Atacante Edmilson relembra passagem pelo Vasco
Sábado, 05/09/2020 - 14:38
Nosso bate-papo de hoje é com Edmilson, atacante que vestiu a camisa do Vasco entre 2013 e 2014, quando viveu os melhores números em sua carreira no Brasil. Foram 23 gols em 72 jogos. O jogador não conquistou título em São Januário, porém foi o artilheiro do Campeonato Carioca, em 2014, com 11 gols e nesse mesmo ano participou da recondução do clube à elite do futebol brasileiro. Na série B, seu brilho foi ofuscado por uma lesão sofrida em abril, onde teve que ficar mais de um mês parado. Porém, chegou a ser decisivo em alguns jogos.

Edmito, apelido que recebeu da torcida vascaína, começou a despontar no futebol brasileiro na base do Palmeiras, em 2001, após passagem pelo Galícia Esporte Clube, de Salvador, sua cidade natal. O atleta chegou aos profissionais em 2003. Nesse ano, conquistou o título da série B do Brasileirão e se destacou ao formar dupla de ataque com Vágner Love. No ano seguinte, se transferiu para o Japão para defender o Albirex Niigata. Passou ainda pelo Urawa Red Diamonds antes de ser contratado pelo Al-Gharafa, do Catar, em 2011. No clube do Oriente Médio, foi pouco aproveitado e decidiu retornar ao futebol japonês, em 2012, emprestado ao FC Tokyo.

Para sua felicidade, em 2013, o Vasco apareceu em sua vida. Vascaíno assumido, pode bater no peito e dizer que, em sua carreira, vestiu e honrou a camisa do clube do coração. Mesmo diante dos obstáculos que surgiram na época, conseguiu conquistar o apoio da torcida e a confiança em seu faro de gol. Apesar disso, o goleador não teve o vínculo renovado pela diretoria que assumiu em 2015. Em seu currículo, o atacante acumula também passagens por Red Bull Brasil, Chapecoense Cerezo Osaka (JAP), Sport Recife e Santo Andé.

Nesse papo sincero, Edmílson elogia o Vasco e seus torcedores, solta o verbo pela perda do título Carioca em 2014 com erros da arbitragem, revela sua mágoa com a antiga diretoria por sua não renovação e muito mais.

Confira!

Durante o tempo em que esteve em São Januário, o que marcou mais pra você ao vestir a camisa do Vasco da Gama?

Edmilson: Em primeiro lugar foi o meu sonho, porque eu sou vascaíno e eu tinha o sonho de jogar no Vasco. Primeiro quando eu acertei com o Vasco e quando vesti a camisa foi uma alegria enorme. E depois, com certeza, a torcida. A torcida é fundamental para um clube. O clube na verdade é a torcida. Então eu realizei esse sonho meu. Eu via a torcida depois gritando o meu nome, foi uma alegria imensa. Isso foi uma das melhores coisas na minha carreira. Consegui realizar esse sonho e ver a torcida cantando o meu nome. Isso foi muito gratificante e fiquei muito feliz.

Embora sua renovação estivesse próxima, a diretoria na época optou por não renovar seu contrato. Como você encarou essa situação? Alguma mágoa?

Edmilson: A minha renovação estava bem próxima. Na época, o Rodrigo Caetano me chamou 1 semana antes de acabar a série B, que a diretoria que ia entrar, no caso o Euriquinho, queria renovar comigo e eu falei: tranquilo. Ele conversou com o meu empresário, que tinha interesse de renovar, que comigo era mais tranquilo pelo fato de eu estar completando 2 anos de clube. Então, como ia sair muito jogador, comigo seria muito mais fácil de renovar. Eu esperei, acabou a série B, deu a primeira semana, falei com ele e falou que na semana seguinte ia assinar. Deu 2 semanas, a mesma coisa. Na terceira semana, a mesma coisa. Na quarta, ele veio falar pra mim que não queria renovar mais. Com o clube e com a torcida, não tenho mágoa nenhuma. O meu sonho realizado foi uma das melhores coisas da minha carreira. Mas essas pessoas que sucederam 2014 (no caso eu vou falar do Euriquinho, que foi ele), eu fico triste pela falta de caráter e profissionalismo. Se ele não quer, chega na hora e fala, não tem problema nenhum. Isso é negociação: quer quer, não quer... Em qualquer área de trabalho. Mas o cara falar que quer renovar, que estava tudo acertado pra assinar e o cara ficar enganando toda semana, fiquei triste por isso. O futebol, infelizmente, tem pessoas que não podem acomodar. Mas a instituição é maior do que todos, né?

Em 2014, você foi artilheiro do Carioca com 11 gols e do Vasco na temporada com 14. O que você acha que faltou pra escrever uma história mais longa no clube?

Edmilson: Foi um ano assim especial. Em 2013, infelizmente a gente caiu, mas eu terminei o ano bem e início de 2014 deu essa sequência. Infelizmente, perdemos o título roubado contra o Flamengo, mas terminei como artilheiro do campeonato. Infelizmente a Federação não fez nem a premiação, pra você ver como a gente foi roubado, né? Eu fico triste, como sendo o segundo melhor campeonato do Brasil, o mais charmoso, não ter premiação e até hoje não ganhei nada. Troféu ou prêmio que tinha, não ganhei nada. Pra você ver o nível que estava a Federação nesse ano aí. Perder um título roubado contra o Flamengo, depois de tudo que aconteceu, que foi falado antes do juíz, essas coisas, e não ter premiação e não ter nada, eu fiquei triste. A gente trabalha todo dia, cumpre nossos horários, se concentra e chega numa final, a gente perde de um jeito que não foi o correto. Mas fiquei feliz pelo fato de eu e meus jogadores temos ajudado o Vasco, depois de 10 anos, disputar uma final de Carioca, a subir... Subimos no ano não como a gente queria, em terceiro. A gente queria ser campeão, lógico. Mas o primeiro objetivo era subir. Fiquei feliz pelo ano. Fiz bastantes gols, mas o que faltou mesmo, a gente sabe. A gente só marca história com títulos. Sem título é difícil marcar história. O que faltou mesmo pra escrever uma história é aquele título do Carioca. Todo título é importante, independentemente se é Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores. Depois de 10 anos você ir pra uma final e ganhar o título em cima do seu maior rival, acho que poderia ter entrado, nesse sentido, na história. Lógico que seria pouco, mas a gente sempre almeja títulos e pra escrever história em qualquer clube tem que ser título. Então, fica essa tristeza de não ter conquistado títulos no Vasco.

Muitos torcedores perguntam como está o Edmilson hoje. Fala pra gente sobre seus próximos planos na carreira. Pensa em se aprimorar e ser treinador?

Edmilson: A maior alegria de tudo que acontece no futebol é o carinho que tem. Acho que, graças a Deus, em todos os clubes que passei, tive o carinho da torcida. Mas a do Vasco é especial, pois como falei: eu realizei o meu sonho. Hoje, muitos torcedores mandam mensagem pra mim, pra voltar, que eu hoje caberia no time e que não deveria sair em 2014. Alguns ficaram bravos com a diretoria e até hoje eu recebo mensagem de voltar. Lógico que hoje é mais difícil. Eu parei tem 2 anos. Infelizmente está tendo essa pandemia aí e, às vezes, a gente para pra pensar porque está acontecendo isso. Mas tô podendo curtir mais minhas filhas, minha família, com 20 anos de profissional viajando. Tanto tempo fora de casa... Eu ia trabalhar agora como empresário esse ano, porque ano passado, quando parei, foi de experiência, de fazer alguns cursos fora do futebol. É importante aprender mais coisas. Nada de treinador, nada de auxiliar, preparador-físico, essas coisas do futebol. Queria mais ali fora do campo. Meus planos desse ano, infelizmente, deram uma parada por essa pandemia, mas com fé em Deus tudo vai passar e ano que vem a gente volta com tudo aí pra trabalhar fora de campo. Graças a Deus, aprimorei muita coisa nesses quase 2 anos parado e isso é fundamental pra qualquer pessoa. Sempre procurar aprender!



Fonte: Twitter Detetives Vascaínos