Futebol Paralímpico: Com base do Vasco, Brasil vai em busca do seu 1º ouro em Paralimpíadas

Sexta-feira, 29/01/2016 - 01:24
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Se no cenário pan-americano o Brasil domina nos últimos anos o futebol de 7, modalidade paralímpica para atletas com paralisia cerebral, em âmbito mundial a supremacia é de russos e ucranianos há tempos. Para tentar quebrar essa hegemonia, no entanto, a seleção verde a amarela começou cedo e de forma intensa a preparação para os Jogos Paralímpicos de 2016 e conta com jogadores do Vasco como base da equipe, incluindo o Di María brasileiro.

Esta semana, a seleção brasileira encerrou um período de treinamentos de dez dias em Guaratiba, no Rio de Janeiro, onde o time ficou concentrado sob o comando do técnico Paulo Cabral, além de uma comissão técnica multidisciplinar com auxiliar técnico, preparador físico, fisioterapeuta, fisiologista e psicóloga. Dos 17 atletas convocados, sete atuam pelo Vasco da Gama, clube que conquistou o bicampeonato brasileiro no ano passado. São eles: Jonatas Santos, Fernandes Celso, Ubirajara Magalhães, Evandro Oliveira, Gilvano Diniz, Felipe Rafael Gomes e Diego Delgado, este último mais conhecido como Di María.

Diego herdou o nome do meia-atacante argentino, que atualmente está no Paris Saint-Germain, por causa da semelhança física. Aos 20 anos, o Di María do Brasil é uma das peças fundamentais na busca pelo ouro inédito nas Paralimpíadas do Rio e destaca a importância de ter os amigos vascaínos jogando juntos pela seleção.

- O domínio do Vasco dentro da seleção é muito importante por conhecer os companheiros, ajuda muito por ter entrosamento que já vem do clube e isso apenas soma na seleção. O trabalho no clube é fundamental, o clube nos oferece uma boa estrutura. A preparação da seleção para o ouro é a maior possível, a Ande (Associação Nacional de Desporto para Deficientes, responsável pelo futebol de 7) está oferecendo uma preparação bem forte de alto nível, e com toda certeza vamos chegar da melhor forma - afirmou Diego Delgado, que ganhou o apelido de Di María quando chegou ao clube cruz-maltino, há três anos.

A seleção de futebol de 7 volta a se reunir entre os dias 16 e 29 de fevereiro, desta vez em Águas de Lindoia, em São Paulo. Na sequência, o planejamento é que a equipe treine em diversas cidades espalhas pelo país, como Bagé, Recife e Porto Velho, sempre em períodos de 10 a 20 dias. O primeiro campeonato que servirá como teste será o torneio Pré-Paralímpico, que marcado para o fim de abril em Barcelona. Depois, o grande objetivo para colocar à prova toda esta preparação: as Paralimpíadas do Rio, entre os dia 7 e 18 de setembro.

- O Vasco como um clube grande que nos proporciona uma qualidade nos treinamentos que nenhum clube no futebol de 7 possui, o que nos faz sair na frente nos campeonatos. Os trabalhos no clube funcionam em quatros dia na semana, na vila olímpica de Ramos, devido às obras no campo anexo em São Januário. Essa primeira fase de treinamento é a mais complicada, devido aos atletas estarem voltando de férias, mas estamos nos readaptando à forte rotina de treinos. Essa preparação tem acontecido em dois períodos - disse Felipe Rafael, que é uma das promessas da seleção.

Os dois vascaínos fizeram parte da equipe brasileira que conquistou a medalha de ouro no Pan-Americano de 2015, em Toronto, ao bater a Argentina por 3 a 1 na final, repetindo o feito do Pan de 2007 no Rio, em uma campanha que incluiu goleadas de 8 a 0, 7 a 0 e 6 a 0, contra Canadá, Venezuela e Estados Unidos, respectivamente. Um mês antes, o Brasil ficou em terceiro lugar no Mundial da modalidade, disputado na Inglaterra, depois de perder para a forte Ucrânia na semifinal e bater a Holanda na sequência.

Ao lado da Rússia, a seleção da Ucrânia é um dos grandes obstáculos na luta pelo ouro paralímpico este ano. Os dois países fizeram a dobradinha no pódio nas quatro últimas edições dos Jogos, russos foram campeões em 2000 e 2012 e ucranianos venceram em 2004 e 2008. Os holandeses, tricampeões em 1988, 1992 e 1996, são outros fortes concorrentes. Os brasileiros somam duas medalhas paralímpicas no futebol de 7, bronze em Sidney-2000 e prata em Atenas-2004, mas depois ficaram em quarto lugar duas vezes seguidas, em Pequim-2008 e Londres-2012, ao perderem para o Irã na disputa do bronze.

Apesar das dificuldades, o técnico Paulo Cabral vê a seleção no caminho certo para encarar esse desafio e superar os fortes adversários nas Paralimpíadas dentro de casa.

- Finalmente chegamos ao ano mais esperado, o do espetáculo paralímpico. Sabemos das nossas responsabilidades e teremos o país inteiro a nosso favor. Mas não podemos esquecer que a busca por uma medalha é árdua. Precisamos abrir mão de muitas coisas para que no final tenhamos a satisfação de que todo o esforço valeu a pena. Agora em janeiro, iniciamos a primeira etapa com uma mentalidade nova, profissional e vitoriosa, sem deixar de lado as conquistas passadas que nos encorajam ainda mais na busca do pódio - disse o treinador brasileiro.



Fonte: GloboEsporte.com