NETVASCO - 19/01/2008 - SÁB - 17:54 - Nas paredes de São Januário, um capítulo da História do Brasil

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NETVASCO - 19/01/2008 - SÁB - 17:54 - Nas paredes de São Januário, um capítulo da História do Brasil

Vinte e duas vezes campeão carioca, talvez o Vasco não deva se orgulhar tanto de um título quanto do de 1923, o de sua estréia na Primeira Divisão do futebol do Rio, onde chegara depois de ter começado na Terceira Divisão, em 1916. Verdade que antes do futebol, os vascaínos estavam acostumados a brilhar no remo, para o qual o clube fora fundado em 1898. Mas em 1923 aquele time vestido com camisa preta, ainda sem faixa diagonal, entraria para a história como o primeiro campeão carioca com atletas negros, pobres e analfabetos, rejeitados no América, Botafogo, Flamengo e Fluminense. Acusado de profissionalismo — num regime supostamente amador —, por pagar gratificações (os bichos) aos atletas, o Vasco preferiu ficar fora da nova liga fundada pelos clubes de elite a ter de excluir seus negros, pobres e analfabetos. Com eles, foi bicampeão carioca em 1924, ano de duas ligas e dois campeonatos (o outro vencido pelo Fluminense).

Embora pagasse professores para seus atletas analfabetos e tivesse títulos, o Vasco era visto como time pequeno. O motivo? Não tinha estádio, e por isso, não poderia disputar ao lado dos grandes. Diante do mal disfarçado preconceito social e racial, sócios e torcedores vascaínos levantaram verba para comprar um terreno e construir, sem um tostão do governo, São Januário. Inaugurado em 1927, era o maior do país e foi local de clássicos, decisões, jogos internacionais e da seleção brasileira antes de 1950, quando foi inaugurado o Maracanã. Mais que isso: foi palco de apresentações de Villa Lobos e palanque para Getúlio Vargas, que ali anunciou a Consolidação das Leis Trabalhistas, em 1943. Toda essa luta contra preconceitos ainda hoje existentes e de conquistas sociais fazem de São Januário um capítulo à parte na história social do futebol e do próprio país.

Fonte: O Globo