Destaque do Athletico-PR, Bruno Guimarães começou em uma escolinha do Vasco aos 5 anos
Terça-feira, 17/09/2019 - 13:49
De promessa no futsal a destaque do Athletico em 2018 e 2019. Pode-se dizer que a vida de Bruno Guimarães mudou completamente nos últimos dois anos. Mas a essência do jogador de 21 anos, carioca nascido em São Cristóvão, segue a mesma do garoto brincalhão apaixonado por bola, pipa e pesca.

A história de sucesso de Bruno Guimarães Rodriguez Moura com a bola no pé começou aos cinco anos, em uma escolinha do Vasco, onde treinava com meninos mais velhos. De lá foi para o clube Helênico, no bairro Rio Comprido, na zona norte do Rio de Janeiro, por onde passou o lateral-esquerdo Marcelo, jogador do Real Madrid e seleção brasileira.

Migrou para o futsal, jogando pelo próprio Helênico, atuou pelo Flamengo até os 14 e deixou as quadras no ano seguinte, jogando pelo Bradesco, também do Rio de Janeiro.

Passou, então, a jogar futebol de campo e fez um teste no Botafogo, mas não passou. Em 2007, entrou no Fluminense e ficou pouco tempo. Dispensado das Laranjeiras, passou pelo CFZ (2009/2010) e chegou ao Audax-RJ, na época chamado Sendas, onde jogou até 2014. Nessa época, foi convidado a defender o Audax-SP, onde se profissionalizou e ficou até 2017.

– Os treinadores falavam que ele era focado, determinado e obstinado, não gostava de perder e sabia o que ele queria. Que ele era muito observador, disposto a aprender, e também questionador - relembrou a mãe, Márcia Moura, em entrevista ao GloboEsporte.com.

A chegada ao Athletico veio em maio daquele ano, após ser observado por Antônio Carletto Sobrinho, durante a disputa da Copa São Paulo de Futebol Júnior.

– Quando surgiu o Athletico, a primeira coisa pergunta foi "Quanto tempo até Curitiba de carro?" Ficamos muito felizes por ele, um clube com outra visão e de Série A. Passou um filme de tudo que nós passamos para ele realizar o sonho de menino, de ser jogador de futebol. Foi muita emoção.

"É um menino de ouro", diz ex-treinador

Mário Jorge foi um dos primeiros treinadores de Bruno. A relação dos dois começou no Helênico e também passou por Bradesco e Audax-RJ. Atualmente treinador do time sub-15 do Flamengo, ele acompanhou o volante, no total, dos nove aos 17 anos.

– Nos conhecemos no Helênico, quando ele tinha cinco anos. Ele jogou comigo até o sub-11 e depois nos encontramos no Audax, no futebol de campo. Fui o último treinador dele no futsal - diz.

O treinador lembra que, no começo, Bruno não gostava muito de treinar. Fã de Ronaldinho Gaúcho, o menino era mais chegado nas brincadeiras.

– Quando era para jogar, ele corria!

Desde criança, Bruno era considerado um jogador muito inteligente, com muita facilidade para assimilar a parte tática, segundo Mário.

– Ele sempre estava muito à frente dos colegas com relação ao entendimento. Também era muito competitivo, observador. Não sou o responsável pelo sucesso dele hoje, mas sei que contribui de alguma forma. O sentimento é de orgulho por ter deixado a mensagem de que tudo é possível, que podemos batalhar pelo que almejamos - diz o técnico, que mantém contato diário com o volante e sempre acompanha seus jogos pelo Athletico.

Feliz com o sucesso do pupilo com a camisa do Furacão, o treinador também destaca o "berço" do jogador.

– Os pais do Bruno são muito corretos, eles são fora da curva quando o assunto é conduta e postura. Eles são muito diferentes daquilo que costumamos ver e lidar no futebol. O sucesso do Bruno, pra mim, não é novidade. É tudo consequência desse entorno que o Dick e a Márcia proporcionam a ele. Eles têm papel fundamental.

O sentimento é de Mário é de puro orgulho.

– É a realização para qualquer mestre ver um discípulo chegar a um patamar desse. Tenho muito orgulho do que ele tem feito. Ele tem um futuro brilhante. Hoje ele representa a evolução do futebol brasileiro, de jogadores diferentes. É um menino de ouro e merece tudo que está acontecendo com ele. Minha relação com ele é de irmão mais velho, e eu o tenho como filho. Ele é abençoado demais.

Da Itália, Pedro vibra com momento do amigo: "O sucesso dele é o meu"

Bruno é amigo do atacante Pedro, ex-Fluminense, desde os 10 anos de idade, quando se conheceram no futsal do Flamengo. Além da parceria em quadra, eles também costumavam jogar videogame juntos aos finais de semana.

– Ele é um irmão que o futebol me deu. Tenho um carinho muito grande por ele e toda a família dele. Graças a Deus essa amizade só aumenta, mesmo distantes - disse ao GloboEsporte.com.

Desde setembro morando na Itália, onde atualmente defende a Fiorentina, o atacante vibra com o sucesso do amigo de infância.

– Ele lutou muito com a família dele para chegar onde está. Estou muito feliz por tudo que ele vem fazendo no Athletico. O sucesso dele é o meu, a alegria dele é a minha. Deus tem muito mais guardado para ele.

Ele também espera, em breve, jogar ao lado do volante pela seleção brasileira.

– Espero estarmos juntos na seleção brasileira, que é o nosso sonho desde pequeno. Vou estar sempre torcendo por ele.

Pedro aproveitou para mandar um recado especial para Bruno antes da final da Copa do Brasil.

– Que ele continue fazendo o que está fazendo, dando seu melhor, alegre e que possa desfrutar na final. Vou estar daqui, da Itália, torcendo pelo sucesso dele. Espero que ele possa sair com o título e que faça um bom jogo. Tamo junto, irmão. Arrebenta!

Outras histórias de Bruno Guimarães

Bruno e as chuteiras

"No Helênico, tinha uma brincadeira após as aulas onde o treinador fazia os meninos tirarem as chuteiras e colocarem longe, misturadas. Depois, cada um dia que calçar a sua. Quem achasse e amarasse primeiro, ganhava. Só que o Bruno não sabia amarrar as chuteiras. Passei a semana toda ensinando em amarrar a chuteira para, na aula seguinte, conseguir amarrar", conta a mãe Márcia.

Ainda sobre chuteiras

"Quando colocamos ele na escolinha, eu comprava uma chuteira maior, para poder durar mais tempo. Aí falavam que no salão a chuteira tinha que ser no tamanho certo, senão o chute sai errado. Pessoal me zoava".

Rei da pelada

"Temos amigos em Belford Roxo, e às vezes vamos lá fazer churrasco, soltar pipa e jogar pelada. Uma vez, o Bruno e o Ronald (amigo de Bruno) entramos numa pelada na rua do bairro, três contra três, numa ladeira. Os dois com 12 anos, eu com 30. O outro time tinha uma diferença grande de idade. Os caras expulsaram a gente porque começamos a ganhar de todo mundo, era covardia", conta Mário Jorge, ex-treinador.

Olha o táxi!

Quando defendia o Audax-RJ, Bruno passou a jogar no Audax-SP, em Osasco. Foi nessa época que o jogador morou longe dos pais, em 2015. Aos finais de semana, eles iam até a cidade ver o filho jogar.

"Fazíamos bate e volta, a gente não conhecia nada lá. Saíamos do Rio de madrugada e chegávamos ao CT cedinho. A gente ia de táxi, amarelo, todo mundo sabia que o carro era de fora. Onde passávamos todo mundo apontava. Trazíamos ele para casa e no domingo à noite ele já voltava para São Paulo, de ônibus", conta a mãe.

O próximo passo de Bruno é nesta quarta-feira, quando busca, representando o Athletico, mais um título na carreira. O Furacão faz a grande final da Copa do Brasil 2019 contra o Internacional, às 21h30 (horário de Brasília), no Beira-Rio.

Depois de vencer o primeiro jogo, por 1 a 0, o Athletico pode até empatar para ser campeão. Ao Inter, a obrigação de vencer por dois gols de diferença para levantar a taça. Vitória colorada por um gol de diferença leva a decisão do título para os pênaltis.



Fonte: GloboEsporte.com