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| NETVASCO - 01/04/2008 - TER - 04:01 - Alfredo Sampaio: 'Eu preferia dez Romários do que um Edmundo' O técnico Alfredo Sampaio fala sobre a sua saída do Vasco e o que mudou desde a entrevista coletiva que concedeu após a derrota para o Volta Redonda, no último domingo (30/03), em São Januário, quando demonstrava tranqüilidade sobre o seu futuro no comando do Gigante da Colina. O treinador informa que tomou a decisão nesta segunda-feira após se reunir com o superintendente de futebol Paulo Angioni e o vice-presidente de futebol José Luís Moreira. Confira a íntegra da entrevista. "Não é que mudou. Depois do jogo refleti um pouco e vi que as coisas realmente não estavam andando como eu desejava, estavam um pouco forçadas. Tive uma conversa com o Paulo Angioni hoje na hora do almoço e com o Zé Luís. Eles externaram também a preocupação do clube com relação a essa questão toda que foi falada até por alguns atletas, que é a questão de relacionamento ali dentro, entra a comissão técnica, principalmente eu como o treinador, e alguns jogadores. Chegou-se à conclusão que seria bom para o Vasco eu me afastar e cheguei à conclusão também que seria bom para mim eu me afastar, porque eu já não estava feliz ali, achei que as coisas estavam um pouco fugindo do que entendo que deve ser um tipo de trabalho profissional. E assim foi feito. Não era essa a minha intenção inicial. Eu estava querendo aproveitar ao máximo essa oportunidade que eu estava tendo, mas infelizmente no futebol acontecem coisas que às vezes você tem que optar. Ou seguir uma coisa que você entende que não está sendo boa, ou se afastar. E a opção, tanto para mim quanto para o Vasco, é que foi melhor dessa forma", disse à repórter Thayssa Bravo, no programa "Panorama Esportivo", da Rádio Globo. Alfredo comenta se os problemas que teve com o preparador físico Luís Flávio, que pediu demissão, e o atacante Edmundo foram minando o seu trabalho. "Não sei se isso foi minando. Creio que não é esse bem o termo, porque o Eurico Miranda, como presidente do Vasco, é uma pessoa muito decidida e correta nas atitudes dele, então acho que não houve essa questão de me minar. O que houve, acho que foi que eu mesmo fui tendo um desgaste até um pouco do meu trabalho comigo mesmo, porque sou um cara muito rígido nas minhas coisas, exigente no cumprimento das tarefas, do trabalho, e ali realmente tem alguns jogadores, principalmente os mais velhos, que não estavam querendo se enquadrar. As pessoas confundem. Não tive um problema explícito com o Edmundo e nem com ninguém. O problema é que tem jogadores que não aceitam estar de fora da equipe e começam a fazer por trás, mostrar insatisfação. Isso vai gerando, expandindo, e acaba que daqui a pouco você tem três, quatro jogadores insatisfeitos, quando, no meu modo de ver, jogador recebe para treinar e jogar, ele não tem que ficar questionando esse tipo de coisa. Isso vai me desgastando, foi me desgastando um pouco. Eu já não estava feliz, estava entusiasmado sim com a oportunidade, mas não feliz porque não sou psicólogo e nem psiquiatra para ficar cuidando de cabeça de pessoas problemáticas. Aquilo foi me desgastando e realmente fui perdendo o encanto. Acho que o Vasco também, através do seu presidente, foi ficando preocupado porque ele tem que pensar em um todo. O Vasco está em momento de decisão de vagas não só do Estadual, mas da própria Copa do Brasil, de uma etapa importante. Acho que tem momentos em que você tem que tomar uma decisão para o bem geral. Acho que foi bom para o Vasco e para mim também". O técnico afirma que mantém o discurso de que o Vasco tem chance 0 de ser eliminado pelo Bragantino da Copa do Brasil, e cita dois jogadores que, segundo ele, atrapalharam o desenvolvimento do seu trabalho: Beto e Edmundo. "Mantenho, porque nada vai mudar no sentido do que penso com relação à equipe do Vasco. Acho que o projeto do Vasco em trabalhar com uma equipe mais jovem, sem medalhões, é muito interessante. A equipe do Vasco é jovem, de grande qualidade. Agora, realmente a presença do Edmundo acho que atrapalha, porque ele está passado, e a do Beto também. O grupo do Vasco é muito bom e acho que em São Januário o Vasco não perde". O treinador justifica os elogios que fez ao presidente Eurico Miranda. "A questão não é enaltecer, é de ser justo. O Eurico Miranda, todas as vezes em que teve comigo algum tipo de reunião, sempre foi uma pessoa respeitosa, colocou os pontos dele de vista. Eu sempre soube como era o comando do Vasco, também me adaptei a ele. Acho que é uma questão de justiça. A questão de sair talvez possa não ter sido o desejo dele. Creio até que ele confiava no meu trabalho". Alfredo não acredita que Eurico tenha sido influenciado por alguém para a sua saída. "Não posso admitir porque realmente não sei. Eu sempre tive mente que o Vasco tem um comando bem claro, e a hora em que o meu trabalho não fosse mais importante para o Vasco, esse comando ia tomar uma posição. Isso sempre tive bem claro na minha cabeça. O Eurico, se ele foi influenciado ou não, não sei. Creio que não, até pela postura dele. Acho, independente de qualquer coisa, que foi bom para todo mundo. Não sou uma pessoa de ficar de demagogia e nem querendo agradar ninguém. Era uma oportunidade. Tenho um carinho muito grande principalmente por aquele time, aquela gurizada que vinha jogando, e quando digo gurizada, não é só o Alex [Teixeira] e o [Alan] Kardec, é o próprio Morais, o [Wagner] Diniz, pessoas jovens que estavam ali formando uma boa equipe. Eu tinha o maior carinho por isso, porque via um potencial muito grande de fazer um trabalho legal, mas realmente estava conturbado, não havia uma alegria no trabalho. Esse tipo de postura contrária dessas pessoas acaba gerando insatisfação em outros. Outros até que não têm essa postura acabam se influenciando e tendo também, demonstrando insatisfação. Acho que foi bom porque o Vasco precisa de um título, está no caminho certo, no sentido de tentar trabalhar com esses garotos, e foi bom para mim também porque realmente eu não estava feliz, estava tentando me agarrar sempre em um momento melhor, mas não tenho muito temperamento para ficar... Tenho na minha cabeça bem claro. Jogador de futebol tem que treinar e jogar. Ele assina contrato por isso. Essas questões que você tem que 'Porque o fulano tem que ter cuidado, sicrano também tem', isso acho que é muito bom em uma empresa particular. Em um clube de futebol da grandeza do Vasco, acho que isso não cabe. Isso que falei, falei para o presidente do Vasco no sábado, externei a ele a minha preocupação do Vasco ir para os jogos finais agora tendo um jogador que, no meu entendimento, estava atrapalhando. Falei para ele 'A partir de agora, enquanto jogamos jogos do campeonato que você podia perder e recuperar no outro, administrei essa situação de ter o Edmundo em campo sem render. Nesses jogos finais, se ele não estiver rendendo, vai sair'. Já não dava mais para tentar administrar porque já era um título, o interesse maior do clube". "Não sei se foi por isso. Não creio que o Eurico... O Eurico é uma pessoa de personalidade, não ia ir de impulso. Acredito que ele não faria por esse termo, essa razão. Acho que foi um conjunto de coisas. Ele soube que tinha esse relacionamento um pouco difícil com alguns jogadores e tem que pensar no todo. O cara que for presidente de um clube como o Vasco tem que pensar no todo e tomar decisões imediatas. Não vejo como caí, não tenho nenhum sentimento ruim contra o Vasco, muito pelo contrário. Tanto o pessoal da diretoria de futebol quanto o presidente sempre me trataram com muito respeito. Pode ocorrer o que ocorreu, vou ser sempre grato ao Vasco, Eurico e Romário, porque foram as pessoas que acreditaram em mim pela primeira vez. Saio, não estou feliz, fico triste porque queria seguir, era a minha grande oportunidade, mas, sem demagogia nenhuma, vou torcer. Tomara que o [Antônio] Lopes consiga acertar a equipe, porque o grupo, com exceção de uma meia dúzia, é muito legal. São jogadores com potencial e acho que o Vasco pode vir a ter uma campanha brilhante nos próximos dois, três anos seguindo esse tipo de trabalho". O técnico faz uma revelação e afirma que o atacante Romário é uma pessoa muito melhor do que o Animal. "Na realidade, eu não queria a partir da minha saída ficar gerando polêmica, como aconteceu com o próprio preparador físico quando saiu de lá. Mas também não posso sair, perder a oportunidade que perdi, e todo mundo achar que eu possa ser o vilão ou que sou um incompetente, porque com certeza nenhum dos dois tenho certeza que sou. A minha idéia não é gerar polêmica, mas também acho que essas coisas têm que ser ditas. O que atrapalhou o trabalho, atrapalha e vai atrapalhar realmente é a presença dele [Edmundo], porque é uma pessoa complica, que você além de ser treinador, tem que ser psiquiatra para entender, e não tenho muito temperamento para isso. Administrei, não criei nenhum tipo de problema, não tivemos nenhum tipo de bate-boca, nem um confronto mais rígido, mas é uma coisa esquisita, um cara temperamental que acho que não cabe mais. O futebol se tornou, além do esporte que é, um grande negócio que envolve muito interesse e dinheiro, muita coisa e não tem mais esse comportamento. O cara passou a carreira dele toda brigando contra todos os treinadores, criando problema e sendo temperamental. Acho que isso você até atura enquanto tem a resposta dentro do campo. Quando nem dentro você tem a resposta, é complicado de você aturar. E outra coisa. Muitos falam do Romário. O Romário, por exemplo, eu preferia dez Romários do que um Edmundo, porque o Romário quando tem um problema, ele fala na tua cara, não fica de subterfúgios, caras e bocas ou fazendo-se de bom moço. Isso foi uma grande lição para mim. Não estou querendo atacar, apesar de estar falando sempre da mesma pessoa. A idéia não é atacar, é mostrar ao público também um pouco o que acontece, porque a torcida do Vasco grita o tempo todo o nome dele, mas acho que essa paixão deve ser pensada. Acho que o Vasco com ele é um e sem ele é outro dez mil vezes melhor. Tive a infelicidade de pegar exatamente esse momento, porque até a presença do Romário lá a coisa andava de uma forma bem tranqüila. Quando o Romário saiu, também estava. O único jogo que, no meu modo de ver, foi feito com qualidade por ele foi exatamente o primeiro contra o Flamengo, e perdemos ali a chance de ir para a final exatamente porque ele perdeu um pênalti. De lá para cá, ele não teve um rendimento bom, criou problema, teve a discussão comigo. Tem sempre a história do pênalti, teve recentemente a história da falta, porque ele não quer treinar e quer bater falta, e eu falei que não ia. E por aí vai. Acho que não cabe mais no mundo do futebol isso. Infelizmente, algumas coisas ocorrem. Acho que a diretoria do Vasco se posicionou de uma forma preventiva porque eles vão para a disputa de algumas partidas importantes. Acho muito certa a postura que eles tomaram com relação a mim, ao treinador, já que tinha uns três ou quatro jogadores insatisfeitos e não podia correr risco de ter o ambiente ruim para essas partidas. É uma pena, porque eu queria de fato ter seguido, mas vida que segue. Serviu como lição, aprendizado, e com certeza não vai ter duas vezes isso na minha carreira. Não vou mais me permitir trabalhar com pessoas assim, que não rendam mas tenham um peso e tenham que estar inseridas no trabalho. O passado de todo mundo tem que ser respeitado. Sempre respeitei muito os jogadores que fizeram pelo futebol brasileiro, como tantos que estiveram aí, inclusive ele, mas acho que todo mundo tem que se mancar também, porque tem horas em que você atrapalha. Nome hoje não joga mais. O futebol moderno hoje não permite o cara por nome jogar. Infelizmente aconteceu. Que fique bem claro para toda a torcida do Vasco, que o Vasco tem uma equipe jovem, de qualidade, e que devem continuar apoiando. Alguns problemas ainda vão ter, no meu modo de ver, por causa da dificuldade que vai ter em tê-lo jogando, mas é uma equipe de qualidade. E quanto à direção do Vasco, a mesma coisa. Que fique claro que sou grato, agradeço a oportunidade e acho que eles tomaram a decisão certa, porque o presidente sempre foi correto comigo e não se furtou de tomar as decisões ou decisão em prol do clube dele quando tem que ser tomada. Vejo isso com naturalidade". De acordo com a repórter, Edmundo aplaudiu a torcida do Vasco enquanto chamava Alfredo de "burro" após o jogo. Fonte: VascoExpresso |
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