Benítez: 'Sempre tento praticar nos treinos e graças a Deus consegui bater bem na bola'
Terça-feira, 26/01/2021 - 22:40
Leandro Castan, espirituoso, cravou os olhos no corte de cabelo e comparou Martín Benítez com Beiçola, personagem interpretado por Marcos Oliveira no seriado "A Grande Família". Mas o argentino está mais para Lineu, não pela aparência, e sim pelo papel que exerce em campo. Ele tem sido o chefe da casa, quem chama a responsabilidade para resolver os problemas, o trabalhador resiliente que leva sustento no fim do dia.

Nesta terça-feira, foi o camisa 10 quem evitou que o Vasco fosse derrotado pelo Palmeiras no Allianz Parque — as equipes empataram em 1 a 1, com Breno Lopes abrindo o placar para os paulistas. A batida do vascaíno na bola na cobrança de falta foi precisa, com a ternura de um beijo na eterna namorada Dona Nenê. O chute saiu sem chances para Jailson. O ponto conquistado deixou a equipe com quatro de vantagem sobre oo Bahia, primeiro time na zona de rebaixamento.

— Sempre tento praticar nos treinos e graças a Deus consegui bater bem na bola — resumiu o argentino de 26 anos, agora com três gols pelo Vasco, e que antes já havia cobrado uma falta na cabeça de Léo Matos, que fez o gol, anulado por estar em impedimento.

Benítez e sua família finalmente se igualaram em número de jogos com o restante das equipes no Brasileiro. A seis partidas do fim da competição, o Vasco enfrentará o tricolor baiano no domingo, em São Januário, em um confronto direto pela permanência na Série A. Hoje ela parece mais próxima dos cariocas do que antes.

E isso se deve a Martín Benítez, que convenceu Vanderlei Luxemburgo de que tinha condições físicas de enfrentar o Palmeiras — o treinador cogitou poupar o meia para tê-lo descansado no fim de semana. Na família vascaína, o argentino tem carta branca para transitar por todos os cômodos da casa, por todas as partes do campo. No terceiro gol sobre o Atlético-MG, na rodada passada, saiu da linha defensiva, avançou em diagonal rumo ao ataque trocando passes com os companheiros até descolar o lançamento para Cano.

Saiu cansado

Nesta terça, ele apareceu na esquerda, na direita, na criação mais recuado e até mais adiantado, ocupando o vácuo aberto por Cano quando o artilheiro deixou a ponta de lança. O segredo de Martín Benítez é tentar perceber os espaços disponíveis no jogo e preenchê-los, sem fazer o jogo posicional rígido que engessa tantas equipes pelo mundo.

O camisa 10 tentou muito tabelar com Talles Magno, mas o atacante oscila feito Tuco, o jovem que dorme no ponto, que erra passes bobos. Talles ouviu, não de Benítez, mas de Vanderlei Luxemburgo, tantos berros à beira do campo que acabou sendo substituído no segundo tempo, dando lugar para Gabriel Pec.

Mas ser o Lineu do Vasco cobra um preço. Benítez se sobrecarrega enquanto Cano aguarda na área à espera de uma chance de se dar bem. Só vai na boa e contra o Palmeiras essa oportunidade não apareceu. Muito porque o esquema vascaíno depende da subida ao ataque de Léo Matos. O lateral-direito, quando conseguiu se desvencilhar das maiores obrigações defensivas, levou algum perigo na frente. Mas isso foi muito mais raro do que o Vasco gostaria.

E quando Matos não chega junto, é apenas Benítez para criar e isso cansa. No Allianz Parque, aos 25 minutos do segundo tempo, visivelmente desgastado, ele foi substituído por Luxemburgo.

Quem manteve a equipe carioca aguda, com uma característica diferente, de mais velocidade, foi Gabriel Pec, que tem mostrado evolução nesta reta final de temporada. Pela esquerda, deu trabalho para os marcadores e por pouco não fez o gol da virada do Vasco.



Fonte: O Globo Online