Celso Roth segue sem clube desde que deixou o Vasco, em agosto: 'É preciso ser um projeto sério'

Sexta-feira, 03/06/2016 - 11:54
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Ir para Europa, assistir jogos dos grandes clubes, acompanhar seus treinos e, às vezes, até conversar com seus comandantes passou a fazer parte da rotina de alguns treinadores brasileiros após a Copa do Mundo de 2014. O período coincidiu com as críticas à categoria após o 7 a 1 da Alemanha no Brasil. Antes de a prática ficar comum, há mais de 15 anos, um gaúcho já se interessava em observar o futebol internacional: Celso Roth.

Na época, ele acabara de deixar o Grêmio e foi para a Itália para estudar no tradicional curso de Coverciano. Passou alguns meses fora e depois voltou ao Brasil para assumir o Palmeiras. Hoje, ele vê com bons olhos a ida dos treinadores para fazer observações na Europa.

"Depois que perdemos a Copa do Mundo no Brasil todo acham interessante o tal de curso. Mas, na verdade, não é um curso, é um intercâmbio entre treinadores. Curso é como eu fiz, que dura cerca de oito meses cada módulo, desde o infantil até o profissional", disse Roth à ESPN.

"Eu acho ótimo o intercâmbio com os europeus. Conversam com eles é fundamental para uma troca de informações, para saber como eles estão trabalhando", completou.

Apesar de ver como um fato positivo, o treinador vê também uma certa necessidade entre os técnicos do país de mostrarem que foram para a Europa somente para se reafirmarem no mercado e tentarem abrir as portas.

"Até a Copa do Mundo isso não existia porque nós tínhamos todo o status quo que caiu com a goleada por 7 a 1 da Alemanha", disse. "Agora, é importante dizer que foi para a Europa porque o futebol brasileiro está muito ruim. Precisamos prestar atenção ao futebol, precisamos estar atualizados e falar mais de um idioma para que possa ter o domínio do que acontece no mundo", cobrou dos companheiros de profissão.

Entre os técnicos que passaram um período fora estão Tite, hoje no Corinthians e atual campeão Brasileiro, Muricy Ramalho, desempregado por motivos de saúde, Mano Menezes, trabalha na China, Dorival Júnior, do Santos, e Vagner Mancini, do Vitória.

Ao ser questionado quais são as dificuldades dos técnicos brasileiros, Celso Roth disse que o idioma é uma barreira e que também é preciso que os profissionais estejam mais atentos aos demais mercados do futebol, como a China, o Japão e o mundo Árabe.

PROCURANDO EMPREGO

O Vasco foi o último clube de Celso Roth, que trabalhou nos principais estados do Brasil. Demitido em 15 de agosto do ano passado, o treinador gaúcho procura clubes.

'Eu não fico falando das minhas propostas, só falo quando elas realmente acontecem. Futebol mudou muito e estamos atravessando um momento profissional difícil de muitos questionamentos. Independentemente do lugar que possa aparecer é preciso ser um projeto sério", afirmou.

Ele disse à reportagem que passou 40 dias em Milão, na Itália, e rebateu ainda dos rótulos que carrega: retranqueiro e sargentão.

"As pessoas gostam de dar rótulos, mas toda a pessoa que fala que sou retranqueiro não olha estatisticamente meus trabalhos. Em 2010, fui o último campeão da Libertadores que venceu os dois jogos da final. Estava no Internacional", defendeu-se.

"Infelizmente nunca me preocupei com isso, mas algo que é repetido muitas vezes sem ser combatido se torna uma verdade. As pessoas não procuram os números quando não interessam. Carrego isso sem ter um motivo específico e preciso tirar isso para que as pessoas entendam que busco o equilíbrio entre ataque e defesa. Todo trabalho é feito de acordo com a qualidade do elenco que temos à disposição."

"Tenho também o estigma de ser ranzinza, fechado, sargentão. Colocam isso em um profissional sério, disciplinado e procura fazer o melhor pelo clube que trabalha", finalizou.



Fonte: ESPN.com.br