NETVASCO - 02/04/2008 - QUA - 00:43 - Alfredo Sampaio volta a criticar Edmundo

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NETVASCO - 02/04/2008 - QUA - 00:43 - Alfredo Sampaio volta a criticar Edmundo

Alfredo Sampaio não tem papas na língua quando o assunto é Edmundo. Mesmo um dia após a demissão do Vasco, o treinador manteve o discurso afiado a respeito do mais novo desafeto.

Confira a entrevista na íntegra com o técnico que teve coragem de bater de frente com o principal ídolo de São Januário.

Demissão

"Fui pego de surpresa da maneira que foi, mas estou tranqüilo. Da mesma maneira que não me abalei ou deslumbrei enquanto estive lá no Vasco, não me abati com a saída."

Nova chance num clube grande

"Se os grandes clubes entenderem que precisam de um trabalho sério e que têm de fazer um projeto voltado para o profissionalismo, tenho chance de voltar a dirigir um clube grande. Se eles entenderem que tive problemas com jogadores e se tudo isso que aconteceu tenha uma conotação errada de um treinador complicado, pode ficar difícil. Posso não ser o melhor treinador do mundo, mas sério e profissional, eu sempre fui."

Vasco

"O Vasco é um clube fantástico e não tive problema algum com a direção. Se tiver de falar algo do Eurico, será somente coisas boas. O que atrapalhou o profissionalismo foi a mentalidade de alguns atletas. Para mim, os jogadores que recebem um bom salário tem de estar preparados para treinar e jogar. Mais nada. Abriu-se algumas exceções para alguns que não são escalados e se sentem no direito de se rebelar. Isso é muito ruim, ainda mais num grupo jovem. O cara que fica insatisfeito explicitamente e de uma maneira negativa atrapalha muito. O objetivo maior tem de ser o grupo."

Racha no elenco vascaíno

"Não posso nem deveria dizer que o grupo está dividido. O que havia eram alguns jogadores que não estavam satisfeitos comigo, seja por não estar jogando ou pela minha forma de comando. Eu não tenho o temperamento de ficar agradando ninguém. Respeito a todos, mas não cursei duas faculdades para ser psicólogo de ninguén. Tenho de fazer do meu trabalho dentro de campo."

Declaração de Edmundo após o jogo contra o Flamengo

"Naquele momento acendeu a luz vermelha. Foi uma surpresa para mim. Nunca houve nada disso e ele sabe que é mentira. Perguntei se podia jogar e ele disse que sim. Depois teve o episódio em que o tirei do treino. A relação deu uma melhorada mais tarde. Entretanto, no jogo contra o Fluminense, quando comecei a tirar o Beto também, tudo começou a azedar de novo. O Edmundo é o seguinte: ele fica quieto na maior parte do tempo, mas a qualquer momento ele se sente no direito de se indisciplinar, de te afrontar. Mas bateu na porta errada. E isso realmente desgastou. Após a partida contra o Volta Redonda, ele chamou algumas pessoas do clube e ficou conversando de lado de fora e aí foi levado ao conhecimento do presidente que algumas pessoas estavam descontentes comigo. O Eurico tomou algumas decisões que achou corretas. Essa coisa de o Edmundo achar que pode ser temperamental... Vai ser na casa dele. Ali o objetivo é do grupo, não é individual."

Edmundo fora do time

"Conversei com o Eurico Miranda no sábado e falei para ele que, a partir do jogo contra o Bragantino, se tivesse de tirar o Edmundo ao longo das partidas, fosse no início, meio ou fim, iria tirar. Até então, ainda podíamos perder e recuperar mais a frente os pontos dos jogos que disputávamos. Nos jogos decisivos, não dava mais. Teria de jogar quem estava bem. Eu não ia mais me furtar disso porque ali estava em jogo o objetivo do clube e a minha carreira. Passei tudo para o presidente. Ele ouviu, ponderou de sua maneira. Mas se no jogo contra o Bragantino o Edmundo estivesse mal, ele iria sair."

Desempenho de Edmundo

"Na verdade, ele só jogou uma partida bem, contra o Flamengo. E ele até perdeu pênalti. Depois ele não teve boas atuações e estava limitando o seu espaço de jogar, não caía pelas pontas, não ia para a área. Só ficava ali na meia-lua e voltava para o meio-de-campo para buscar a bola. Isso em certo momento era bom porque abria espaço para o Alex Teixeira e o Morais. Mas também não era bom porque tirava o espaço do Alan Kardec de jogar. Não sei se ele estava com esse tipo de comportamento porque não estava condicionado fisicamente ou por outro motivo."

Referência para os mais jovens

"Jogadores mais velhos servem para contribuir com a equipe. Seja por sua técnica ou experiência. E tem de servir de exemplo. Zico e Roberto Dinamite eram símbolos para os jogadores de sua época e sabiam disso. Acho que essa noção é obrigação do jogador mais experiente."

Despedida

"Não falei com ele. Só com alguns jogadores que eu sabia que tinha uma boa relação e me respeitavam. Os que tinham um senão contra mim, nem falei."

Se Romário estivesse lá...

"Acho que seria diferente, sim. Não tenho problema de falar isso e sei que a presença dele tem mais peso do que a minha. O Romário é uma pessoa fácil de lidar. Com ele não tem duas conversas, é uma só. Então é um comportamento de homem, que fala 'não gosto de você por isso'. Esse tipo de comportamento é fundamental. Se ele estivesse lá seria uma aliado e teria me dado mais peso. Mas eu não achei que teria todos esses problemas. Às vezes a arrogância e a prepotência de uma pessoa fazem com que isso aconteça."

Edmundo e as reclamações pela imprensa

"Acho um ato de covardia. Quando disse que ele é frouxo, disse nesse sentido. O cara que é homem e está preocupado com o bem de todos não dá este tipo de declaração pontual, evasiva e a joga na imprensa. Isso que eu acho que não cabe mais no futebol. Antes de falar, ele tem de pensar na repercussão geral e não só em atingir uma pessoa. A torcida do Vasco é fantástica, apaixonada, mas deveria ser mais inteligente. O que o Edmundo deu em 97, não dá mais hoje. Gritar "Ah, é Edmundo!" é legal, mas ela tem de ver inteligente e ver que está acobertando com isso uma série de pontos negativos que comprometem um trabalho mais sério. Se for para gritar quem gritou títulos ao Vasco, tem de gritar o nome do Roberto Dinamite"

Edmundo vilão

"Tudo que venho falando sobre o Edmundo não é com a intenção de crucificá-lo. Tem dois objetivos: primeiro porque não quero sair de lá como incompetente, o que não sou. E segundo para dizer que esse relacionamento passional não cabe mais no futebol. Não tem como administrar o temperamento de cada um no futebol. Edmundo passou por vários clubes na carreira e arranjou problema em todos. Todos acham normal, mas não é. Não pode ser normal. As pessoas fazem faculdade para ser treinador de futebol, preparador físico e não tem de lidar com isso. Só pode ser desequilíbrio ou então aquele cara sabe que nada vai acontecer. Estou falando aqui do atleta e não do homem. Se eu acho que sou um semideus, acima do bem e do mal, vou fazer o que eu quero. É irresponsabilidade com um todo."

Romário como técnico

"O Romário é um cara de personalidade. Ele entrava e falava quando tinha que falar. E todo mundo já sabia o que era aquilo. Não era para tirar onda com ninguém, era a personalidade dele e não era uma coisa nociva. Mas quando um é claro e o outro faz cara de bonzinho e fala por trás, fica mesmo difícil."

Festa de jogadores na casa do Beto

"Passaram a mim essa história. Chegamos às 7h30min de ônibus de Bragança Paulista. Afirmaram que houve uma festa e não sei se é verdade. O fato é que alguns jogadores que foram citados como presentes na festa não renderam no domingo, contra o Fluminense"

Insatisfação de Beto com a reserva

"Qual o problema de ele ter sido avisado? Eu o chamei no meu quarto e expliquei que gostaria de fazer algumas mudanças para observar o time. Aonde está no contrato dele que ele tem de jogar?"

Briga com Edmundo no treino do Vasco

"Xingar, ele me não me xingou. Ele é maluco, mas não doido. Quando ele passou, ele ouviu o que tinha de ouvir. E não foram rosinhas que eu mandei para ele, não. Eu fui para o Vasco feliz, mas não estava deslumbrado. Não estava ali para guardar lugar, não. E ninguém ia me afrontar ali. Quando ele viu que bateu na porta errada, começou a fazer o trabalho do vírus, que espalha e você não vê. Como diz o filósofo Romário, quem é ruim se estraga sozinho."

Antônio Lopes

"Não preciso nem falar da capacidade do Lopes. Não acredito que ele terá dificuldades, ele saberá administrar até melhor do que eu por conhecer essas figuras. E, sem demagogia, torcerei pelo Vasco pelos grupo de garotos que lá está. Tem que aparar essas situações. É só dar um soco na mesa que pára."

Fonte: Lancenet