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Netvasco - 12/02 - 17:53 - Marcelinho Carioca: 'O Eurico foi um pai para mim'

Em entrevista à revista Lance a Mais, o ex-vascaíno Marcelinho Carioca fala de suas passagens pelo Vasco bem como de Eurico Miranda e Romário. Confira os trechos da entrevista em que ele aborda esses assuntos:

Que outros times de Brasília você conhece?

Tem o rival, né? O rival lá...

Qual é o rival?

Deixa eles lá... vou chamar de rival. (O rival a que se refere Marcelinho é o Gama.)

Além do rival, você conhece outro?

Muito, não.

No Vasco, você também falava em rival.

É uma questão de respeito. É a forma como me trataram. Em cada estado, existe uma rivalidade muito forte. Eu tenho que me enquadrar onde estão me honrando, onde estão reconhecendo o meu trabalho, meu potencial. Devo esse respeito à torcida do Jacaré. A rivalidade lá é muito forte, então tenho que me referir ao Amarelo.

Você já fala o nome do outro rival, da época em que jogava no Vasco?

Não, não... (O outro rival é o Flamengo.)

É o rival carioca.

É o rival carioca. Porque ficando 11 anos fora do Rio de Janeiro, o Vasco foi... como eu posso dizer? O Eurico foi um pai para mim, eu gosto dele de forma maravilhosa, o Eurico também gosta de mim. Temos um relacionamento sensacional. E a torcida do Vasco, depois de 11 anos, me tratou de forma muito honrosa, respeitosa. Até hoje, quando eu passo por aqui, me tratam muito bem. Vou para Brasília para defender o Jacaré, o Brasiliense. (Na verdade, Marcelinho ficou dez anos fora do Rio. Saiu do Flamengo em 1993 para o Corinthians e foi para o Vasco em 2003.)

Aqui no Rio, você hoje é vascaíno?

(Não de imediato) Sou, sou. Meu destino é preto e branco de muito tempo. E aí, isso é uma brincadeira, fiz oito jogos pela Seleção, já estou colocando a amarelinha. Então estou dando um passo, uma porta já está sendo aberto.

Você acha que poderia ter jogado mais pela Seleção?

Poderia, porque fui muito mal-interpretado. E eu fui o principal responsável. Assim, entre aspas, 60%. Nada resiste ao talento. Contra fatos não há argumento. Eu mostrei dentro de campo, senão vários jogadores polêmicos não poderiam ter sido convocados. O meu comportamento sempre foi meio dúbio, porque eu falava uma coisa, falava do Evangelho, e entrava em campo e mostrava uma coisa diferente. Isso confundiu muita gente. "O Marcelinho é marqueteiro, ele é maluco". Eu dei motivo. Mas você só pode falar do caráter de uma pessoa, da conduta de uma pessoa, se convive com a mesma. Todas as pessoas que conviveram comigo me amam, me adoram. Tenho amigos para caramba. De 50 técnicos com quem eu trabalhei no Brasil inteiro, só tive problema com o Vanderlei. E até depois nos tornamos amigos. Ele queria me levar do Japão para o Cruzeiro, mas eu preferi ir para o Vasco por ter uma proposta melhor. Mas ficou uma imagem minha arranhada, entre aspas. O próprio presidente me conhece há três anos e acreditou. Almoçamos e jantamos, ele sabe quem está contratando, a pessoa que ele está levando. Você pode falar de mim, se convive comigo. Muitas pessoas colocaram muito sensacionalismo. Hoje eu peço até que passem mais a informação.

Hoje você acha que fala uma coisa e em campo não vai fazer diferente?

Veja bem, as pessoas acham que no Evangelho não pode errar. Eu sempre vou errar. Mas eu nunca quis prejudicar ninguém. Nunca tive problema sério com ninguém. As pessoas inventaram muito, criaram tempestade em copo d´água. Em qualquer ambiente de trabalho há divergências de opiniões, de comportamento. São normais. Eu tenho uma carreira vitoriosa, com números comprovados, com dez títulos no Corinthians. Hoje em dia um jogador fica um ano, dois ou três anos no clube, eu fiquei quase nove anos. Saí do Vasco porque a proposta foi boa para mim e para o Vasco, nas duas vezes, para o Oriente Médio e para a França. Saí do Ajaccio pelo projeto que me foi apresentado, e foi bom para o clube e para mim. Nunca deixei ninguém na mão.

Depois do contrato com o Brasiliense, pensa em voltar ao Corinthians?

Não vou dizer dessa água não beberei. Quando eu volto lá, recebo carinho dos torcedores, da imprensa, tenho amigos lá, tenho coisas lá. A gente não pode prever o futuro. Mais para frente, posso jogar, encerrar a carreira.

É o seu time do coração?

É. Ele e o Madureira.

Madureira?

É, clube em que eu fiquei seis anos. E sou muito grato ao rival.

Você não disse que era vascaíno no Rio?

Mas sou muito grato ao rival. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Então no Rio você é vascaíno e tricolor suburbano?

Exatamente. Mas sou muito grato ao time da Gávea, por ter me ajudado na alimentação, na saúde, na escolaridade, por ter acreditado em mim, por ter me tirado do Madureira. Sou muito grato ao Márcio Braga. Saio do Madureira, vou para a Gávea e encontro o Zico. Minha perna balançou. Estréia no dia 30 de novembro, uma quarta-feira, 9h41min da noite, um Fla-Flu, 1 a 0, gol de Bebeto. Eu entro aos 11 minutos do primeiro tempo no lugar de quem? No lugar de Arthur Antunes Coimbra, Galinho de Quintino. Fiquei feliz. Não vou perder essa oportunidade, e não joguei fora essa oportunidade. Venho de uma família pobre, sofri discriminação, vendi refrigerante e picolé na praia para poder ir treinar. A minha trajetória de vida... Às vezes muitas pessoas não entendiam o meu comportamento dentro de campo. "O Marcelinho é rebelde." Não, tive uma criação difícil. Mas o que não faltou para mim foi educação. Minha vida mudou 180 graus e as pessoas começaram a olhar o Marcelinho Carioca, não o Marcelo. Vi muita coisa na vida. Meu pai era desempregado trabalhou como gari. Ouvi até piadas.

O que você acha desse final de carreira do Romário?

Eu dou força. Tudo é produtividade. Mas o nome dele, tudo o que ele conquistou... Na Copa de 94, ele ganhou a Copa. O que ele fez pelo Brasil internacionalmente... Ele merece respeito. Ele, Pelé, Zico. São coisas que têm que ser colocadas num museu. O cara fez demais, ganhou muitos títulos. É um cara polêmico, dizia "Vou fazer e tal". Eu lembro que ele disse "Vou ganhar a Copa do Mundo". Tudo bem, o grupo ganhou, mas ele chamou a responsabilidade e fez a diferença. Ele tem que ser muito respeitado. Tem as suas falhas, os seus defeitos, as suas polêmicas. Às vezes atingiu algumas pessoas, mas pediu desculpa. É um cara incontestável, incomparável. Convivi com ele no Valencia. É um cara sensacional.

Teve alguma história no Valencia?

Eu era jovem. Lembro um fato: eu pedi para bater falta no Zubizarreta depois do treino, e o Zubizarreta não queria, disse que estava cansado. Eu não tinha moral. Ele falou: "Pode ir, que eu vou bater também". Aí o Zubizarreta não pôde falar nada para ele. "Marcelinho, bate você primeiro". Bati, guardei. Bati três seguidas e fiz três gols. "Não vamos bater mais, não, vamos embora, estou com a perna doendo". O cara me defendeu... E eu não estou aqui defendendo ele. Mas eu conheci o coração dele. Ele não precisava me defender naquela hora. Mas comprou barulho. O Zubizarreta era o goleiro da Espanha. E teve que engolir três gols meus, e o Romário ainda tinha apostado com o Djukic, zagueiro da seleção da Iugoslávia, que eu ia fazer pelo menos dois. Eu vi a camisa dele não sendo usada por seis meses. Um negócio que eu nunca vi. Vi aqui no Brasil, mas lá fora...

Fonte: Lance a Mais




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