Conheça bastidores da decisão e da comemoração do título da Copa do Brasil de 2011
Terça-feira, 08/06/2021 - 10:28
A noite do dia 8 de junho de 2011 em Curitiba (PR) foi longa para os vascaínos e entrou pela madrugada do dia 9, na fatídica data do inédito título da Copa do Brasil para o clube. Após o apito final no estádio Couto Pereira, elenco, comissão técnica, diretoria e torcida do Vasco se direcionaram ao estabelecimento "Aos Democratas", no bairro do Batel, na capital paranaense, para uma animada comemoração sem hora para acabar.

O curioso desta história é que, inicialmente, o bar/pub havia sido enfeitado para o Coritiba, justamente o adversário do Vasco na final da competição nacional.

Com o revés do Coxa mesmo vencendo por 3 a 2 aquela partida (no jogo de ida, no Rio, o Cruzmaltino venceu por 1 a 0), os donos precisaram reorganizar o local, que já tinha até mesmo bolas brancas e verdes penduradas para comemorar a possível conquista do time da casa.

Considerada a festa oficial do título vascaíno, ela recebeu, em sua maioria, integrantes da diretoria, comissão técnica e foi regada a muito chope liberado. O troféu também foi levado ao bar e muitos torcedores puderam tirar fotos com a relíquia. Alguns jogadores estiveram presentes, e outra parte foi para a boate sertaneja Woods.

Chuva de objetos e de granizo

Apesar de toda a felicidade no local de celebração, o ambiente anteriormente no Couto Pereira foi hostil ao fim do jogo. O palco da cerimônia de premiação - que costumeiramente é no centro do gramado - foi montado atrás de um dos gols, no setor onde tradicionalmente fica a maior organizada do Coritiba. Como a festa foi cruzmaltina, os torcedores do Coxa não tiveram espírito esportivo e passaram a tacar objetos na delegação vascaína. Uma assessora de imprensa foi atingida por uma pilha e ficou ferida na cabeça. Já o meia Bernardo foi alvo de uma xícara e também precisou ser socorrido.

"Por menor que seja o objeto atirado, acaba tendo um impacto muito grande. O Bernardo estava desprevenido e ficou meio tonto. Já fizemos os primeiros socorros, mas ele está bem e já pode curtir a festa", salientou o então médico do clube Alexandre Campello, que depois se tornaria presidente do Vasco na gestão entre 2018 e 2020.

Mar de gente, dor de barriga e terno

Os bastidores da comemoração do título tiveram algumas histórias saborosas, principalmente na chegada ao Rio de Janeiro no dia seguinte, quando a delegação foi recepcionada por um mar de gente que, literalmente, parou a cidade.

Conhecido pelo seu bom humor e irreverência, Fellipe Bastos, por exemplo, teve uma forte dor de barriga no caminhão do Corpo de Bombeiros que desfilava pelas ruas da capital carioca e que não tinha banheiro. Em desespero, o volante simulou um problema mais grave para se aliviar.

"Tinha uma ambulância, desci rapidinho e passei pelo meio da torcida, ninguém entendeu nada. Os enfermeiros perguntaram: 'Você está passando mal?', respondi: 'Não, me deu um 'revertério' (risos). Daí a ambulância ligou a luz e saiu 'voando' no meio da torcida na rua, foi direto para São Januário, aí deu tempo de ir para o vestiário (risos). Todo mundo pensando que eu passei mal, mas era só dor de barriga mesmo. Depois que ficaram sabendo de tudo, riram demais de mim, era motivo de piada o tempo todo", revelou em entrevista à Espn em 2016.

Ex-São Paulo, Grêmio, entre outros, o ex-atacante Leandro "Guerreiro" fazia parte do elenco campeão e também gerou algumas boas risadas aos companheiros. Também conhecido no meio do futebol por ser muito extrovertido, ele chegou ao aeroporto de Curitiba já "animado" com a noite intensa de comemoração e cismou que queria desembarcar no Rio de Janeiro com traje de gala. Foi então que, sem falar a ninguém, se direcionou à uma loja e comprou terno e gravata, para surpresa dos companheiros que, incrédulos, caíam na gargalhada.

Posteriormente, após o desfile no caminhão do Corpo de Bombeiros, quando a delegação chegou em São Januário, o ex-jogador chegou a decretar sua aposentadoria, algo que realmente só foi acontecer em 2016, depois de atuar pelo Catanduvense.

Milhares foram para Curitiba e ficaram sem ingressos

A possibilidade da conquista inédita fez com que uma procura fora do comum fosse feita de torcedores interessados em acompanhar a final da Copa do Brasil em Curitiba (PR). Como somente 10% da carga total do estádio Couto Pereira foi destinada aos visitantes, muitos ficaram sem ingresso.

"Foi muito difícil. A diretoria do Vasco, à época, capitalizou muito essa iminência de uma conquista, o que seria fantástico para a torcida, que estava sofrida e ainda continua. O acesso a ingresso foi muito dificultado, tinham acordos com empresas de turismo. Alguns torcedores foram de avião, outros de ônibus... Nós fretamos dois ônibus. E montamos dois telões em frente a São Januário. Um pessoal foi a Curitiba e mais uma galera acompanhou daqui", destacou ao UOL Esporte Davidson Mattos, que era integrante da torcida Guerreiros do Almirante na época.

Porém, nem mesmo quem fechou com empresas de turismo teve total garantia. Foi o caso do dentista Hiago Villarreal, que só foi ter a certeza de que teria o ingresso dias antes.

"Até mesmo a empresa de turismo ficou sem a garantia dos ingressos. Foi um desespero, mas no final deu tudo certo. Acabou que depois do jogo consegui ir na festa do título, tirei foto com o troféu e com a medalha. Foi um dia inesquecível na minha vida", se recordou.

Milhares, porém, não tiveram a mesma sorte e tiveram que acompanhar a partida do lado de fora do estádio.



Fonte: UOL