Basquete Base: Confira entrevista com Rogério Abreu, novo diretor da base vascaína

Quinta-feira, 05/03/2015 - 07:35
comentário(s)

Com muito prazer, o blog CRVG – Em Todos os Esportes entrevista o novo diretor das categorias de base do basquete do Vasco, Rogerio Abreu, um grande abnegado do desporto do clube, muito antes mesmo de sua nomeação para este cargo.

Sócio-emérito do clube e grande fã do basquete cruz-maltino, desde os tempos em que Luiz Brasília era jogador, Rogério tem esse novo desafio, que é ajudar como pode no ressurgimento do basquetebol vascaíno de um modo geral. Na entrevista ele fala sobre essa missão que é reestruturar a base, sobre a nova diretoria, vice-presidência e presidência do Vasco, a força do clube, ginásio e manda uma mensagem final para todos os vascaínos.

Confira abaixo na íntegra a entrevista:

Como e quando você começou a ajudar o Vasco? Qual foi e qual será a estratégia para o ressurgimento com força do basquetebol vascaíno?

“Em 2007 foi o último ano em que o Vasco conquistou um Campeonato na base. Foi justamente o último ano completo com o Eurico na presidência. A partir de 2008, com a saída do Eurico, por uma opção de gestão, o basquete passou a não ter a mesma importância dada pela diretoria do presidente Eurico. Isto é inegável. É só você olhar… De 2008 até 2010, o Vasco perdeu nada mais, nada menos do que sessenta atletas. Alguns convidados por outro clube, outros pararam de jogar porque o clube passou a se enfraquecer na base. Infelizmente, a gestão anterior não tinha o basquete como prioridade. Está é a grande verdade. Em 2010, o basquete estava agonizando. O Brasília, um grande amigo meu, e o David, que dava treino personal para o meu filho, me chamaram, fizeram um apelo para ajudar, fazer alguma coisa para interromper esta sangria de atletas saindo do Vasco. Ali não tínhamos muito o que fazer. Pegamos uma base que nós vimos que tinha futuro e colocamos para jogar. Há alguns anos, perdemos para o Fluminense nas Laranjeiras por 40, 50 pontos e eu falei à época: “isto é estratégia”. Não tínhamos verba da diretoria para nada na base, como havia na época do presidente Eurico. Colocamos garotos com talento, com nove, dez, onze anos, para jogar o mirim. E eu disse: “confia que vai dar frutos”. Continuamos a ter, se não for a melhor, uma das melhores comissões técnicas do Brasil. Colocamos os garotos para jogar, e deu frutos. Tanto que no ano passado, na mesma quadra, conseguimos uma coisa que me emocionou muito… Aqueles mesmos garotos conseguiram ir para a final. Na mesma quadra, quatro anos depois, os garotos foram para a final do Campeonato Estadual. Perdemos, faltou pouco. Perdeu para o Flamengo no detalhe, cinco pontos de diferença. Foi detalhe, talvez o rival tivesse um pouquinho mais de banco, de peças de reposição. A verdade é essa, foi no detalhe. Por pouco não fomos campeões. Mas a grande vitória do Vasco no ano passado foi aquela semifinal contra o Fluminense, justamente pela representatividade. Foi no mesmo lugar no qual há quatro anos estávamos no bagaço… Saindo da quadra naquele dia, torcida do Fluminense me sacaneando e dizendo que o Vasco tinha acabado. Quatro anos depois, quase a mesma garotada deu a resposta dentro de quadra: o Vasco não acabou, o Vasco recomeçou”.

O Vasco tem possibilidade de buscar algum título na base este ano? É algo que não ocorre desde 2008.

“A mensagem para a torcida do Vasco é justamente de que o recomeço é mais difícil do que o começo. O Vasco está recomeçando no basquete com a força que tem o nome do Vasco. Neste ano, esperamos ser campeões de um Estadual na base, o que não ocorre desde 2007. Temos a possibilidade de ser campeões em três categorias: sub-13, sub-14 e sub-15. Há quantos anos o Vasco não chegava a um começo de campeonato com uma perspectiva dessa? Há muito tempo! Acredito que desde 2008… Há sete anos não chegávamos ao começo de uma temporada com a perspectiva de ser campeão. Ser campeão é um questão, são vários fatores. Mas chegamos com chance de disputar a final. Se vai ser campeão, o tempo vai dizer”.

Qual vai ser a metodologia de treinos do Vasco?

“A nossa ideia é de que seja treino diário, mas até quinze anos é difícil. A prioridade dos pais é a educação. Você não pode chegar para um pai e dizer para o seu filho treinar todo dia. Tem garoto que faz curso de inglês, que tem aula de reforço, que tem curso de espanhol. Vai ter treino todos os dias, mas alguns garotos que nós achamos que têm potencial, mas que ainda está um pouquinho adormecido… Por exemplo, o Kevin. Garoto que chegou ao Vasco no ano passado sem saber jogar basquete, foi colocado aos leões, disputou uma final com dois, três meses de basquete. Na ótica da comissão técnica, um garoto como esse precisa de um trabalho especial. E você não consegue trabalhar esse garoto só no treino. Ele tem que ir ao Vasco na terça e na quinta para fazer treino de fundamentos, arremessos etc. A nossa ótica, portanto, é esta: segunda, quarta e sexta ter o treino normal e, na terça e na quinta-feira, selecionar alguns jogadores para ter esse treino para melhorar a técnica. Todos poderão ir, mas vamos pincelar alguns jogadores. Ou, é claro, se o treinador achar que tem que fazer um tático para o jogo da semana, também vai estar reservado. Mas a ideia é ter treino todos os dias, já foi determinado isto. Com o vôlei acabando, o Forninho fica reservado para o basquete todos os dias”.

O que se falou de Vasco nos últimos meses, desde que Eurico Miranda assumiu o clube novamente, foi muito mais do que nos últimos 6 anos de gestão Roberto Dinamite. Ao que se deve isso?

“Queria deixar bem claro que o presidente Eurico Miranda e o vice-presidente de Quadra e Salão Fernando Lima fizeram em um mês e meio foi mais do que em seis anos. O que foi veiculado do basquete do Vasco na mídia nesses quatro meses foi mais que em 6 anos. Então você vê que tem um direcionamento da diretoria, da presidência, através do Eurico, para o basquete. O que aconteceu (veto do Vasco na LNB) foi uma tremenda sacanagem. Algumas pessoas que estavam lá, que se dizem profissionais, dizem fazer basquete, não se importaram com o basquete. E por isso o esporte está do jeito que está. Essas pessoas batem no peito e dizem que são profissionais, ganham para isso e, na hora que o Vasco, que sempre foi uma potência no basquete, representado por 20 milhões de torcedores e que poderia alavancar o basquete do Brasil, se apresenta para participar da Liga, olham para os seus recalques internos e vetam a participação do Vasco.

Qual o clube em menos de 24 horas consegue fazer um planejamento, consegue cumprir todas as exigências? A verdade é essa, os caras não acreditavam que o Vasco não iria cumprir todas as exigências. Eles foram na reunião com o Fernando e acharam que o Vasco iria ligar e dizer que não ia dar para ir. O Vasco e o presidente Eurico conseguiram tudo. O Vasco foi lá com projeto, jogadores apalavrados e mostraram que o Vasco está aqui e vai participar. Os caras se reuniram e fizeram a sacanagem que fizeram. Fazer o quê? Agora vamos com tudo para a Supercopa do Brasil”.

Na época do veto para a disputa da Liga Ouro, o que isso refletiu na base? Atrapalhou algum projeto?

“Atrapalhou tudo, todo o planejamento, principalmente nas categorias de maior idade. O atleta quer ver o adulto jogar. Os menores também querem, mas os menores você conversa com o pai, o pai vê o planejamento e confia. Os maiores veem, acompanham, sonham em sentar no banco do time adulto. Mas a grande vitória do Vasco foi essa. Mostrou mais uma vez que o Vasco é superior a todos, em 24 horas cumpriu todas as exigências. Isso só adiou.”

A torcida do Vasco deu mais uma prova de força, como é de sua história, financiando a reforma do ginásio. O que o retorno da nossa casa vai representar para o basquete vascaíno?

“Acho que a grande vitória do basquete do Vasco vai ser o primeiro jogo no ginásio. Seria a volta do orgulho. Tem garoto que nunca jogou no ginásio do Vasco, como o meu filho. Quando os garotos viverem o dia a dia e se tocarem que naquele vestiário em que eles estão já entraram Vargas, Byrd, Rogério, Helio Rubens, Helinho, Valtinho etc., vai ser maior emoção. O garoto entrar numa quadra e saber que lá já foi disputado jogo de Liga Sul-Americana. Eu acho que o maior título do basquete do Vasco neste ano é a volta do ginásio. Qualquer outro título fica abaixo disto.”

Uma mensagem final aos vascaínos:

“Eu estou no basquete do Vasco já há algum tempinho. Estou desde 2010, sem nenhum cargo, sem nada. Sendo da oposição. Todo mundo no Vasco sabe da minha ligação, até afetiva, com o presidente Eurico. E eu passei quatro anos ajudando o basquete, independentemente de ser oposição. Eu acho que todo mundo que passa pelo processo político do Vasco já foi oposição e situação. Isto não impede o cara de ajudar, de participar. Eu convivi numa boa com o Ricardo Leon (vice-presidente de Quadra e Salão do Vasco nos dois últimos anos da gestão Roberto Dinamite), que virou até meu amigo. Eu tinha minha posição política e ele tinha a dele. Mas é pelo bem do Vasco. Agora o cara que diz que é da “oposição propositiva” tem que ir lá, procurar o Fernando Lima e, por exemplo, dizer que conhece alguém que tem uma franquia de curso de inglês e está disposto a dar dez bolsas de estudo para os atletas do Vasco, que conhece algum dono de empresa que quer dar alguns tantos mil por mês para pagar as ajudas de custo dos atletas etc. De repente você pode colocar alguma placa no ginásio, colocar alguma coisa na camiseta etc. Tem que acertar com o Departamento de Marketing. Mas os caras não querem saber disso. Querem só ir para a reunião do Conselho Deliberativo, pedir a palavra e ficar com cinco minutos de fama, ficar divulgando dados. Em vez ter esses minutinhos de fama para falar de aumento de mensalidade ou de previsão orçamentária, eles têm que entender que oposição em clube é diferente de oposição em partido político. Partido político você pode obstruir, se abster de votar, mas em clube o cara está lá fiscalizando, mas pode ajudar. Pode ir lá ao basquete, se inteirar. Os caras não sabem nada, nem quanto custa uma taxa de arbitragem. Eles acham que o Vasco disputa os jogos e não paga. É uma fortuna o que temos que pagar de arbitragem. Isto aí só o Eurico mesmo. Não tem outro cara que esteja na presidência do clube que olhe com carinho para esses esportes… Só o Eurico. Alguns falam “acaba com o basquete, acaba com tudo”. Aí fica como estava com o Roberto, cheio de tapumes, cheiro de xixi. Por quê? Porque acham que, se não for autossuficiente, tem que acabar. Aí você vai nos outros clubes, no Fluminense, no rival, e vê cheio de crianças praticando esporte, o clube funcionando. Vai ao Vasco nestes últimos seis anos e nada funciona. E os caras acham que tem que acabar. Senta lá comigo, com os meus ídolos Eurico e Fernando Lima. Aliás, me chamam de “aprendiz”, mas eu me orgulho muito de ser aprendiz do Eurico e do Fernando. Não tem problema, é um apelido que eu fico muito orgulhoso de estar sendo chamado. Realmente, todo dia em que eu estou com o Eurico e com o Fernando Lima eu aprendo alguma coisa. A porta está aberta para a oposição. Aí que está o lance da oposição… O cara trouxe a proposta e eu não fiz nada, o Fernando não fez nada, aí tudo bem, pode meter o pau, dizer que trouxe uma firma para dar tanto ao Vasco e os dirigentes ignoraram. Mas os caras não sabem de nada, não querem saber de nada. Só sabem falar que “tem que ser autossuficiente”. O basquete pode, com a obtenção das Certidões Negativas e a captação de recursos através de projetos aprovados na Lei de Incentivo ao Esporte, até ser autossuficiente, mas não é ainda. E aí? Vai fechar? A minha mensagem é esta: a oposição propositiva tem que virar oposição positiva. Eu passei quatro anos na oposição do Roberto Dinamite ajudando. É só perguntar ao Ricardo Leon, ao Francisco Vilanova.”



Fonte: Blog CRVG Em Todos os Esportes