Roger, técnico do Bahia: 'Jogo fora, sabia que o Vasco iria pressionar'
Domingo, 08/09/2019 - 03:17
O Bahia venceu o Vasco por 2 a 0 neste sábado, em São Januário, e chegou ao oitavo jogo seguido sem derrotas na temporada. O resultado positivo foi conquistado com uma mudança na formação titular em comparação com o triunfo sobre o CSA, na rodada passada, em Salvador. O técnico Roger Machado escalou o volante Ronaldo na vaga do meia Alejandro Guerra, o que deixou o meio-campo tricolor mais combativo.

A mudança pode ser lida por alguns como defensiva. Mas, para o treinador, o torcedor não deve se apegar a posições para avaliar a escalação. Após a partida, Roger Machado defendeu o tripé de volantes, que foi utilizado com sucesso no período pré-Copa América, com Gregore, Elton e Douglas Augusto, passou por um período de instabilidade, mas voltou a dar certo nas últimas rodadas da Série A, com Gregore, Flávio e Ronaldo.

- Sempre tenho dito que não me importo com a posição do jogador. Muitas vezes o jogador jogou na base como meia, virou volante e acabou a função dele, ele é volante para a vida toda? Jogador faz função. Com três, com dois, com um, independentemente da quantidade de volante, é a função que o jogador executa e a capacidade que a gente tem de organizar a função ofensiva. Depende da estratégia, jogo fora, sabia que o Vasco iria pressionar. Respeito muito o torcedor. Aceito, mas dificilmente vou me mover diferente das minhas convicções. Vivo futebol há 30 anos. A capacidade de fazer leitura do jogo é maior do que a do torcedor, do analista esportivo. Respeito. Felizmente a estratégia funcionou de novo, mas vai ter dia que não vai funcionar. O belo do futebol é esse, que não existe só uma forma. Com certeza teve torcedor que entendeu bem os três volantes, como teve jornalista que entendeu. É o contraditório. A gente tem que saber viver bem com o contraditório, isso eu sei bem.

Roger Machado aproveitou também para destacar os números positivos do Bahia na Série A. Na 6ª colocação com 30 pontos, o Tricolor faz o seu melhor primeiro turno na história dos pontos corridos. Nos últimos dez jogos, o time baiano sofreu apenas cinco gols, média de 0,5 por partida. Das 18 rodadas, em dez a equipe não foi vazada.

- Todos esses elementos e a forma como a gente se comportou dentro de campo valorizam essa vitória. O tempo sem vencer aqui, a possibilidade de entrar no G-6, vencer a segunda partida fora de casa. A partida justifica nosso resultado. Foi uma partida consistente, a estratégia voltou a funcionar de novo. Meu tripé de meio me deu uma sustentação muito grande. A décima partida sem sofrer gols, com um número de jogadores atuando em alto nível em um sol escaldante do Rio de Janeiro que a gente sabe que é difícil. Fisicamente a gente suportou e conseguiu dar muita intensidade para a partida.

Outro ponto que motivou declarações de Roger Machado foi a atuação de Élber. O técnico elogiou o atacante, que substituiu Artur, convocado para a seleção olímpica.

- Élber é um jogador que a gente tem muito cuidado. Hoje sentiu um pouco do tornozelo, é um jogador que acaba sendo muito visado. É um jogador de características raras, recebe a bola de costas para o bloco e consegue achar soluções. Hoje foi bem de novo.

O Bahia volta a jogar no dia 15 deste mês, às 16h, contra o Fortaleza, na Arena Fonte Nova, em Salvador. O Tricolor é um dos melhores mandantes da competição, com 20 pontos conquistados em nove partidas, aproveitamento de 74%.

Confira outras declarações de Roger Machado:

Joao Pedro

- Nino é assistente. Hoje fez gol, se tornou jogador muito importante no sistema. João Pedro está em crescimento físico, daqui a pouco vai cavar uma vaguinha para ele, joga por dentro também, joga por fora, joga como lateral. Jogador de função. Se colocar ele na linha da frente, terei dois laterais? Não. Ele estará cumprindo outra função no momento. Nino está bem mesmo. Está bem porque entendeu o que era importante para a função. Durante muito tempo ele sempre foi válvula de escape de seus times pela velocidade, pela intensidade. Hoje, equilibrando mis ações ofensivas e defensivas, se tornou um jogador muito mais completo.

Élber e Arthur Caíke

- Foi basicamente o que a gente usou quando conseguiu empurrar o Vasco para trás. O Élber faz um jogo de flutuação às costas do tripé dos volantes do Vasco com mais destreza que o Arthur Caíke, que é um jogador mais de definição, de presença de área. A gente sabia que pressionado pelo Vasco, teria que mais um jogador com pouco mais de destreza nessa linha. Quando a gente conseguiu fazer com que a bola chegasse no Élber por dentro, no Lucca por dentro, foi o momento onde a gente gerou desequilíbrio no Vasco. Além do que é importante que eu não tire a motivação o Arthur Caíke porque ele vem bem, vem nos ajudando, hoje foi ser solidário com o Gilberto, relatei agora, chuta a gol, às vezes o centroavante tem que ser um pouquinho egoísta. O Gilberto já tinha feito um gol que valia por três, pô (risos). Além do que, preciso valorizar o histórico que o atleta faz, existe um processo, uma gestão dentro do vestiário, que o torcedor que está fora não tem a obrigação de ter isso contextualizado. Eu tenho. Élber foi muito importante durante um processo, quando o Arthur Caíke não vinha vem. Então é importante a gente manter essa organização, essa ordem na fila por um período sem tirar motivação daquele que vem bem e que por vezes está merecendo uma oportunidade. Assim como salientei para o Moisés que o Giovanni estava jogando, tinha dado brecha para que o Giovanni jogasse, e eu daria a função de titular pelos serviços prestados, mas que ele tomasse conta da função porque tinha outro pedindo passagem também. Esse é o processo de gestão.

Torcida

- Carinho do torcedor está representando o que ele está gostando dentro de campo. Disse aos atletas que o ouço muito na rua é a forma como o torcedor está se sentindo representado dentro de campo. Isso tem feito toda a diferença porque a gente tem tido casa cheia sempre. E onde a gente vai tem tido a presença do torcedor do nosso lado.

Aqui é trabalho

- Vou fazer uso, parafraseando o Muricy, é trabalho. Bastante trabalho. Árduo, diariamente. Tivemos depois da Copa, dois meses e meio com semana aberta. Que coisa boa trabalhar com semana aberta. Consegue corrigir tudo o que precisa. Por isso que bato tanto no calendário. Quem dirige tem que perceber que o treino faz diferença. Ter semana aberta é possibilidade de conseguir dar padrão e identidade para o seu time. Agora temos mais duas semanas abertas e vai começar o tal quarta e domingo. Essas duas semanas é conteúdo, lastro de treino técnico e tático.

Fonte: GloboEsporte.com