NETVASCO - 14/03/2008 - SEX - 12:33 - Em 1997, Vasco homenageou campeões sul-americanos de 1948
Com o reconhecimento do título sul-americano de 1948 como oficial, o Vasco ganhou o direito de participar da Supercopa da Libertadores. A estréia foi no dia 20 de junho de 1997, contra o Peñarol, em São Januário, e o Vasco venceu por 3 a 1. Antes da partida, a diretoria homenageou os campeões de 1948. Confira matéria do Jornal do Brasil da época relatando o reencontro dos heróis vascaínos:
Hoje parece mentira, mas houve um tempo em que o Brasil não era o bam-bam-bam do futebol no continente (e muito menos no mundo), jogador de futebol não ficava deprimido quando o contrato de US$ 6 milhões por ano emperrava e Di Stefano era o melhor jogador do planeta. Foi nessa época - mais exatamente em 1948 - que o Vasco conquistou em Santiago do Chile o primeiro Campeonato Sul-Americano entre clubes. Mais uma façanha do Expresso da Vitória, que seria base da equipe que disputaria - e perderia -, dois anos depois, a final da Copa do Mundo contra os uruguaios. Mas isso é uma outra história...
Dos dezoito jogadores que participaram daquela conquista, oito já morreram: Ademir, Eli, Danilo, Nestor, Dimas, Djalma, Ismael e Maneca. Na sexta-feira, o Vasco reuniu os dez integrantes que ainda vivem daquela vitoriosa aventura chilena: Barbosa e Barqueta (goleiro reserva), Augusto, Rafanelli, Wilson e Jorge (zagueiros) e Friaça, Lelé, Chico e Moacir (meias e atacantes). Todos com mais de 70 anos, mesmo assim ainda morrendo de medo de Flávio Costa, 90 anos, técnico daquela equipe. "O professor não gostava, mas a gente jogava cartas na concentração", cochicha Barbosa, com os olhinhos espertos vasculhando as redondezas em busca do vigilante treinador.
Recordações - O goleiro já foi rei debaixo das traves, mas agora mora de favor e sonha com uma quitinete do tamanho da pequena área que possa chamar de sua - o Vasco estuda uma ajuda. Os tempos eram outros, mas ele também fez golpe de vista para seu futuro. "Meu conselho para os jogadores de agora é que façam um patrimônio ao invés de gastarem tudo em carros e outras coisas", ensina, com sabedoria.
Mas Barbosa e sua turma não estavam em dia de recordações amargas. "Isso era um galã, mostrei para minha filha um retrato dele com 19 anos e ela achou lindo. E ainda batia com as duas pernas. Só consegui aprender isso agora", garante o surpreendente Moacir, ambidestro, aos 73 anos. O galã que encantou sua filha é Friaça, atacante que foi artilheiro do Sul-Americano de 48, com quatro gols em seis jogos. "A partida que mais me marcou foi a final contra o River Plate. Afinal, o gol foi meu", diz Friaça. Desculpe, artilheiro, mas não foi, não. O último jogo foi 0 a 0, mas sua falha de memória não tem a menor importância.
Por incrível que pareça, quem tem recordações mais nítidas da conquista é exatamente Flávio Costa. O técnico lembra, por exemplo, que concentrou sua equipe longe do centro de Santiago, como parte de uma tática de despiste. Os adversários só perceberam o potencial do Vasco depois da terceira vitória seguida, sobre os peruanos do Municipal.
"Eles armaram a competição deixando para o final os três jogos que eles consideravam decisivos: Colo Colo x Nacional, River x Nacional e Colo Colo x River. Esses jogos aconteceriam depois que o Vasco terminasse sua participação. Mas depois que eles perceberam que poderiam ser disputados três jogos que não teriam o menor valor e mudaram a tabela", lembra.
Na festa de sexta-feira, os septuagenários vascaínos pareciam umas crianças. Barbosa pulava o tempo todo, Barqueta dedurava a quantidade de chopes entornados por Friaça, Jorge implicava com Chico. "Não está me reconhecendo, não?", perguntou. A cumplicidade de 48 ressurgiu a todo vapor em São Januário, ajudando a entender por que aquele time ganhava de todo mundo.
Fonte: NETVASCO exceto quando indicado |