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NETVASCO - 13/08/2007 - 18:37 - Pedro Valente fala sobre o Departamento Médico do Vasco

As lesões no futebol

Principais problemas que acometem os jogadores são lesões musculares ou causadas por traumas

O futebol é uma modalidade de exigência física extremamente complexa. Por conta disso, apresenta uma série de ameaças distintas ao físico dos praticantes. E esse cenário ainda é agravado pela quantidade de fatores que podem influenciar – clima, contato físico, chuteiras ou gramados, por exemplo. O trabalho dos médicos ligados a esse esporte tem como obstáculo a origem multifatorial dos problemas físicos. Contudo, existe um “padrão” de problemas e soluções para que os atletas não sejam prejudicados por conta de lesões.

Os problemas musculares, por exemplo, respondem por quase 40% das lesões de jogadores de futebol. Além disso, 25% têm origem em algum trauma. Essas são as preocupações mais recorrentes no departamento médico de qualquer equipe. “São as principais ameaças, sempre nos membros inferiores”, confirma Otacílio da Matta, ortopedista do Cruzeiro.

A partir das duas últimas décadas do século XX, o tratamento dessas lesões ganhou precisão e se tornou mais eficiente. Isso reduziu o tempo para a recuperação dos atletas, fazendo com que problemas que antes eram assustadores passassem a ser vistos como corriqueiros na realidade do futebol.

“Temos as lesões de ligamento cruzado anterior do joelho como exemplo. Com as novas técnicas cirúrgicas, esses problemas se tornaram menos graves. Antes, uma lesão desse tipo podia determinar o encerramento precoce da carreira de um jogador. Hoje em dia, em oito meses ele está de volta às atividades normais”, compara Otaviano Júnior, ortopedista do Atlético-MG.

Além do aumento da qualidade no tratamento, houve uma mudança radical na estrutura dos clubes de futebol para a recuperação de atletas. “A relação dos atletas com a medicina é muito próxima. Às vezes, mesmo em dias de folga, jogadores nos ligam para perguntar coisas. Eles são instruídos a não tomar nenhum remédio sem nos consultar”, diz Michel Simoni, coordenador médico do Fluminense.

Em contrapartida, outros fatores complicaram a rotina dos atletas. A evolução da preparação física e as novas concepções táticas no esporte diminuíram o tempo de reação e aumentaram a incidência de choques físicos. Isso representou um novo padrão de desafios para os médicos do esporte.

“Atualmente, a ortopedia é a especialidade mais solicitada no futebol. Trata-se de um esporte de muito contato, que gera lesões e traumas. Por isso, a principal exigência é de um trabalho de ortopedia. Só que um departamento médico precisa ter profissionais de outras áreas, como clínicos e cardiologistas”, pondera Pedro Valente, vice-presidente médico do Vasco.

A principal dificuldade extra para o trabalho de ortopedia no futebol é a exigência de recuperação rápida dos atletas. Segundo Valente, isso cria uma mudança no trabalho dos médicos: “Quando um jogador perde uma partida ou um treinamento, isso é prejudicial para a equipe. Portanto, precisamos nos estruturar para evitar que eles fiquem afastados ou que sofram qualquer problema”.


Para que esse combate às lesões seja eficiente, porém, os profissionais precisam trabalhar em uma perspectiva interdisciplinar. “O trabalho do médico não resolve tudo. É fundamental haver uma integração com outras pessoas do clube, como fisiologistas, fisioterapeutas ou chefes de outros departamentos”, estabelece Joaquim Grava, médico do Santos.

Outro requisito determinante é a atualização constante dos profissionais. Afinal, as lesões mais comuns atualmente e as situações em que elas acontecem são totalmente diferentes do cenário do fim do século XX.

“A tendência, sem dúvida, é prevenir lesões. Mas para isso, é fundamental que os profissionais conversem e conheçam o atleta. O mais importante é estar sempre informado, saber quais são os jogadores observados pela comissão técnica e observá-los também. Você precisa conversar com médicos de outros clubes se for preciso e montar um histórico de cada atleta. Isso pode ser um diferencial”, classifica Grava. “Muitas pessoas não sabem, mas fatores como a idade, o início precoce no esporte e a composição corporal podem facilitar a incidência de lesões. Por isso, acompanhar minuciosamente os atletas é decisivo”, confirma Otaviano Júnior.

Além de conhecer os atletas, os médicos precisam saber quais são as condições em que ele está inserido. Fatores como a chuteira, o gramado ou a pressão externa podem ter influência nas lesões, sobretudo em casos de desequilíbrio muscular ou problemas de movimentação.

“A Toca da Raposa I, que é o centro de treinamentos das nossas categorias de base, tem um campo com grama sintética. Esse tipo de gramado pode ser mantido sem buracos com mais facilidade e está cada vez mais próximo de um gramado comum. Antes parecia um carpete, mas hoje já é uma solução viável para reduzir os problemas físicos dos atletas”, conta Otacílio da Matta.

A estruturação do departamento médico

Para melhorar a qualidade do atendimento aos atletas, muitos times recorrem a profissionais responsáveis pela área

A despeito da influência de muitos fatores ligados ao coletivo, a capacidade de rendimento de uma equipe é indissociável do nível de desempenho individual de seus atletas. Para estarem sempre aptos para a prática esportiva, porém, esses jogadores dependem substancialmente da saúde física. E para isso ser possível, em modalidades com tantos choques e tanta exigência quanto o futebol, é fundamental que exista uma estrutura física adequada.

Em função desse cenário, alguns times brasileiros optaram recentemente por contratar profissionais responsáveis por tudo o que acontece no departamento médico. “Eu sou médico, mas tenho um cargo administrativo aqui no Vasco. Eu faço as contratações de profissionais e gerencio o dia-a-dia do trabalho”, exemplifica Pedro Valente, cirurgião plástico em uma clínica particular e vice-presidente médico da equipe carioca.

A primeira atribuição dos profissionais responsáveis pelo departamento médico é a criação de uma rotina de atendimento. No Vasco, por exemplo, Valente tenta manter ao menos dois profissionais à disposição do clube durante todo o dia: “Essas pessoas fazem relatórios e prontuários para termos uma visão global sobre tudo que está sendo feito com os atletas”.


Outra responsabilidade dos coordenadores de departamento é zelar pelos equipamentos. “Temos um controle de quais são os medicamentos e os objetos usados e precisamos controlar essas quantidades para que o atendimento aos atletas possa ser feito sempre com rapidez”, conta Lúcio Erlund, coordenador médico do Coritiba.

A partir desse controle minucioso sobre as atividades do departamento médico, os coordenadores podem elaborar um histórico coletivo da equipe e um relatório individual dos atletas. Essas informações são a base para a constituição de uma metodologia de trabalho totalmente ajustada às características do grupo.

“Nós conseguimos recuperar o Maldonado mais rapidamente porque conhecemos todo o histórico do jogador. Acompanhamos o dia-a-dia dele e sabemos de muitas peculiaridades. Assim, pudemos realizar um trabalho individualizado e com mais intensidade”, diz o médico do Santos, Joaquim Grava.

Fonte: Cidade do Futebol


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