Karate: Bombeiro e morador de MG, Jefferson Gonçalves treina no Vasco nos fins de semana e sonha com Seleção
Terça-feira, 04/02/2020 - 10:02
O dia de Jefferson Gonçalves da Costa é dividido em duas partes. Na primeira, durante as manhãs, ele percorre as ruas de Juiz de Fora trabalhando como leiturista da companhia de saneamento da cidade. À tarde, o uniforme vai para o cabide e dá lugar ao quimono. Carateca do Vasco da Gama e da seleção do Rio de Janeiro, o atleta de 21 anos se vira como pode para manter um sonho vivo: integrar a seleção brasileira da categoria.

Jefferson luta desde os 4 anos de idade incentivado pelo pai, Gilberto Costa, de quem herdou também a profissão de bombeiro civil. Faixa preta 1º Dan, ele compete na categoria até 67 kg e tem como conquista recente o terceiro lugar no Aberto Nacional do Rio de Janeiro, em dezembro. A camisa do Clube da Colina ele veste desde setembro do ano passado.

– A oportunidade surgiu no Open Nacional. Lutei contra um atleta de alto nível deles (derrota por limite de faltas) e o mestre Luís Bibão perguntou se eu gostaria de ter uma oportunidade de treinar lá, até porque a academia deles é muito forte, tem atletas na seleção brasileira – disse Jefferson, que até então representava uma academia de Juiz de Fora.

A rotina é mantida desde então. No trabalho, o carateca chega a percorrer até 10 km por dia nas ruas de Juiz de Fora. Depois, muitas horas de treinos físicos e técnicos para competir em alto nível. Nos finais de semana, viaja para o Rio de Janeiro sempre que tem condições financeiras para afinar os treinos com a equipe cruz-maltina.

– Na parte da tarde, tenho treino técnico com meu professor, em casa e na academia. À noite, faço treino físico, de segunda a sexta. No sábado e no domingo – não todos, por falta de condições financeiras –, vou ao Rio treinar no Vasco – disse o lutador.

Jefferson é acompanhado de perto pelo sensei Soane Miranda, de 50 anos. Faixa preta 1º Dan, ele é medalhista de bronze nos últimos dois Campeonatos Brasileiros máster. Soane é vizinho de bairro e treina o garoto desde os primeiros golpes. O mestre explica que procura dar continuidade em Juiz de Fora às instruções obtidas no Vasco.

– O treinamento é voltado para competição, de acordo com o que ele faz no Vasco. Cada atleta tem uma característica, e trabalho em cima dela. O sonho olímpico é um pouco complicado porque está muito em cima, é este ano, mas seleção brasileira é um sonho realizável. Tem que ter essa meta – destacou.

A oportunidade de chegar à seleção será na Seletiva Nacional, de 5 a 8 de fevereiro, em São Paulo. Campeão e vice vão ocupar as vagas de titulares, além da possibilidade para mais três suplentes por categoria. E é possível ir além.

– São você for para a final, primeiro e segundo lugar, vai para um Pré-Olímpico, que é no mesmo dia, e aí serão definidas as vagas para representar a seleção brasileira em Tóquio. Estou muito confiante, até porque os treinamentos estão intensos. É um grande sonho e nunca se pode desistir, tem que correr atrás e lutar para que aconteça. É chegar lá e fazer com humildade, pé no chão, sabendo o que posso fazer.

O pai, Gilberto Costa, é incentivador desde cedo. Levava Jefferson às competições e ajudava como podia. Hoje, acompanha a correria do filho e fica na torcida pelo sucesso.

– Fiz o que podia e não podia para ele continuar. Ele ganhou o dom do esporte e conseguiu. Minha maior alegria foi quando ele foi convidado pela primeira fez a fazer parte da seleção mineira de caratê, porque são poucos que conseguem. Se ele conseguir (a vaga na seleção brasileira), será por mérito. Fico muito lisonjeado com isso como pai – comentou.

Técnico da seleção do Rio de Janeiro, Luís Bibão foi quem identificou que Jefferson poderia competir no mais alto nível do caratê nacional. O profissional, que já treinou em Juiz de Fora, observou o jovem nas competições, fez o convite e cuidou da transferência de federação. O mineiro é um dos atletas que ele levará para a seletiva.

– Falei com o Soane: "Esse garoto dá para andar, tem condições". É novo, tem que se organizar para melhorar o treino, entrar em um grupo com mais sparring, ter mais qualidade. Começamos a interagir, nos organizamos e fiz a transferência dele para o Rio. Ele tem chance (na seletiva), está trabalhando. É jogo de quem erra menos. Quem erra menos, leva a vaga – concluiu.



Fonte: GloboEsporte.com