Atletismo: Atleta do Vasco de 1948 a 1955, Ulisses Laurindo morre de Covid-19 em Macapá
Quarta-feira, 17/03/2021 - 18:21
Morreu com Covid-19 nesta quarta-feira (17) Ulisses Laurindo dos Santos, aos 91 anos. Ele foi atleta olímpico brasileiro em 1956 e deixou as pistas para trabalhar com o jornalismo nos últimos 50 anos.

Segundo a família, o alagoano estava internado em um hospital particular de Macapá, onde lutava contra a doença da pandemia. Ele teve complicações, não resistiu e faleceu às 6h.

Ulisses Laurindo deixa esposa e dois filhos, ambos médicos: Renan Laurindo Dantas dos Santos e também Maracy Laurindo Dantas dos Santos Andrade, que é conselheira do Conselho Regional de Medicina (CRM) do Amapá e secretária-adjunta do Estado de Enfrentamento à Covid-19. O CRM emitiu uma nota de pesar em razão do falecimento.

Ele é natural de Coruripe (AL) e descobriu o esporte quando atuava no Exército. Representando o Brasil, ele correu nas Olimpíadas de Melbourne, em 1956, na Austrália. Na prova de corrida com obstáculos, alcançou o 4º lugar.

Antes de deixar a profissão de atleta, Ulisses foi recordista em várias provas de revezamento 4x400metros, também passou pelo Flamengo e Vasco e disputou diversos torneios Pan-Americanos.

Em 1970, Laurindo pendurou o tênis de corrida, não porque queria, mas por necessidade. Ele não tinha mais patrocínios para continuar investindo no esporte. Ele saiu das pistas, mas seguiu por perto, atuando como jornalista esportivo. A nova carreira o fez participar de outras três Olimpíadas.

Em entrevista ao globoesporte.com em 2016, ele opinou sobre as chances de medalhas do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio.

- Hoje a tecnologia anda do lado do atleta que faz tudo quanto é exame para saber até onde ele pode chegar na modalidade. Isto se tratando de primeiro mundo. Já no terceiro mundo como o Brasil, essa evolução ainda não chegou. É claro que não se pode afirmar que o Brasil ficou estagnado em 60 anos, mas falta quantidade para gerar qualidade. Lembro que quando fui fazer um curso em Berlim em 1983, só na cidade existiam mais de 23 pistas de atletismo, já no Brasil tem meia dúzia. Isso significa que a evolução vem sim, mas precisa de ajuda. Caso o contrário estaremos como estamos agora, com poucas expectativa de brilhar no atletismo - comentou, na época.



Fonte: ge


Dia do Atleta: Ulisses Laurindo relembra carreira e memórias do esporte

Em 1956, nas Olimpíadas de Melbourne, na Austrália, lá estava Ulisses Laurindo representando o Brasil em uma época de "esporte mais caloroso e feroz". Em 1959, nos Jogos Pan-Americanos de Chicago, ele também marcou presença e conquistou o 4º lugar na modalidade corrida dos 400m com barreira.

Essas são apenas algumas das inúmeras lembranças de Ulisses Laurindo, hoje com 91 anos, da época em que era atleta e viajou o mundo. Nascido em Coruripe (AL), aos 10 anos Ulisses mudou-se para o Rio de Janeiro; aos 18, serviu ao Exército, onde começou a vida esportiva através de corridas rústicas e de meio fundo.

"Eu estava em Chicago, numa boa fase de treinamento e com muita saúde. Foi quando eu bati esse recorde dos 400m. Diziam que eu corria muito bonito e elegante, aí me apelidaram de Gazella. E eu aceitava, elogio é sempre bom", relembrou Ulisses.

O atleta olímpico, que mora há anos no Amapá, também carrega no currículo passagens pelo Flamengo e Vasco.

"Eu comecei em 1948, pelo Vasco, e lá fiquei até 1955, quando me transferi para o Flamengo e vivi uma intensa vida rubro-negra. Foi como atleta do Flamengo que participei do pan-americano e bati o recorde. E olha que naquela época não era como hoje, não tinha nem sapato apropriado e a pista também não era apropriada", disse.

Sobre as medalhas que hoje tornaram-se coleção, Ulisses afirma que todas são fruto de reconhecimento e são alcançadas através do esforço do atleta ao longo da vida no esporte.

"Durante a vida, um atleta tem que trabalhar muito, treinar diariamente sem falhar, sem ‘desculpinhas'. E essas lembrancinhas aqui são a gratificação do esforço, depois que a gente termina surgem as homenagens", reconheceu Ulisses Laurindo.



Fonte: Diário do Amapá (10/02/2021)