Barbosa ganha música em sua homenagem
Quinta-feira, 26/08/2021 - 17:26
Moacyr Barbosa ganhou uma música em sua homenagem. A canção retrata sua resistência por ser o primeiro goleiro negro da Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo e enfrentar o grande peso do racismo sob essas circunstâncias. A obra foi composta por Tereza Borba, sua filha, pelo rapper Samuel Porfirio e na produção de Guilherme Ramos.

A ideia começou quando Samuel estava em casa assistindo a um documentário sobre Barbosa na TV. Dalí, veio o estalo para escrever uma canção em homenagem ao goleiro. Samuel se juntou a Guilherme Ramos na produção da melodia, e os dois, que fazem parte da banda Engrenagem Urbana, resolveram mostrar o trabalho ainda inacabado para a filha de Barbosa. Tereza, então, pediu para modificar grande parte da letra, e o que era a dupla, virou um trio. O resultado agradou a todos.

- Íamos lançar a música, só que eu fiquei com aquela coisa na cabeça de chamar a filha do Barbosa antes para ouvir. Chamei-a no Instagram e trocamos uma ideia. Logo em seguida, eu apresentei a música, e a Tereza foi legítima e muito sincera: me apontou que eu estava repetindo o mesmo erro que a imprensa tinha feito anos atrás, que é ficar preso em 50. De prontidão, aceitei reescrever a letra, a partir do momento que ela me contasse a verdadeira história do Barbosa, ela foi me contando bastante coisa, e eu fiquei impressionado! A cada encontro virtual, a cada mensagem, eu fui virando fã do Barbosa mais ainda, não só do goleiro, como também da pessoa, do ser humano Barbosa – explicou o rapper Samuel Porfirio.

Barbosa foi o goleiro do Brasil na Copa de 1950, acusado de falhar no gol de Ghiggia, que deu a vitória ao Uruguai. Na época, o Maracanã era um estádio diferente da arquitetura atual, pois nem todos os lugares tinham uma visão boa do campo. Além da qualidade das imagens ser precária, ter uma TV na época era artigo de luxo. O suposto "frango" do arqueiro foi um resultado do racismo, criando um estigma de que não se pode ter um goleiro negro, pois pessoas negras não inspiram confiança.

- Colocaram a culpa no Barbosa porque ele era negro, era goleiro e era do Vasco da Gama. Ficou esse estigma. As pessoas que se formavam em jornalismo, ao invés de reescrever a história, via no Google "Barbosa em 50" e apenas escrevem a mesma narrativa do "Barbosa culpado".

- Então, eu acho que o racismo predominou muito, porque na época do Barbosa o futebol era para brancos, para a elite. O Barbosa foi muito corajoso de bater no peito e ser goleiro – afirma Tereza Borba, filha do ídolo.

Atualmente, tem se debatido com mais veemência a figura de Moacyr Barbosa no futebol brasileiro, é um consenso de que o seu legado foi de vitórias e títulos. O Vasco da Gama foi o clube no qual ele defendeu por mais tempo e virou ídolo. A equipe fez uma votação na internet, e o goleiro foi escolhido para dar nome ao novo CT. Essas iniciativas ajudam a resgatar a importância de Barbosa para o futebol nacional.

- Falam perto de mim sobre o Barbosa em 50, e eu já estou ali pronta para responder. A minha família, os meus amigos, todos me dão parabéns, são as palavras de incentivo que me fazem continuar na memória dele, para conseguir resgatar essa memória. Ele está agora eternizado com o CT e o grafite (na arquibancada de São Januário). Então, eu estou conseguindo resgatar a cada dia mais e não vou terminar por aí. Tem mais coisa vindo. Eu estou muito feliz e grata à torcida vascaína por tudo isso, a todos que mandam mensagem, a todos que estão ao meu lado me ajudando a manter a memória dele sempre viva. A minha luta continua. Eu não luto só pelo Barbosa: eu luto pelos injustiçados e contra o racismo – enfatizou Tereza.





Fonte: ge