Payet perde 8 quilos e é elogiado pela comissão técnica do Vasco
Domingo, 21/01/2024 - 08:03
Um francês que gosta de arroz, feijão e farofa. Hoje adaptado ao Brasil, Dimitri Payet chegou ao Vasco em setembro com a missão de ser o craque de um time que lutava contra o rebaixamento. Além das condições físicas naquele momento não serem as ideais, ele era um europeu no futebol sul-americano - algo raro.

Não bastasse a dificuldade natural da adaptação, Payet estava há quatro meses sem jogar - para atletas, é o tempo de recuperação de uma lesão, por exemplo. Com o trabalho no dia a dia do Vasco, o francês saiu de 88 quilos para 80, foi importante na reta final do Brasileirão e chegou "fininho" na pré-temporada.

Para saber um pouco sobre a adaptação de Dimitri Payet no Vasco, o ge ouviu quem esteve dentro do clube para esse trabalho ser feito, ao ponto do francês estar em uma forma física melhor do que a de seu auge na Europa.

"Ele abraçou a ideia"

A frase acima é de Diego Pereira, prepador físico do Vasco. Contratado a pedido de Ramón Díaz, o preparador, que havia começado a carreira no clube, é uma das peças-chave da adaptação do francês no Brasil - tanto dentro de campo, como fora dele.

- Ele é um atleta extremamente profissional. Sem dúvidas, ele abraçou a ideia. Nosso trabalho tem uma influência grande nisso, lógico, mas o atleta é o grande responsável pelo desempenho dele. Os jogadores passam duas horas com a gente, as outras 22 horas passam em casa - disse Diego.

"Ele abraçou a ideia. Levou os treinos a sério, levou a cartilha das férias, tudo de forma séria", completou.

Diego é o elo entre a comissão técnica e o Departamento de Performance e Saúde do Vasco. Mas para Payet, ele também serve como um professor de português, e, às vezes, até como tradutor, para saber como reclamar com o árbitro ou para entender alguma instrução.

- Ele é muito dedicado, pergunta tudo em português. Às vezes tenta me explicar em inglês, mas eu falo "não, me fala em português", e aí ele melhora, evolui dentro do dia a dia. O Payet não foi uma surpresa para mim. Ele não chegou onde chegou pela qualidade que ele tem, e, sim, pela mentalidade que ele possui.



A barreira do idioma é um desafio diário para Payet, que, em campo, consegue se comunicar bem com os atletas em português, com os pedidos simples de "toca", "vira" e "chuta". Na comunicação com o restante do elenco, nos momentos de distração dos treinamentos, o idioma mais utilizado é o inglês.

Na concentração desta pré-temporada em Punta del Este, Payet inicialmente dividiu quarto com JP, volante da base do Vasco. Com um experiente e um mais velho, os jogadores se divertiram usando aplicativos de tradução para conversar.

Alimentação e peso

Payet chegou ao Brasil com 88 quilos e há quatro meses sem atuar no futebol europeu, pelo fim da temporada na França. Após não renovar com o Olympique de Marselha, clube no qual é ídolo, o francês assinou com o Vasco, onde recebeu um tratamento especial no início de sua trajetória. Sobretudo na alimentação, como conta Felipe Marchesatto, nutricionista do clube.

- O Payet chegou para nós sem atuar há quatro meses. Para um atleta, isso é muito tempo. É quase uma lesão de grau 2, um pouco mais grave. Era um período de inatividade muito grande. Só de ficar sem atuar, os jogadores já perdem massa muscular e, consequentemete, aumentam o percentual de gordura.

- Tivemos um processo de várias semanas estudando o Payet, observando a alimentação, se ele ia se adaptar ao nosso tempero. A primeira coisa que percebi era que a comida brasileira não seria problema. Ele chegou comendo o nosso arroz, o nosso feijão, a carne, a farofa.

Depois de aprovar o cardápio, Payet recebeu uma dieta individualizada e um acompanhamento semanal, em avaliações médicas e comportamentais, principalmente durante as viagens do Vasco no Campeonato Brasileiro.

- Deixei ele mais à vontade no início para reparar como ele estava nas concentrações, que é um período mais complicado. O atleta fica um dia e meio sem treino, se ele não se controla, ele chega no jogo mais pesado. Depois, entramos com uma dieta individualizada, com avaliações periódicas semanais, para que ele entendesse o processo.

Com todo o trabalho, os resultados não demoraram a aparecer. Em dois meses, o atleta emagreceu oito quilos. E o trabalho não parou, mesmo ao fim da temporada. O francês seguiu a cartilha das férias e voltou ainda melhor - até mesmo em comparação com seu auge na Europa.

- Conseguimos emagrecer o Payet em oito quilos, em dois meses. Ele voltou das férias mais magro ainda, com um percentual bem legal, ele chegou com 88kg e agora está com 80. Ele atuava na Europa com 82, então ele tá mais magro. Ele é um cara muito sério, muito fiel, e levou a sério a alimentação também.

Exemplar e interessado

Sarah Ramos, fisiologista do clube, disse em entrevista ao ge que os jogadores recebem as suas avaliações sempre após as partidas oficiais. No entanto, ela revelou que Payet é um dos atletas mais interessados do elenco. Até no jogo-treino realizado na pré-temporada, o francês quis saber como estavam suas métricas

- Quando é jogo oficial, eu tenho rotina de mandar para os atletas o individualizado, os dados deles. Quando é jogo-treino, amistoso, não tem essa rotina. Ele já veio me pedir no dia seguinte. Ele é super interessado e aplicado. A evolução dele é nítida para todo mundo

Aos 36 anos, Payet é visto internamente como um exemplo de profissional. Qualidade técnica não é segredo para ninguém que acompanhou a sua carreira, mas a aplicação fora dos gramados também não surpreendeu aos funcionários do clube.

- A gente não esperava nada diferente disso. Ele é um atleta extremamente profissional. Sem dúvidas, ele abraçou a ideia. Ele tem muito compromisso com o clube e com o projeto que ele abraçou com o Ramón, muita dedicação. A torcida tem que ter um pouco de paciência porque ele ainda está em adaptação, em um país diferente, em um idioma que ele não domina - disse Diego.

Apesar dos avanços em menos de cinco meses de Brasil, o francês segue em adaptação, tanto no futebol, quanto no dia a dia. A alimentação não é um problema desde os primeiros dias, segundo Carlão, chef do Vasco que viajou com a delegação para o Uruguai.

- Ele estava tímido, mas quando fui entendendo o paladar dele, vi que ele tinha gostado, porque até levava quentinha para casa.

Mais "fino" e adaptado, além de saber "se virar" no português, Payet tem se destacado nesta pré-temporada e deve ser titular na partida contra o Deportivo Maldonado, neste domingo, às 21h30, no último amistoso do Vasco no Uruguai, em Punta del Este.

Fonte: ge