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| NETVASCO - 27/10/2007 - 02:26 - Espinosa: 'Futebol tem que ter técnica e inteligência' O relógio apontava 16h20, em São Januário, quando dois atletas mirins do clube subiram as desertas arquibancadas. Virando-se para os repórteres que aguardavam a entrada em campo dos jogadores, um deles perguntou. - Vai ter treino mesmo hoje? A que horas? O jovem escutou que o atraso, àquela altura, já era da ordem de 20 minutos. Porque o novo treinador da equipe estava se apresentando a seus comandados. - Ah, sei - respondeu o pequeno Marlon Santos da Silva Barbosa, de 12 anos. - É o primeiro treino do Valdir Espínola... Na verdade, o sobrenome do novo técnico é Espinosa. Valdyr Atahualpa Ramirez Espinosa. Gaúcho como seus dois últimos antecessores, Renato Portaluppi e Celso Roth, o treinador, que completou 60 anos no último dia 17, tenta novamente reerguer a sua carreira. Seus últimos trabalhos foram desastrosos - talvez por isso as crianças do clube nem o reconheçam. Contudo, a empolgação, a motivação para livrar o Vasco do rebaixamento no Brasileiro já foi visível no primeiro dia do novo técnico na Colina. - Não tenho medo de jogo algum - garantiu Espinosa, em sua primeira coletiva. - Até hoje nunca tive um adversário que me deixasse com medo. Jogador meu tem que ser assim: corajoso. Apenas às 16h40 o comandante subiu ao gramado para iniciar as atividades. Deu um tapa nas costas de Leandro Bonfim e conversou reservadamente com Rubens Junior. O primeiro seria testado entre os titulares no coletivo. O segundo, para alívio de grande parte da torcida, foi barrado, ao que parece, em definitivo. Entre as novidades que Espinosa apresentou ontem, estavam dois jogadores renegados por Celso Roth: o volante Thiaguinho e Edu, lateral-esquerdo revelação dos juniores. - No começo do ano, enquanto auxiliava o Renato, em Resende vi uns jogos do Edu pela Taça São Paulo e gostei muito - explicou Espinosa. - Ele me chamou a atenção por ter boa força e chegar bem ao ataque. Demonstrando seguir os passos do ex-técnico Romário, Espinosa manteve o sistema 4-4-2 e a dupla Cássio e Luizão no time. O "Marlon Brando" da Colina mostrou ser também kardecista: deixou o grandalhão centroavante no time titular, em detrimento de Abuda, Enílton e Martin Carvalho. Romário prefere começar no banco de reservas. - O forte do Alan Kardec é a sua cabeçada, que parece um chute. Para que ele renda, é preciso que cruzem mais para a área. Um insosso 0 a 0 imperou enquanto o time contou com Cássio, Wagner Diniz, Jorge Luiz, Luizão e Edu; Amaral, Thiaguinho, Perdigão e Conca; Alan Kardec e Leandro Amaral. No segundo tempo, com Leandro Bonfim na vaga de Perdigão e Romário no lugar de Kardec, o gol tardou, mas apareceu. E foi marcado por ele, a estátua viva do clube. Romário, com alta categoria, encobriu o goleiro Roberto - novo suplente de Cássio, já que Sílvio Luiz treinou à parte com o preparador, visando à recuperação da melhor forma. - Futebol tem que ter técnica e inteligência - afirmou Espinosa. - E, ainda hoje, jogador perfeito na área é o Romário. O gol que ele fez hoje foi brincadeira. Ele só não pode mais buscar a bola na intermediária e sair no arranque. Mas, já disse a ele, se quiser jogar até os 45 anos, fica a meu lado. Pois colocarei dois atacantes pelas pontas centrando bolas para ele. Podem me cobrar. No próximo trabalho que começar num clube, espero que seja aqui mesmo no Vasco, em 2008, time meu terá três atacantes. Juro que terá. Valdyr Espinosa aproveitou os 90 minutos de coletivo para realizar novas alterações. A certa altura, testou três atacantes mesmo: com Marcelinho, Alan Kardec e Leandro Amaral. - No meu tempo, futebol era mais fácil de se jogar, dava para dominar a bola - lembra o técnico. - Hoje não. Diminuíram os espaços, futebol agora é de área a área, com muita marcação e velocidade. Por isso não adianta jogar com três atacantes se todos estiverem na área. Eles têm que saber se dispôr em campo. Não gosto de 3-6-1, porque isso mostra que não contamos com a vitória, jogamos atrás. Jogador precisa se sentir confiante. A torcida vascaína também. Quando Valdyr Espinosa conquistou o seu último título de expressão - o Campeonato Carioca de 1989, pelo Botafogo - Romário ainda defendia o PSV Eindhoven, da Holanda. De lá para cá o Baixinho transformou-se num mito, enquanto o treinador pareceu ter parado no tempo: conquistou apenas um campeonato paraguaio, em 1992, um Ramón de Carranza, pelo Corinthians, em 1996, e o Estadual do Distrito Federal, em 2005, pelo Brasiliense. Ainda assim, Romário crê que o Vasco escolheu bem o homem que tentará livrar o clube do rebaixamento. - O Espinosa é cascudo, no bom sentido - elogiou Romário. - Já tive o prazer de trabalhar com ele até mesmo aqui no Vasco, na época do Renato Gaúcho. Ele é inteligente, campeão do mundo e conhece o futebol como poucos. Acredito que a escolha foi positiva para o Vasco e vai dar certo. Empolgado, Romário ainda crê que o clube possa chegar à Libertadores, um dos poucos títulos que não ostenta em seu invejável currículo. - O Vasco sabe da necessidade que tem em vencer esses seis últimos jogos, até mesmo para chegar à Libertadores da América, apesar de as chances serem remotas. Se fizermos isso e mesmo assim não alcançarmos a competição, pelo menos entraremos na Copa Sul-Americana. Até quando comandou o Vasco, quarta-feira, diante do América do México, Romário deixou claro que não reúne ainda condições físicas de iniciar uma partida. Porém, sua vontade é de ajudar o novo técnico sempre que for convocado para esse fim. - Se o treinador achar que devo entrar durante o jogo, estarei pronto. E se Espinosa lhe pedir auxílio na hora de escolher uma ou outra peça para mandar a campo? - Fui técnico por muito pouco tempo, mas gostei, fiquei feliz. Só que o Espinosa é experiente, não deverá precisar tanto da minha ajuda nesse sentido. Um dos pontos positivos do novo comandante vascaíno, segundo o eterno camisa 11 do Gigante da Colina, é o seu jeito comunicativo. - Ele sempre foi bom de conversa, tem uma relação direta com os jogadores, como mostrou aqui já em seu primeiro dia de trabalho. A comissão técnica já havia alertado o ex-técnico Celso Roth que o volante Perdigão era uma liderança negativa em São Januário. Em campo, o jogador "atrasava" o time, por ser lento e estar sempre em más condições físicas. Com a chegada de Valdyr Espinosa, bastou apenas um treino para que o cabeludo atleta se envolvesse em uma polêmica. Até a sua escalação contra o Palmeiras, amanhã, está ameaçada. Perdigão começou o coletivo no time titular. Não rendeu bem. Na segunda parte da atividade, foi sacado para a entrada de Leandro Bonfim, que melhorou o time. Segundo o cabeça-de-área, sua saída nada teve de anormal, já que alegou cansaço. - O jogo de quarta-feira me esgotou, pedi para sair, para poder relaxar, e o Espinosa entendeu - disse Perdigão, demonstrando tranqüilidade. Porém, na coletiva concedida por Espinosa, o novo treinador cruzmaltino apresentou um discurso diferente. - Tenho apenas duas dúvidas. Noventa por cento da equipe que iniciará a partida contra o Palmeiras foi a que começou o treino mesmo. Só não sei se entro com o Edu na lateral esquerda, e se ponho o Perdigão ou o Leandro Bonfim no meio-campo. Peixe de Romário, Leandro Bonfim, que chegou a São Januário dizendo fazer certas coisas que o meia Ronaldinho Gaúcho faz, está a cada dia com mais moral no clube. Não será surpresa se entrar com a camisa 10 amanhã. Fonte: Jornal do Brasil |
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