Nesta entrevista, Rubinho também mostra preocupação com o América, que pode ser rebaixado hoje e garante que não haverá virada de mesa.

Ser considerado o sucessor do Eduardo Viana te incomoda ou dá orgulho?

Não incomoda, pois sucessor é toda pessoa que vem após, não importando a sua linha filosófica ou seu critério administrativo.

Mas o senhor há de convir que existe uma sombra dele...

Esta ótica que você está colocando está na cabeça de pessoas que querem distorcer a visão natural das coisas.

A proximidade de Vasco e Fluminense e o afastamento de Botafogo e Flamengo ficou claro logo que o senhor assumiu o cargo. A oposição ainda existe?

Não digo que foiumaproximidade de Vasco e Fluminense. É um consenso de todos os demais.

Alguns efetivamente não se aproximaram. Eram o Botafogo, o Flamengo e o América. Felizmente, o América reviu as suas posições e hoje está alinhado.

Por que a oposição?

Não sei, quem tem a resposta são eles. A Federação ajuda igualmente todos os clubes. E quando eles têm as suas necessidades financeiras, recorrem à Federação. E nós ajudamos com todo o empenho para que eles acertem suas finanças.

Isso tem sido recorrente?

Tem sim. É natural.

Estes 5% que seriam oposição só se afastam por causa de seus presidentes?

Sim. Vou citar especificamente o Flamengo. Lá, tenho pessoas amigas e que me dão apoio, como o Michel Assef, o Kléber Leite e o Leonardo Ribeiro. O clube tem uma pessoa que é contra, que tem lá os seus distúrbios.

O estatuto da Federação facilita o candidato da situação pela sua divisão de pesos?

Não há facilidade alguma. Depende da vontade do eleitor. Imagine você se todos os clubes tivessem votado no outro candidato?

Mas não é estranho que os clubes amadores, os da Terceira Divisão e as ligas juntas possam eleger um presidente sozinhos?

Acho que a Primeira Divisão tem um peso muito grande, seis vezes maior do que um clube amador. O voto do porteiro do prédio não vale a mesma coisa do ministro?

Qual a sua idéia de continuidade na Ferj?

O meu mandato vai até 2011.

Não sei por que a preocupação...

Qual a sua avaliação do Campeonato Carioca de 2007?

Muito bom. Na Taça Guanabara do ano passado, tivemos cerca de 350 mil pagantes. Neste ano, foram mais de 500 mil. Nas semifinais e finais de 2007, tivemos 122 mil pagantes. Neste ano, com menos um jogo, foram 189 mil pagantes.

É um campeonato lucrativo?

O Campeonato Carioca é o mais rentável do Brasil. É curto e tem deslocamentos pequenos. Flamengo e Vasco recebem R$ 6,5 milhões em um Estadual de três meses. Se fizerem a média, recebem mais do que no Brasileiro.

Quem pediu o aumento do número de clubes?

Não sei da história, pois não estava na Federação nesta época.

Mas parece que foi um comum acordo entre os clubes da Primeira Divisão e a Rede Globo.

A Federação está pagando esta conta?

Acho que sim. Mas ela está sendo cobrada por muitas pessoas que sabem da verdade e gostam de distorcer os fatos. Eles estabeleceram que o número de 16 era o ideal para o campeonato e eu concordo.

Acho o ideal.

O senhor já foi presidente do Bangu. Gostaria que fossem proibidos jogos em Moça Bonita, como aconteceu com os pequenos neste campeonato?

Não. Mas quando eu era o presidente tentei levar o Roberto Carlos para cantar lá e ele não aceitou.

Isso é uma coisa que vai ser superada. Eles têm um caderno de encargos. Se conseguirem se adequar em 2009, voltam a jogar em seus estádios.

O melhor não seria punir apenas os que não se adequaram?

América e Volta Redonda têm todas as condições de receber os grandes. Mas como você vai manter o equilíbrio técnico? Ninguém avisou anteriormente que a regra era essa. Uniformizamos, para que todos tenham as mesmas oportunidades. Para 2009, podemos dizer que América e Volta Redonda têm condições de receber jogos. Os demais terão que se adequar.

O senhor diz que o campeonato é um sucesso...

Não, eu digo que é o melhor campeonato estadual do país.

O esvaziamento dos clássicos foi por um erro na tabela?

Não. Foi uma questão de opção. Guardamos os clássicos para a segunda metade dos turnos, imaginando que os clubes estariam em uma forma mais apurada. Mas nada garante que invertendo será melhor.

O que fazer para que alguns clubes tradicionais como o América não morram?

Tudo o que eu podia fazer pelo América neste ano, foi feito. Só não entrei em campo, pois seria um desastre. É um clube centenário e eu não gostaria de vê-lo na Segunda Divisão. Hoje existem diversas prefeituras subsidiando times de futebol. É uma competição desigual.

Não tem virada de mesa para o América?

Não tem como.

Como você vê o futebol carioca em relação ao restante do Brasil?

Em ascensão. Temos dois clubes na Libertadores e este é o motivo do fracasso dos pequenos no Estadual. Mas precisa melhorar muito. Não temos qualquer clube na Série B e temos que lutar por isso. E é necessário ter atividades no Rio durante todo o ano.

Afinal, isto gera empregos.