogadores da sua geração, de qual ficou mais próximo?

O Djalminha é meu amigo, meu irmão, apesar de a gente nunca ter jogado junto. Ele passou dez anos na Europa, aplicou bem o dinheiro e hoje está aqui. Tem a mesma idade que eu e já está há três anos parado. Viaja nos fins de semana, uma coisa que eu gostaria de fazer. É um cara que eu admiro, porque tem o mesmo temperamento que eu e conseguiu ficar lá fora bastante tempo.

O que você gosta de fazer quando não está jogando?

Gosto de jogar sueca com os meu amigos, de ir à praia e ficar na roda falando bobeira, contando piadas. Gosto muito de ficar com meus filhos, Ana Carolina, Edmundo Jr e Alexandre, e de jogar pelada quando dá. Tenho uma turma boa de amigos. Depois dos jogos costumo ir à pizzaria comer uma pizza de marguerita. Tudo que tem muzzarela e tomate eu adoro.

Como você viu a saída do Alfredo Sampaio do Vasco?

O futebol é o único trabalho em que você ganha mais do que seu chefe, sabe mais do que ele e tem que respeitá-lo. É o caso notório do Alfredo. Ganhava dez vezes mais do que ele, sei muito mais futebol do que ele e, no entanto, tinha que aceitar. Essa é a hierarquia do futebol, faz parte. Mas quando surge algum problema me envolvendo, sempre ganha uma projeção muito maior. Além disso, ele ainda se deixou levar, porque o erro maior foi dele, que está começando uma carreira. A postura dele jogou por água abaixo toda a possibilidade de ele ter saído por cima.

Você está estudando a doutrina espírita?

Tenho lido muitos livros que falam sobre kardecismo. Também estou fazendo um curso da leitura do Livro dos Espíritos, toda terça-feira, no Recreio. A doutrina de como se fazer é muito mais legal do que qualquer outra religião. Estou gostando para caramba. Faço sempre as preces e quando chego mais cedo tomo o passe. Não tenho faltado, estou adorando.

Fonte: Jornal do Brasil


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