Crias do Vasco, Laranjeira disputará o Carioca pelo Madureira e Cayo Tenório pelo Nova Iguaçu
Terça-feira, 16/01/2024 - 15:44
Laranjeira ficou 15 de seus quase 24 anos de idade no Vasco. Defendeu a camisa do clube em todas as categorias de base e chegou a atuar pelo profissional em 16 jogos, incluindo um na Série B de 2021. No fim do ano passado, seu contrato terminou. Em 2024, assinou por quatro meses para disputar o Campeonato Carioca pelo Madureira.

Gol do Vasco! Gabriel Pec faz boa jogada individual e passa para Laranjeira, que marca, aos 25 do 1ºT


A história de Laranjeira é só mais uma entre tantas que se repetem no funil do futebol, no qual promessas espalhadas pelos principais clubes do país precisam lutar por um espaço incapaz de comportar tantos sonhos. Assim como ele, muitos jogadores, com carreira nas bases de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, encontram espaço na perifeira do futebol do Rio de Janeiro.

O Carioca começa nesta quarta-feira, com disputas que vão além do título. Há vagas para a Copa do Brasil e a Série D de 2025 em jogo na competição. Receitas importantes para os clubes de menor investimento. E essas ex-promessas, que precisaram procurar novos ares, se tornam peças importantes nessa engrenagem.



Meia-atacante, Laranjeira tem consciência disso. E, logo na terceira rodada, terá a chance de reencontrar seu ex-clube, no dia 25, em São Januário. Ele já se prepara para um momento de emoção por tudo que viveu, mas com a cabeça no Madureira e em seu futuro no futebol.

- Fiquei 15 anos na equipe do Vasco, mas agora defendo as cores do Madureira. Tenho muitos amigos lá ainda, com funcionários, muito contato com grande parte deles. A gente conversa bastante. Creio que enfrentar eles vai ser algo novo, até meio estranho, mas agora defendo o Madureira e vou fazer tudo para sair com a vitória - afirmou Laranjeira, que conviveu com muitos problemas de lesão, inclusive em sua passagem no Remo, por empréstimo, em 2023.

Companheiro de Laranjeira no Madureira, Reydson vive uma situação parecida. Ele tem contrato com o Botafogo até abril deste ano e não sabe como será seu futuro. Perto de completar 22 anos em fevereiro, o zagueiro estava no time sub-23, não recebeu muitas oportunidades, mas guarda carinho pelo clube e sonha com uma volta no futuro.

- Em 2022, estava no elenco profissional, estreei contra o Audax, meu primeiro jogo profissional. Tem uma lembrança boa. Fica um sentimento de "cheguei". Mas não consegui dar sequência. É continuar tentando evoluir cada dia para tentar chegar lá. É bom entrar no estádio, ver a torcida, olha para trás e lembrar tudo que passou. Guardo aquele dia como um dos melhores da minha vida - disse o jogador, que teve uma rápida passagem pelo Resende.

Um dos mais experientes desse grupo de jovens é Pablo Maldini, lateral-esquerdo formado pelo Flamengo. Também perto de completar 24 anos de idade, ele passou por Geórgia e Portugal, onde enfrentou o atual técnico do Boavista (o português Filipe Cândido). Sem jogar há mais de um ano, espera recuperar um espaço perdido desde que apareceu como promessa no Ninho do Urubu.

- Acho que recomeçar é muito importante. Na época em que estava no Flamengo, gostei muito da oportunidade. Foi bem cedo, com 17 anos. Estar aqui hoje com 23, dar um passo atrás às vezes, é bom para tomar aquele impulso e poder lá na frente alcançar coisas melhores ainda. Essa época no Flamengo, foi muito importante de aprendizado, experiência, convivi com pessoas que me abraçaram, que eram mais velhas e me deram alguns toques - comentou.

No Boavista, aliás, há uma série de jogadores com histórico em categorias de base nos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro. O goleiro João Fernando, de 22 anos, formado pelo Flamengo e cedido por empréstimo pelo Botafogo, e os atacantes Gabriel Conceição, de 22 anos, também emprestado pelo Botafogo, Abner, de 21 anos, e Jeffinho, de 22, ambos revelados pelo Fluminense.

- É um privilégio viver a base toda em clube grande, como Flamengo e Botafogo. Pude aprender um pouco de cada. Foi muito importante na minha formação técnica, física e mental. Consigo trazer um pouco para o Boavista, que está me abrindo as portas, com uma boa estrutura, com treinadores capacitados. Mas a bagagem desses clubes grandes é importante para agregar aqui - explicou João Fernando.

Abner chegou a ser inscrito pelo Fluminense na Libertadores, mas não atuou. Ainda assim, viveu essa experiência com o grupo campeão da América.

- Aprendi muita coisa. Muito cara bom - disse Abner, sem fazer previsões sobre o futuro depois de passar por CSA e Volta Redonda e do fim do contrato com o Fluminense. - Eu não gosto de antecipar o futuro. Meu foco agora é o Boavista e esperar o que vai ser mais para frente.

Ex-companheiro de Abner na base do Fluminense, Jeffinho o reencontrou no Boavista depois de uma temporada no Belenenses, de Portugal.

- Fiz a parte top no Fluminense. Todos sabem a fama de Xerém. Foi muito gratificante fazer parte do Fluminense. Depois em Portugal houve um choque. A estrutura lá nao era tão boa. O Boavista está dando um conforto enorme para a gente desempenhar o que tem de melhor - contou Jeffinho.

Gabriel Conceição entendeu sua situação no Botafogo e viu o empréstimo como uma oportunidade de ser mais visto. Ainda mais depois de o clube ter virado SAF.

- Todo jogador que vem da base sonha subir para o profissional. Queria permanecer, mas entendo que tudo na vida tem um propósito. Agora, estou no boavista, com um novo objetivo, a cabeça melhor. É me destacar, voltar para lá e não sair mais - disse o atacante do Boavista.

No Nova Iguaçu desde a temporada passada, Cayo Tenório, que completa 25 anos em fevereiro, é da mesma geração de Laranjeira no Vasco. O lateral-direito chegou a atuar como titular em 2020 pelo Vasco na Série A do Brasileirão. Mas não conseguiu se firmar. No clube atual, encontrou segurança e tem contrato até março de 2026.

- O Nova Iguaçu me acolheu muito bem. Meu contrato com o Vasco acabou no fim de 2022 e logo em 2023 joguei o Carioca aqui. Apareceram algumas coisas, mas foi uma decisão tranquila pela estrutura que o Nova Iguaçu dá para a gente. É um clube correto e isso pesou na minha decisão - explicou.



Veja assistências de Cayo Tenório pelo Vasco


O meia Yago chegou ao Nova Iguaçu, por empréstimo, depois de fazer sua formação no Fluminense. Aos 22 anos de idade, ele é filho de Iranildo, que foi revelado pelo Madureira e atuou por Flamengo e Botafogo.

- Nossa relação é bem tranquila. Ele fala que já fez a história dele e eu tenho que fazer a minha. Sempre me dá conselhos, mostrando caminhos diferentes. Já vi muitos vídeos. Ele coloca para eu assistir às cobranças de falta, os passes. É uma inspiração, mas também é uma pressão grande. Aqui no Nova Iguaçu, vejo como uma oportundide para mostrar meu futebol, que não consegui muito no Fluminense. Aqui, vou conseguir ser feliz e voltar - afirmou Yago.

Essa esperança de Yago é a mesma de tantos outros jovens espalhados pelas categorias de base dos grandes clubes do Rio de Janeiro que ainda enfrentarão o mesmo funil. Resta saber como serão acolhidos no futuro.

Veja abaixo a tabela da primeira rodada do Campeonato Carioca

17/1
16h50 - Portuguesa x Bangu - Luso Brasileiro
19h - Botafogo x Maudreira - Nilton Santos
21h30 - Flamengo x Audax Rio - Arena da Amazônia

18/1
15h45 - Nova Iguaçu x Sampaio Corrêa - Janio Moraes
19h30 - Vasco x Boavista - São Januário
21h30 - Volta Redonda x Fluminense - Raulino de Oliveira

Fonte: ge