Jornalista detalha seções do balancete do 1º trimestre divulgado pelo Vasco
Quinta-feira, 22/07/2021 - 18:06
Rodrigo Capelo @rodrigocapelo
Não tenho forças pra preparar outro texto no blog sobre as finanças do Vasco, e ainda preciso terminar a série anual com o Vitória, então vou ajudá-los a entender o balancete que o clube acabou de divulgar, referente ao 1º trimestre de 2021, num 🧶 rápido. Vamos passo a passo. 👇🏻



Esta página mostra receitas e despesas. O ideal seria que receitas fossem detalhadas (televisão, patrocínios, bilheterias, sócios etc). Fica como sugestão para próximos balancetes. A comparação que se faz é entre números no fechamento de cada período: 31 de março de 2021 e 2020.



As receitas foram até um pouco maiores do que no ano passado, um bom sinal. Só não consigo explicar por quê. A quem tiver curiosidade sobre Talles Magno: lembrem-se que ele foi vendido em maio, então a grana da transferência dele só será registrada no balancete do 2º trimestre.

Percebe-se que a diretoria do Jorge Salgado continua reduzindo despesas. Salários do futebol estão menores, salários de clube social e esportes amadores também, além de outros custos. Movimento correto, ainda que dolorido. O deficit (prejuízo) ficou menor por causa desse esforço.

Para calcular o endividamento, precisamos considerar os números que estão nessas três telas: passivo circulante (curto prazo), passivo não circulante (longo prazo) e ativo. Se você estiver a fim de puxar a calculadora e fazer sozinho, chega aí que te ajudo a entender como se faz.



Passivos são obrigações. 1º passo: somamos circulante e não circulante. Chegamos a R$ 913 milhões. 2º passo: "receitas diferidas" aparecem ali, mas elas não são pagas com desembolso de dinheiro, e sim cumprimento de contratos. Precisamos subtraí-las. Agora temos R$ 849 milhões.

3º passo: também subtraímos o valor que estava disponível em caixa. Ele aparece no ativo circulante. Menos R$ 1 milhão e pouco, calculamos o endividamento do Vasco em 31 de março de 2021: R$ 848 milhões. Aprendi a fazer este cálculo com o professor @cesargrafietti, do Itaú BBA.

De maneira geral, em termos de dívidas, quase tudo aumentou no 1º trimestre de 2021 – neste caso, a comparação ideal é com dezembro de 2020. Dadas as circunstâncias, com um Campeonato Carioca que rendeu menos dinheiro do que no modelo anterior, é compreensível que isto aconteça.

Reparem em um detalhe: a dívida com "empréstimos e financiamentos" reduziu no passivo circulante (curto prazo) e aumentou no não circulante (longo prazo). Este provavelmente é o impacto do dinheiro que Salgado põe do bolso. Ele deve ter colocado o prazo para pagamento só em 2023.

Do que há para entender no balancete, acho que este é o principal. A quem tiver vontade de acompanhar a gestão de perto, recomendo criar este hábito: cobrar por transparência e ler o conteúdo. Faz bem pra todo mundo. E a última página é "financeiro", e não "fim", tá? 🤣 Valeu!



Fonte: Twitter do jornalista Rodrigo Capelo/ge