Hoje no futebol coreano, atacante Edgar lembra com carinho de sua passagem pelo Vasco
Quarta-feira, 04/09/2019 - 14:26
Aos 32 anos, Edgar tem muita história para contar. Natural de São Carlos, no interior paulista, o atacante começou a trajetória no futebol no Joinville. Com passagem pela seleção sub-20 em 2007, quando jogou com nomes como o goleiro Cássio, o lateral-direito Fágner, o meia-atacante Willian e o atacante Luiz Adriano, o atacante se orgulha de estar entre os campeões brasileiros pelo São Paulo em 2006. Com passagens pelo futebol português (Porto, Beira-Mar e Acadêmica e Vitória de Guimarães), sérvio, árabe, qatari, turco e tailandês, o pai dos pequenos Arthur e Luisa e marido de Alyne Moraes comemora, com gols, a segunda temporada no Daegu, da Coreia do Sul. O mais recente foi domingo, no empate em 1 a 1 com o Sangmu Phoenix. Na rodada anterior, fez duas assistências na vitória por 3 a 1 sobre o Gangwon. Na atual temporada, são 12 gols em 20 partidas.

E uma das boas histórias que Edgar tem para contar é sobre a sede de seu clube atual. Até a temporada passada, o time jogava no Daegu Worldcup Stadium, inaugurado em 2001 para a Copa do Mundo do ano seguinte, quando recebeu quatro partidas. A nova casa, a Forest Arena, foi aberta em setembro de 2018.

- O Daegu Worldcup é um grande estádio, jogamos a temporada passada, ganhamos a última FA Cup, o equivalente à Copa do Brasil, nele, e tive o prazer de fazer o último gol do estádio, um dos mais importantes da minha carreira. Também fiz o primeiro do novo estádio, que é mais bem localizado, no centro da cidade. É uma arena melhor, no entanto, mais perto dos torcedores, ficou bem legal. E temos treinado bastante no Worldcup Stadium, sempre tem shows, eventos, o pessoal do atletismo treina nele também - conta o brasileiro, em entrevista por telefone.

A recente atuação como garçom foi celebrada pelo pai de Arthur e Luisa:

- Sou centroavante, minha função é fazer gols, mas o importante é a equipe vencer. Pude participar com duas assistências, fiquei feliz, estávamos precisando das vitórias.

Na opinião do atacante, a questão do idioma foi uma barreira na chegada à Coreia do Sul, especialmente para os filhos:

- Eles saíram do Brasil e vieram para um país e língua totalmente diferentes. O inglês não é tão fácil falar aqui, nem todos falam. Foi um pouco complicado nessa parte. Mas já estamos acostumados a viver fora do país e sabemos como lidar com isso. Meus filhos se adaptaram bem na escola internacional. Agora é continuar fazendo o nosso trabalho. - comenta Edgar, que reconhece que a adaptação não foi tão fácil. E diz ser totalmente diferente o estilo de vida na Coreia em relação à Tailândia, apesar de ambos os países estarem na Ásia.

Na liga local, o time do brasileiro está no quarto lugar e na briga por uma das vagas à Liga dos Campeões da Ásia na próxima temporada:

- Depois que acabam os três turnos, se classificam os seis primeiros em busca de uma vaga, que é o nosso objetivo. Sobre o título, ficou um pouco mais difícil, porque os dois primeiros abriram distância muito grande, mas nunca se sabe o que pode acontecer. Nosso objetivo é tentar uma vaga na próxima Liga, como na última temporada conseguimos.

Das 12 equipes que jogam na elite do futebol coreano, Edgar calcula que seis ou sete contam com brasileiros no elenco. E na Segunda Divisão também há representantes do país.

- Aqui eles gostam dos brasileiros. Para nós é bom porque mantemos contatos, fazemos algumas reuniões, churrascos. É muito bom manter esse contato com as famílias dos brasileiros que estão por aqui.

E que tipo de situação inusitada, para quem nasceu no Brasil, o atacante presenciou pelo mundo afora?

- Nos Emirados Árabes, onde há muitos muçulmanos, vi muitas coisas diferentes. Como visitas na casa de sheiks milionários com animais, tipo onça e leão, nas salas, vivenciamos isso. São situações que vão ficar marcadas. A gente vai pegando um pouco da cultura e do futebol de cada país pra tentar melhorar e colocar em prática no campo.

Entre os mais belos gols da carreira, Edgar destaca um, quando tinha 19 anos, pelo Joinville, em 2006, pela Série C, nos 5 a 2 sobre a Cabofriense.

Do clube catarinense, o atacante foi jogar no São Paulo, pelo qual tem grande carinho:

- Foi um marco para mim, impulsionou minha carreira. Joguei pouco, mas foi um salto muito grande na minha carreira ser reconhecido a nível nacional e ter sido campeão brasileiro, foi muito bom pra mim também.

Recentemente, o pai de Arthur e Luisa voltou a São Januário para tratar de uma lesão. Ele atuou pelo time carioca em 2009

- Só tenho que agradecer ao Vasco, porque me abriu as portas para voltar ao Brasil. Tinha saído do país bem novo, fui para Portugal, Sérvia, não estava vivendo uma fase legal. Fiz amigos no Vasco, tanto que tive um problema no ombro na Coreia e fiz reabilitação lá. Só tenho boas lembranças de todos com quem trabalhei naquela época.

Para seguir vencendo e marcando gols nos gramados, Edgar tem duas inspirações:

- Apesar de ter características totalmente diferentes da minha, gostava muito do Romário. Me inspirava muito nele, era muito bom dentro da área, era o cara. E uma pessoa que me incentivava muito antes de começar a jogar foi meu avô (Sebastião Candido, conhecido como Gradin). Infelizmente, não me viu jogando, mas sempre fiquei com as missões que ele me passou, levo sempre para minha vida.

E qual o maior orgulho da carreira do artilheiro do Daegu?

- Ter me tornado um jogador profissional, alcançar um bom nível, vivendo só do futebol, conhecer vários países, culturas diferentes, meu maior orgulho. Tentar ser o mais exemplo possível.



Fonte: O Globo Online