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NETVASCO - 16/10/2007 - 02:16 - Confira matéria de Placar sobre os argentinos de Vasco e Urubu




MEIA-ATACANTE BAIXINHO; HÁBIL, RÁPIDO E QUE SABE FAZER GOLS. EXPERIMENTE MAXI FAÇA UM TEST-DRIVE COM CONCA. VOCÊ NÃO VAI SE ARREPENDER. APROVADOS PELAS DUAS MAIORES TORCIDAS DO RIO DE JANEIRO

Não se trata de Maradona em seus áureos tempos. Nem de Lionel Messi, a estrela ascendente da seleção portenha. A descrição da página anterior se encaixa, na verdade, em dois jogadores que caíram nas graças de duas grandes torcidas cariocas: Darío Conca, desde janeiro no Vasco, e Maximiliano Biancucchi, há três meses no Flamengo. Apesar da semelhança aparente, os dois têm trajetórias completamente distintas, mas que cismaram de se cruzar pela primeira vez no Brasil.

Com muita habilidade distribuída em 1,67 metro, o canhoto Conca tem comandado o meio-campo do Vasco em sua surpreendente boa campanha no Brasileirão. Ex-jogador do River Plate e do chileno Universidad Católica, Conca já era reconhecido por seu talento antes de chegar a São Januário. "Conca é muito conhecido porque surgiu no River e teve muito boas atuações no futebol chileno, sobretudo nas copas internacionais, que, aqui na Argentina, passaram na televisão", diz o jornalista Elias Perugino, da revista argentina El Gráfico. "É um jogador talentoso, com bom panorama de jogo, explosivo nos últimos metros."

Para os que inicialmente desconfiavam de sua regularidade por nunca ter se firmado no River, onde surgiu, Perugino garante: "Conca não pôde se firmar no River porque não lhe deram oportunidades. Na temporada passada, quando terminou seu empréstimo no Universidad Católica, voltou ao River e esteve a ponto de ficar, mas Passarella [Daniel Passarella, técnico da equipe e ex-treinador da seleção argentina e do Corinthians] preferiu dar mais oportunidades a Fernando Belluschi, vindo do Newell's Old Boys, e a Sixto Peralta, comprado do Racing. Não foi um problema de condições, porque Conca tem categoria para ser titular na equipe. O problema foi Passarella, que não teve confiança nele."

Já o outro baixinho argentino foi apresentado como um tiro no escuro. Maxi, 22 anos e apenas 1,64 metro, chegou ao Flamengo há três meses tendo como principal credencial o fato de ser o primo mais velho de Lionel Messi. Nem seus compatriotas sabem como ele joga, já que Maxi esteve no Paraguai nos últimos cinco anos. "Biancucchi é praticamente um desconhecido. Diria que só é conhecido pelos jornalistas que seguiram sua campanha no Sportivo Luqueno e que agora estão curiosos pelo que ele pode fazer no Flamengo. O público argentino sabe pouco ou nada sobre ele. Só sabe que Messi tem um parente que jogou futebol no Paraguai e que agora está no Flamengo. Mas desconhece sua função em campo e não seria capaz de reconhecê-lo se cruzasse com ele caminhando na rua", diz Perugino.

Não se pode mais dizer o mesmo do torcedor rubro-negro, que em pouquíssimo tempo já o compara ao argentino Doval, ídolo do Flamengo nos anos 70 — que, coincidentemente, não repetiu na terra natal o sucesso que teve aqui. "A torcida do Flamengo é muito grande", diz Maxi, encantado com o sucesso repentino com uma das maiores torcidas do mundo. "Joguei no San Lorenzo, que é clube grande na Argentina. Só que o Flamengo é um clube grande no mundo."

Maxi diz que está adorando a vida no Rio. Conta que, até agora, só teve tempo de conhecer a praia, já que mora pertinho dela, na Barra da Tijuca, e os shoppings. Cristo Redentor e Pão de Açúcar estão nos planos, mas por enquanto só sua mulher, a paraguaia Jaz-min, pôde aproveitar a cidade. "Na Argentina não temos praias tão lindas. Nós, argentinos, trabalhamos o ano todo para tirar férias nas praias brasileiras. Eu mesmo já fiz isso, quando tinha 13 anos. Foram férias em família em Florianópolis, Messi também estava. Agora moro na cidade onde se tiram férias, com clima tropical", diz.

Mais que o clima, o que mais agrada a Conca no Rio são as pessoas. Extremamente tímido, o meia de 24 anos fala pouco, baixo, olhando para o chão. Quando chegou ao clube cruz-maltino, demorou um pouco a se adaptar. Ficou no banco um tempo, escondido. Até que floresceu. "Precisei de um tempo, fui me acostumando aos poucos com o futebol e com a gente brasileira", afirma. E o que essa gente tem de diferente? "Aqui as pessoas são mais livres. Me fazem sentir bem", diz.

Os brasileiros fizeram Conca se sentir bem, mas quem mais o apoiou nos momentos difíceis foi um compatriota, o zagueiro Emiliano Dudar, também do Vasco. "Nós não nos conhecíamos, mas foi muito importante para mim ele estar aqui, logo nos juntamos." Conca já conseguiu fazer um circuito turístico mais completo na cidade, conhecendo o Cristo e o Pão de Açúcar.

Conca só se firmou depois que passou a ajudar mais na marcação, a pedido do técnico Celso Roth. "Quando o jogador tem qualidade e busca se enquadrar numa metodologia de trabalho, rende. A grande vitória do Conca foi ter se enquadrado na filosofia de participação de todo mundo, ofensiva e defensivamente. Teve dificuldade num primeiro instante, mas se adaptou e, então, floresceu", diz Roth.

Para o técnico do Flamengo, Joel Santana, um dos trunfos de Maxi é sua velocidade. E o que já foi apontado como defeito, sua estatura, pode ser uma grande qualidade. "Tamanho não faz diferença. Sabe aquele baixinho que fez 1 000 gols, o Romário? Pois é, tamanho é isso!", diz Joel.

Maxi lembra que o primo Messi também é baixo. "Ser pequeno, no futebol, tem muitas vantagens. Sou mais rápido que a maioria, por exemplo. Nunca me atrapalhou, nunca ouvi um treinador falar que não ia jogar porque sou baixinho", afirma. Conca também aproveita a pouca estatura e lembra que, na Argentina, grande parte dos meias é baixa. "Sempre usei meu tamanho a meu favor. Principalmente porque fui do River Plate, que tem muitos jogadores baixos", diz.

Os dois pequeninos nunca jogaram juntos na Argentina. Nem contra, nem a favor. Maxi acredita que podem até ter se cruzado nas categorias de base, mas Conca duvida, porque é mais velho. Em comum, além da pouca estatura, habilidade, velocidade e nacionalidade, está o carinho que sentiram dos hermanos brasileiros. "Fui muito bem recebido", diz Maxi. Conca completa: "Nunca senti a rivalidade. Desde o início, aqui me fizeram sentir-me como mais um, como parte do grupo".

PIBE TÍMIDO
Conca tinha 20 anos quando seu pai morreu, em março de 2004. Estava no River Plate, mas diz que pensou em parar, largar tudo. Não conseguia ver propósito em continuar sem seu pai por perto. "Não queria treinar nem jogar, não me parecia importante", afirma. Oepois, com o tempo, voltou a ter prazer com a bola. 0 apoio da família foi e continua sendo fundamental para isso. Tanto que raramente está sozinho no Brasil. A mãe, Dora, e o irmão Daniel passam temporadas com ele. 0 jogador está solteiro, e fica vermelho quando toca no assunto. Desconversa, diz que as mulheres mais bonitas que já viu são a mãe e a irmã Paula. Caçula de quatro irmãos, Conca soa modesto até quando fala em futebol. Figurinha fácil em seleções de base argentinas, nunca esteve na principal, mas não reclama: "Não penso muito nisso, na verdade", diz. Maestro do meio-campo do clube em sua boa campanha no Brasileirão, Conca diz que a disputa por uma vaga no time é acirrada, que há muitos jogadores bons e que é preciso ficar atento. E afirma que, apesar de todo jogador sonhar com a Europa, só tem olhos para o Vasco no momento: "Meu contrato é só até o fim do ano. Gosto muito do grupo, acho que tenho muito que crescer ainda. Adoraria ficar mais".

PRIMO-IRMÃO
Ser primo de Lionel Messi tem um lado bom e um ruim. "É bom porque nos gostamos muito, somos apegados, unidos. Ele acompanha minha carreira e diz que os brasileiros lá do Barcelona falam de mim para ele. Mas me incomoda profissionalmente, estou todo o tempo sendo comparado a ele", diz Maxi. Sua mãe, Marcela, é irmã de Célia, mãe de Messi. Os dois irmãos mais novos de Maxi também jogam bola. "Quando eu e Messi éramos crianças, todo mundo no bairro falava que tínhamos muita qualidade. E não éramos só nós. Os irmãos mais velhos de Messi e muitos amigos nossos também jogavam bem, mas ficaram pelo caminho", diz o jogador. 0 bairro em questão ficava em Rosário, de onde Maxi e Messi saíram no mesmo ano, em 2001. Messi tinha 13 anos e foi para o Barcelona. Maxi tinha 16 anos e foi para o San Lorenzo, de onde partiu no ano seguinte para o Paraguai. Lá, jogou no Libertad, no Tacuary e no Luqueno. Foi no Paraguai, há três anos, que passou por seu momento mais difícil. Bateu com a cabeça na de um adversário, numa partida, e teve traumatismo craniano e um coágulo no cérebro. "Tive que operar de urgência, fiquei sete meses parado. Mas, quando você tem fé, se levanta", diz.

Capa da revista


Fonte: Revista Placar - Outubro 2007


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