Campello: 'Vou perguntar aos conselheiros se eles querem institucionalizar o mensalão'
Sexta-feira, 25/10/2019 - 10:42
A sexta-feira promete ser de novos embates entre situação e oposição no Vasco. Está marcada para esta noite a realização da reunião do Conselho Deliberativo do clube para discutir a entrada de novos sócios. Diante das centenas de novas associações recusadas pelo presidente Alexandre Campello, que alegou ter encontrado "indícios de mensalão", a oposição tentará criar uma comissão para analisar os requerentes. Entretanto, o dirigente já antecipou que é contrário à ideia.

A pressão deverá ser grande por parte de grupos como a "Identidade Vasco" e a "Sempre Vasco". Ambos alegam que a comissão trará transparência ao processo e se escoram no pedido feito pelo presidente da Assembleia Geral, Faues Mussa, para que seja criado grupo que ficará responsável pela análise dos pedidos de associação. Para Campello, trata-se de uma estratégia da oposição com objetivo eleitoreiro, para terem acesso à lista de sócios e fazerem campanha com elas.

— Essa comissão não existe. Não aceito. Já terá uma junta lá na frente, ano que vem, quando será definida a lista de sócios votantes. O que eles querem é ter acesso ao cadastro de sócios. Vou perguntar aos conselheiros se eles querem institucionalizar o mensalão. Se insistirem, eu libero a entrada de todos os novos sócios, mas vou dar nome aos bois — afirmou.

Neste caso, Campello se refere aos proponentes — sócios que assinam o pedido de entrada de um novo — que tenham agido de forma suspeita, de acordo com os critérios adotados por ele. O presidente do Vasco destacou o exemplo do conselheiro Sérgio Frias, antigo apoiador de Eurico Miranda, que teria assinado o pedido de entrada de 131 novos sócios e que teria pago 97% do valor das joias no boleto bancário. Em entrevista ao site "UOL", Frias já disse que foi proponente de mais de 100 pessoas.

O dirigente afirmou que fará uma apresentação detalhada ao Conselho Deliberativo mostrando todas as ações tomadas pela diretoria desde março do ano passado "pensando na lisura do processo eleitoral vascaíno". Desde que revelou que um dos critérios utilizados por ele foi a exclusão das novas associações advindas de um proponente que tenha assinado mais de cinco convites, Alexandre Campello tem sido vítima de críticas de opositores e até aliados políticos. Em contato com a reportagem, ele afirmou que mudou o critério: passou a considerar os pedidos assinados pelo mesmo proponente de até dez novas associações.

Para tentar ser mais justo, o presidente do Vasco disse que todos os 45 pedidos para ingressar no quadro como sócio-proprietário foram atendidos, uma vez que o valor da joia, de R$ 2,5 mil, seria um inibidor de grupos que estivessem financiando a entrada de novos sócios visando resultados eleitorais. O grande alvo do pente fino foram os pedidos para o formato sócio geral, cuja joia é de R$ 750:

— Observamos que o percentual de pessoas que pagaram a joia no boleto foi pequeno, 16%, quando esse proponente assinava de uma a cinco fichas. Isso foi aumentando e nos proponentes que assinaram mais de dez fichas, 57% pagavam no boleto. Uma coisa é você pagar a joia de um ou dois amigos que estão sem cartão. Agora você ter 20, 30 pessoas sem cartão de crédito é muita coincidência, não é?



Fonte: O Globo Online