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NETVASCO - 24/10/2007 - 02:59 - Tite concorreria com PC Gusmão para novo treinador do Vasco

O técnico Romário mostrou ontem que tem bom senso. Como a principal estrela da companhia não joga há quatro meses e já tem 41 anos, ele achou melhor começar a decisiva partida contra o América do México, hoje (21h45m) em São Januário, pelas quartas-de-final da Copa Sul-Americana, com o atacante Romário no banco. Mas diante do que viu na primeira parte do coletivo, que durou 35 minutos e terminou num irritante 0 a 0, o treinador Romário já adiantou que o veterano artilheiro vai entrar durante a partida.

Como perdeu o jogo de ida por 2 a 0, o Vasco precisa de uma vitória de três gols de diferença para passar diretamente às semifinais. Se vencer por 2 a 0, a vaga será decidida nos pênaltis. É bom lembrar que o gol fora de casa vale como desempate em caso de igualdade no saldo de gols após os dois jogos. Se passar, o Vasco enfrentará o Arsenal da Argentina ou o Chivas Guadalajara, do México, desde que o São Paulo não se classifique.

Para um marinheiro de primeira viagem, até que Romário mostrou desenvoltura e personalidade no primeiro dia em que comandou para valer um treino. Ele entrou em campo junto com os demais jogadores e com a mesma roupa. Conversou durante cinco minutos com lateral Rubens Júnior, antes de participar do início do aquecimento. No meio da atividade, parou e foi conversar com o presidente do clube.

Quem distribuiu os coletes amarelos usados pelos titulares foi o auxiliar Silveira. Com o grupo reunido, Romário disse o que queria. Pediu, por exemplo, aos atacantes Leandro Amaral e Alan Kardec que procurassem marcar por pressão a saída de bola dos mexicanos. E com o time formado, ficou claro que não está brincando de técnico.

Em relação ao time que perdeu domingo para o Atlético-MG, fez cinco substituições. Barrou o goleiro Sílvio Luiz e botou Cássio; pôs Luizão na zaga no lugar de Vilson; trocou Eduardo por Rubens Júnior na lateral; botou Andrade no banco para a entrada de Leandro Bonfim e escolheu Alan Kardec para jogar no ataque, ao lado de Leandro Amaral, saindo Enílton. Dos barrados, apenas Sílvio Luiz demonstrou que não gostou da novidade.

Antes de o treino começar, Romário vestiu um colete branco e se posicionou entre as duas intermediárias para acompanhar o treino. Movimentou-se tanto quanto o faz quando joga, ou seja, quase nada. Mas gesticulou muito. De uma coisa o craque não pode reclamar: durante 35 minutos, tempo que durou o primeiro tempo, Romário não se desgrudou da bola que carregava no colo. Como jogador, Romário não fica sequer dois minutos em contato com a bola durante uma partida.

Na segunda metade, o técnico Romário pôs o atacante Romário ao lado de Leandro Amaral. Na primeira vez que tocou na bola, o artilheiro fez um gol. Depois Conca faria outro.

Durante todo o coletivo, Romário pediu ao time que marcasse a saída de bola do time reserva. Como, por exemplo, quando marcou o gol logo no início da segunda metade. O time recuava para o centro do campo quando o duble de técnico e jogador entrou em ação.

— Não recua não. Precisamos vencer o América por três gols. A marcação tem que ser na saída de bola — gritou para os jogadores.

O coletivo terminou com três atacantes no time titular: Romário, Leandro Amaral e Enílton. Fim do treino, Romário mandou os jogadores treinarem cobranças de pênalti, já que existe a possibilidade de a vaga ser decidida nas penalidades. E, se mostrar a coerência que demonstrou ao escalar o time, o treinador não deixará Romário cobrar. Afinal, o atacante cobrou três pênaltis e perdeu os três.

A diretoria do Vasco prometeu anunciar o novo treinador amanhã, independentemente do que aconteça hoje. Paulo César Gusmão, que está desempregado desde que foi demitido do Náutico, continua cotado, mas agora tem a concorrência de Tite. O clube chegou a pensar em Alexandre Mendes, auxiliar de Renato Gaúcho no Fluminense, mas o treinador tricolor não liberou seu homem de confiança. Domingo o Vasco enfrenta o Palmeiras, em São Januário, pelo Brasileiro.

Na Europa, jogador acumular a função é mais comum

No futebol brasileiro é bem menos comum do que no europeu, mas já houve exemplos de jogadores que viveram a experiência de acumular a função de treinador. Antes de trocar de carreira, o atacante Renato Gaúcho, que estava machucado, dirigiu o Fluminense na reta final do Brasileiro de 1996. Ele não chegou a jogar e não foi bem sucedido: o tricolor foi parar na Segunda Divisão.

No próprio Vasco, já houve jogador que acumulou a função. O ídolo Roberto Dinamite aceitou, no Campeonato Carioca de 1990, dirigir o time contra o Bangu, substituindo Alcir Portella. Ele não jogou e o Vasco perdeu por 2 a 1. Em 1980, quando vislumbrava a carreira de treinador, o então craque Paulo César Carpegiani despediu-se dos gramados amistoso contra o Boca Juniors, dirigindo o Flamengo. Depois, foi efetivado.

Na Europa, a cena é mais comum. O Chelsea, da Inglaterra, por exemplo, já fez duas tentativas. Na temporada 1995/1996, pôs o holandês Gullit, craque do time, para comandar a equipe; na temporada 1998/1999, a dupla função coube ao italiano Vialli. Em ambas, funcionou: ganhou a Copa da Inglaterra (95/96) e a Recopa européia (98/99).

Time da virada

Quando o time está perdendo, a torcida vascaína costuma cantar "O Vasco é o time da virada/O Vasco é o time do amor". Hoje, no confronto com o América do México, pelas quartas-de-final da Copa Sul-Americana, em São Januário, o refrão adaptado do samba "A criação do mundo na tradição nagô", da Beija-Flor, vai ter de estar bem afinado nas gargantas dos torcedores, já que o clube precisa vencer por pelo menos 2 a 0 para levar a decisão da vaga para os pênaltis ou por 3 a 0, para se classificar para as semifinais da competição.

Ao longo de seus mais de cem anos de história, a maior virada do Vasco — e vista por muitos como uma das maiores da história do futebol brasileiro — ocorreu em dezembro de 2000, na decisão da Copa Mercosul, uma espécie de antecessora da Sul-Americana. Jogando contra o Palmeiras no estádio do adversário, o Parque Antártica, os vascaínos perdiam por 3 a 0 no primeiro tempo. No segundo, com um a menos, mas comandados por Romário, venceram por 4 a 3, para conquistar o título. Os gols do triunfo foram de Romário (três) e Juninho Paulista.

Mais recentemente, também na Sul-Americana, nas oitavas, o time de São Januário havia perdido por 2 a 0 para o Lanús, na Argentina, mas conseguiu reagir e ganhar por 3 a 0 no caldeirão de São Januário, com gols de Wagner Diniz e dois de Leandro Amaral, o último já no finzinho da partida.

A tradição vascaína de testar o coração de seus torcedores e virar jogos — ao começar perdendo, reagir e terminar vencendo — vem desde os anos 20. Ao estrear na Primeira Divisão carioca, em 1923, subindo da Segunda Divisão, começava perdendo várias partidas, mas acabava superando os rivais no segundo tempo. Na década de 40, por exemplo, o célebre Expresso da Vitória começou perdendo para o Flamengo por 2 a 0 em 1949, em São Januário (ainda não havia o Maracanã), mas virou para 5 a 2. Outra virada importante se deu em 1976, no 2 a 1 sobre o Botafogo. O gol da vitória foi de Roberto Dinamite, de voleio, após ter aplicado um chapéu no zagueiro adversário Osmar. Por essas e outras reações, é certo que a torcida vascaína vá exaltar o time da virada, lembrando dos grandes times do clube. Resta saber se a inconstante equipe de hoje em dia vai corresponder.

Fonte: O Globo


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