Andrey fala sobre seu início de carreira, lesão aos 14 anos e momento no Vasco
Terça-feira, 03/03/2020 - 10:12
Houve momentos em que o futebol fez mais força para ter Andrey por perto do que o contrário. Certa vez, o jogo virou e o menino que não ligava tanto para bola resolveu fazer dela seu ganha-pão. A duras penas, descobriu que ser profissional seria mais difícil do que brilhar na base. Mas hoje é o Vasco quem precisa do jogador. Com atuações erráticas, o time de Abel Braga tem no volante um oásis de qualidade. Fora de campo, a diretoria sonha em negociá-lo para amenizar as dívidas. A vida é uma gangorra e quem está por cima agora é o garoto de Olaria.

É verdade que você não gostava de jogar futebol?

Bem novo, eu não curtia muito. Gostava de brincar na rua, soltar pipa, pique-esconde. Depois me bateu a curiosidade. Meu pai sempre foi fã de futebol e eu ia vê-lo jogar peladas. Foi quando entrei no Vasco.

Você se lembra de quando o futebol se tornou prazeroso?

Do nada, eu disse que queria jogar futebol. Mas ainda não era aquela paixão toda. Era apenas curiosidade. Pedi para minha mãe me colocar, foi quando entrei na escolinha. Depois, o professor foi falando para minha mãe investir mais nisso. Foi quando tudo começou.

O que pensou ao romper os ligamentos aos 14 anos?

A primeira coisa que pensei foi em parar, desistir de ser jogador. É muito difícil, passar pela lesão, pela recuperação, e depois voltar. Leva um tempo para retomar a forma ideal. Pensei em desistir. Mas eu tive apoio de todo mundo, para que eu pudesse continuar.

Se dependesse só de você, teria se tornado jogador?

Eu acho que não. Foi a primeira coisa que eu fiz, disse que não queria mais. Mas as pessoas diziam para mim não desistir, "você já chegou até aqui, porque vai parar agora, no meio de uma lesão, no meio da carreira?" Foi um momento muito difícil. Tive duas lesões.

O que é o melhor do futebol?

A melhor coisa é a resenha, é fazer gol, é a sensação de dever cumprido. A vitória também é muito boa. É um conjunto da coisa.

E o pior?

A pior é a lesão. Quando se machuca, você vê seus companheiros treinando e não pode ajudar de alguma forma. Você vê tudo, os companheiros jogando, a sensação da torcida no estádio, sem poder estar dentro de campo. Ah, uma derrota dura também dói muito.

Você tem 16 anos de Vasco. Já viu jogador sem noção da grandeza do clube?

Acho que os jogadores que jogam muito na Europa e vem para cá, não veem logo de início a grandeza do Vasco, da torcida, esse amor, o calor que existe no clube, as brincadeiras. Tem jogador que nunca viu o tamanho do Vasco até chegar.

Como se sentiu quando viu o Alberto Valentim falar de você pelas costas naquele clássico contra o Flamengo?

É uma situação que só quem joga, quem está ali dentro do vestiário, sabe como é. Foi uma coisa de vestiário, resolvida dentro do vestiário. Tenho carinho pelo Valentim, já nos falamos, conversamos.

Qual é a sua autocrítica para explicar porque sua carreira não ainda decolou como muitos imaginavam?

Usei essa expectativa para amadurecer. As coisas aconteceram muito rapidamente na minha vida. Subi muito novo no profissional. Tento tirar o melhor de casa pessoa, de cada grupo que conheço no Vasco. É sempre um aprendizado. Tenho de aprender para crescer e me tornar um grande jogador.

Sua hora de brilhar chegou?

Acho que a hora quem faz chegar é o jogador. Eu me preparei para esse momento. Espero me firmar, que seja um grande ano para mim. Vou dar o meu melhor para ajudar o Vasco.



Fonte: O Globo Online