Após muito barulho e troca pública de farpas, Vasco e Flamengo se enfrentam na próxima segunda-feira em clima de trégua nos bastidores. Ainda há impasses, os clubes estão em lados opostos na questão da licitação do Maracanã, há divergências sobre temas da Libra, mas o acordo para os dois clássicos no Campeonato Brasileiro civilizou, por ora, a relação entre os rivais.
Por uma iniciativa do clube de São Januário, Vasco e Flamengo acertaram que os dois clássicos entre eles no Brasileirão serão disputados no Maracanã, com divisão igualitária de torcida e renda. Ou seja, 50% dos ingressos destinados para cada clube.
O acordo aconteceu horas antes do jogo entre Fluminense e Vasco, quando a diretoria tricolor determinou justamente o contrário. O Vasco, visitante no clássico, teve direito a somente 10% dos ingressos, algo que irritou profundamente a direção.
Na ocasião, o CEO do Vasco, Luiz Mello, procurou Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, e propôs o acerto entre os clubes. O dirigente rubro-negro topou. O Vasco entende que houve ganho esportivo e financeiro.
Na ocassão, também ficou acordado que a partida entre Vasco e Santos seria em São Januário. A diretoria vascaína inicialmente queria mandar o jogo no Maracanã, mas voltou atrás. Apesar de ter tomado a decisão por opção própria, o duelo com o Peixe também foi discutido em conversa com o Flamengo.
O Vasco trata o acordo com Flamengo como um passo importante e algo positivo na relação entre os clubes cariocas. No entendimento da diretoria vascaína, é algo conceitual que o futebol carioca tenha seus clássicos disputados no Maracanã, com torcidas divididas.
Hoje, por exemplo, o Vasco não cogita levar um jogo contra o Flamengo para São Januário por entender o tamanho do clássico. Algo diferente do que aconteceu em gestões passadas. O clube só lamenta o fato de o jogo ter sido remarcado para segunda-feira por questões de calendário.
Divergências nos bastidores
Ao contrário do que ocorreu antes do clássico contra o Fluminense, hoje a relação entre Vasco e Flamengo é civilizada. No entanto, os clubes estão em lados opostos e divergem sobre algumas questões.
Apesar do acordo pontual, o Maracanã é um tema delicado entre os clubes. Por diversas vezes o Flamengo negou as solicitações de jogar no Maracanã feitas pelo Vasco, que teve que acionar a Justiça para usar o estádio. A última vez foi contra o Palmeiras, em abril, quando o Vasco solicitou o estádio com um mês de antecedência, teve o pedido negado e teve uma nova vitória judicial.
Em relação à gestão do Maracanã, Vasco e Flamengo estão em lados opostos. Com a renovação da Permissão Temporária para a dupla Fla-Flu, no mês passado, a disputa esfriou e está em compasso de espera. A direção vascaína aguarda para as próximas semanas a publicação do edital.
Após várias tentativas de se juntar a Flamengo e Fluminense na administração do estádio, o Vasco buscou parceiros e tem um projeto pronto para assumir o Maracanã. Hoje a SAF entende ter o melhor projeto para o estádio nos próximos anos.
Libra
A criação da liga também é tema de divergência entre os rivais. Vasco e Flamengo fazem parte do mesmo grupo, a Liga do Futebol Brasileiro (Libra), que conta ao todo com 18 equipes e tenta se aproximar da Liga Forte Futebol do Brasil (LFF), que tem o Fluminense, por exemplo, como uma das lideranças.
Dentro da própria Libra, no entanto, há um racha por conta do impasse sobre as principais decisões, como divisão do dinheiro, terem de ser tomadas por unanimidade. E nesse ponto há discórdia entre Vasco e Flamengo.
O Vasco tem se mostrado contra o desejo do Flamengo de que as decisões sejam tomadas por unanimidade. O clube hoje está mais próximo e alinhado ao Palmeiras, que tem batido de frente com a diretoria rubro-negra. O CEO Luiz Mello, por exemplo, conversou por telefone nesta semana com Leila Pereira, presidente do Verdão, que se indispôs publicamente recentemente com Rodolfo Landim por conta da Libra.
O Vasco também se preocupa com questões de governância. Ao lado de Botafogo, Cruzeiro e Guarani, o Vasco é um dos poucos clubes da Libra que ainda não assinou o memorando de entendimento com o Mubadala, fundo árabe que fez oferta e tem interesse em adquirir a exclusividade sobre a fundação da liga. A SAF vascaína ainda não tomou sua decisão e avalia outros cenários, até mesmo uma eventual ruptura com a Libra e adesão ao Forte Futebol.
Fonte: ge