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NETVASCO - 24/09/2005 - 02:06 - Jogo do Vasco também foi pivô de escândalo de arbitragem em 97

O escândalo de arbitragem divulgado na noite de sexta-feira (23/09) pela Revista Veja não foi o primeiro a envolver o nome do Vasco. Em 1997 estourou o caso "Ivens Mendes", em que o Vasco teria sido prejudicado num jogo contra o Atlético Paranaense (em que acabou derrotado por 3 a 1) válido pela Copa do Brasil.

Confira matéria do Jornal do Brasil de 8 de maio de 1997 sobre o assunto:

Corrupção afasta o diretor de árbitros

Ivens Mendes deixa a CBF sob denúncias de manipulação de resultados de jogos

O futebol brasileiro escreveu ontem mais um capítulo de corrupção em sua história. Duas fitas cassetes, contendo conversas telefônicas do presidente da Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol (Conaf), Ivens Mendes, com dirigentes de grandes e pequenos clubes de vários estados, desvendaram um esquema de manipulação de resultados há muito perseguido nos bastidores do esporte. Ivens, que aparece como o grande mentor das armações, foi demitido sumariamente ontem à tarde pelo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, que encaminhará o caso hoje ao Tribunal da entidade. O ex-árbitro Arnaldo César Coelho foi convidado para ajudar na reestruturação da Conaf, que será dirigida interinamente pelo atual diretor de futebol, Gilberto Coelho.

"As denúncias são graves e serão encaminhadas ao tribunal para que sejam julgadas e apuradas com o rigor da lei. Com a demissão da pessoa envolvida, não nos cabe mais qualquer medida a não ser dizer que as portas da CBF estão abertas para qualquer investigação", anunciou o presidente da entidade, Ricardo Teixeira, que tomou conhecimento das fitas antes mesmo de elas serem divulgadas pela Rede Globo de Televisão e divulgadas à noite no Jornal Nacional.

As gravações mostraram como o mineiro Ivens Mendes, presidente do órgão que comanda a arbitragem no futebol brasileiro, agia nos bastidores da CBF. Interessado na candidatura ao posto de deputado federal por Minas Gerais, Ivens insinuava favores na arbitragem, pedia dinheiro a presidentes de clubes, orientava fraudes em licitações e recebia propina de fornecedores da CBF. Suspeitas levantadas várias vezes, mas arquivadas por falta de provas. Na mais evidente prova de seu envolvimento com o esquema, Ivens aparece cobrando US$ 25 mil do presidente do Atlético Paranaense, Mário Celso Petraglia, para ajudar o clube do Sul a derrotar o Vasco na partida entre as duas equipes, em Curitiba, válida pela segunda fase da Copa do Brasil deste ano.

Coincidentemente, o Atlético venceu a partida por 3 a 1 e Edmundo foi expulso estranhamente ainda no primeiro tempo, depois de ter sido agredido pelo zagueiro Andrei. O atacante vascaíno sequer reagira à agressão.

Em outra conversa, o dirigente pede ajuda ao presidente do Corinthians, Alberto Dualibi. As suspeitas indicam que Ivens já teria recebido sete camisas oficiais do Corinthians e estaria alinhavando o apoio de alguns clubes para a realização de amistosos que seriam disputados em cidades no Triângulo Triângulo, a sua base eleitoral. A versão apresentada na CBF foi a de que Ivens Mendes entregou ao presidente da CBF carta de pedido de demissão. "Vinha sofrendo graves pressões e não podia mais continuar no cargo", justificou-se. Mas acabou sendo demitido por Ricardo Teixeira. O ex-árbitro Arnaldo César Coelho foi convidado para ocupar o cargo e já aceitou fazer um assessoramento que possibilite a restauração da comissão anteriormente presidida por Ivens Mendes.

Abaixo estão os diálogos, apresentados pela TV Globo, que comprometem Ivens Mendes:

Explicando ao dirigente de um clube a estratégia para se eleger

"Vou ver se armo lá um negócio para poder doar leite às criancinhas. Estou fazendo uma associação filantrópica e beneficente para poder pegar donativo de tudo quanto é lado".

Ordenando a funcionário da CBF que desvie material para presentear ligas do interior mineiro, onde mantém sua base eleitoral

Ivens: "Bom dia. Pega uma daquelas requisições de material e pede 30 chaveiros. Que mais que eles têm aí"?

Funcionário: "Camisa?"

Ivens: "Camisa. Bate o meu carimbo, põe meu visto e leva lá para a Sueli, que eu já falei com o Marco Antônio (Teixeira, secretário-geral da CBF)."

Usando o cargo para levar convidados ao jogo Brasil x Chile, dia 2 de abril de 97, em Brasília

"Se você quiser ligar para o teu prefeito e convidá-lo, ele e os vereadores que vão acompanhá-lo para ir almoçar com a gente. E depois, à noite, ele vai ao jogo com a gente. Me passa o nome deles para tirar credencial, aquelas histórias todas, porque jogo do Brasil é meio complicado..."

Usando a força do cargo para arrecadar dinheiro. Segue-se diálogo com o presidente do Atlético Paranaense, Mário Celso Petraglia

Ivens: "Estou fazendo os campos lá, as empreiteiras já estão me cobrando e eu não acho você para..."

Petraglia: "Você não me ligou. Eu te liguei umas duas vezes e não te achei"

Ivens: "Como é que você quer esse recibo?"

Petraglia: "Isto a gente combina ainda"

Ivens: "Estou precisando que você me mande hoje R$ 25 mil"

Petraglia: "Liga para a minha secretária, a Marli, dá os dados para ela, que eu entro em contato com ela e providencio"

Alegando não ter recebido os R$ 25 mil, Ivens volta a falar com Petraglia. Estava disposto a pressionar o árbitro do jogo entre Atlético e Vasco, em Curitiba

Ivens: "Tem que sentar a borduna no Vasco aí. Eu, se puder, vou até falar com o juiz para dar uma mãozinha para você"

Petraglia: "Quem é que vem aí"

Ivens: "Aí é o Godói, o Oscar. Até precisa falar para os seus jogadores que esse Oscar é meio unha de cavalo. Não reclamar, não fazer p.... nenhuma. Marca direitinho o Edmundo, ele fica nervoso."

Negando que aceite auxílio em troca de pressão a juízes de futebol

"A pessoa que vier com segundas intenções, achando que vai me ajudar, e eu aí, numa volta, vou ajudar o clube dele, está completamente enganado"

Solicitando ajuda ao presidente do Corinthians, Alberto Dualibi.

Ivens: "Você precisa ver aí o que eles vão me ajudar, hein rapaz?"

Dualibi: "Vai começar bem, já"

Ivens: "O que você chama de bem?"

Dualibi: "Bom, não é por telefone que eu vou te falar"

Ivens: "Não, não tem nada demais. Começa bem...tanta gente ajuda tanto candidato"

Dualibi: "Já começa com 100. Aqui pode ficar tranqüilo, que vai sair o que você quiser"

Considerando normal o desejo de ser ajudado para eleger-se

"Dentro da circunstância atual, do que acontece na arbitragem regional, nacional e estadual, eu não acho ético. É importante que tenha que se entender por que é que eu, um cidadão brasileiro, e postulando um cargo político, por que eu não vou poder aceitar a ajuda dos meus amigos?"

"Jamais utilizei cargo, cargo para ser alguma coisa. Segundo, não sou candidato ainda. Posso ser candidato a candidato, não é mesmo? E terceiro, que realmente não tem nada demais postular alguma coisa, tá entendendo? E fazendo isso de forma que eu fiz, acho que não desvirtuei nada do que tinha que desvirtuar"
Fonte: NETVASCO, Jornal do Brasil


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